Alguém duvida de que uma educação mais centrada e o protagonismo no aluno e, portanto, menos nos conteúdos – ou até mesmo nos professores –, é mais eficaz? Possivelmente, não. Esse conceito é reconhecido como verdadeiro por muita gente. 

“A espinha dorsal do Novo Ensino Médio é o protagonismo juvenil, que estimula o jovem a fazer escolhas, tomar decisões e se responsabilizar por elas” (Guia de Implementação do Novo Ensino Médio)

Facilmente, discorremos sobre como o protagonismo dentro da escola diminuiria a evasão escolar, como aumentaria a motivação dos estudantes, como tornaria o jovem mais preparado para o mercado de trabalho e mais apto a lidar com os desafios da vida adulta. Ainda assim, por que é tão difícil trazer esse protagonismo para a sala de aula?

Poderíamos iniciar essa reflexão falando dos termos com os quais lidamos em nossa prática diária. Palavras como “sistema de ensino”, “ensino remoto”, “ensino híbrido” são comuns e revelam que estamos mais preocupados com o “ensino” do que com a “aprendizagem”. A linguagem produz cultura. Tais terminologias mostram como o nosso foco está centrado no “ensino” e que, para  mudá-lo para a aprendizagem, necessariamente, é preciso vislumbrar o protagonismo do aluno.

Por isso, o Guia de Implementação do Novo Ensino Médio cita o protagonismo 16 vezes em suas 72 páginas. Para a educação fazer uma diferença real na vida desses alunos, é urgente ceder o lugar para que eles ocupem outros espaços, exerçam outros papéis, assumam responsabilidades maiores no processo de ensino e aprendizagem – esse sim, um termo meio a meio, que nos lembra que cada um tem a sua parte.

Então, quais seriam os indícios importantes que mostram se estamos proporcionando ao estudante a oportunidade de ser protagonista? Como promover o protagonismo em nossas aulas? Elencamos aqui algumas ideias: 

O uso das Metodologias Ativas

Adotar em suas aulas as metodologias ativas é uma forma de deixar de lado a mera transmissão de conhecimentos. O professor que implementa a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem entre pares, entre outras metodologias, apresenta ao estudante uma nova forma de trabalhar, gerando não apenas maior interesse, mas também maior comprometimento com o que está em jogo.

Gamificação na educação

Falando em jogo, a gamificação é outro exemplo de metodologia ativa que pode movimentar suas aulas.

Como definiu Karl Kapp, “gamificação é a utilização de mecânica, estética e pensamento baseados em games para engajar pessoas, motivar a ação, promover a aprendizagem e resolver problemas”. 

Com muitos elementos já conhecidos dos estudantes, que vão desde a passagem de nível até a conquista de insígnias, gamificar um tema ou um projeto pode ser uma experiência surpreendente e trazer mais significado às nossas propostas pedagógicas, especialmente nesse momento crítico de isolamento social.

Que tal usar a escuta ativa?

O acolhimento dos alunos é um dos grandes fatores que impactam o desempenho escolar, especialmente entre os jovens. Nesse momento que vivemos no Brasil, seja de quarentena sem aulas ou de retomada das aulas presenciais, a escuta ativa pode ser mais potente do que nunca, fortalecendo os laços e mantendo os estudantes vinculados a nós, professores, e à escola, enquanto instituição.

Ser mais protagonista no seu espaço de trabalho

É delicado falar disso, mas fica a pergunta: você tem sido protagonista como professor? Tem se responsabilizado pela sua carreira? Você ocupa o espaço que lhe cabe dentro da escola? Você tem voz ativa junto à gestão da escola onde trabalha ou na comunidade escolar em geral? Talvez essas perguntas precisem ser respondidas, e talvez a gente perceba a necessidade de ajustar os parâmetros e práticas dentro de nossas próprias experiências.

Sendo mais protagonistas nós mesmos, talvez, seja mais fácil enxergar os momentos em que sejam possíveis promover um maior protagonismo entre os estudantes.

Então, mãos à obra! O protagonismo pode ser uma das grandes respostas para nossas perguntas na educação!

Leia também: O professor do presente e o ambiente virtual.

Karina Bojczuk

Formada em Letras pela USP, Karina é especialista em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem pela PUC-RS e entusiasta das neurociências aplicadas à Educação e do Futuro do Trabalho.