Dia Nacional da Educação Infantil

Olá! O assunto de hoje é Educação Infantil!

Durante uma conversa com uma anestesiologista, certa vez, ela proferiu uma frase de que nunca me esqueci: “fisiologicamente, a criança não é um adulto em miniatura”. Certamente, ela quis explicar a diferenciação entre os procedimentos adequados, na sua profissão, para cada faixa etária.

Fui além da explicação – e do âmbito de atuação da médica – e fiquei imaginando quais os mecanismos próprios de apreensão das crianças em relação ao mundo ao seu redor. Pesquisei, li e entendi que, um tanto quanto diferentemente do desenvolvimento corporal, a mente infantil é uma verdadeira esponja.

Ela se “alimenta” de tudo quanto a atinge por meio dos mais variados estímulos. Não à toa, Karl Marx dizia que o “o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra”.

Como esta, entretanto, é uma outra e longa história, voltemos às crianças. Será que existe um momento em que ainda é muito cedo para ensiná-las? Se pensarmos na retenção dos mais diversos estímulos por parte do cérebro, desde a mais tenra infância, a resposta é não.

Vamos discutir mais sobre os pontos fundamentais e a razão de celebrarmos o Dia Nacional da Educação Infantil? Então, nos acompanhe nessa leitura!

Dia Nacional da Educação Infantil

Agosto é, realmente, a tríade das comemorações educativas. Após o Dia Internacional da Educação (7) e do Estudante (11), o Dia Nacional da Educação Infantil é celebrado no dia 25.

Uma data, instituída no ano de 2012, que busca valorizar esta modalidade educacional, correspondente à primeira etapa da educação básica: crianças de 0 a 5 anos de idade.

Este marco foi escolhido justamente para homenagear alguém que dedicou boa parte da sua vida ao trabalho assistencial para os pequenos.

Trata-se da pediatra e sanitarista, Zilda Arns, nascida no dia 25 de agosto de 1934 e falecida devido a um terremoto que sacudiu o Haiti no ano de 2010.

Os Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Não há outra palavra para adjetivar este momento da educação do indivíduo que não seja: “fundamental”, com o perdão do pleonasmo. Isso porque é justamente esse o período decisivo para a aquisição de capacidades essenciais para o resto de uma vida.

O ideal é que esta educação sempre se baseie em critérios que possam proporcionar um ambiente motivador do desenvolvimento cognitivo, social, físico e afetivo.

Deve, ainda, prover condições adequadas para assegurar o bem-estar infantil e a ampliação de suas experiências. É mais do que uma necessidade, na verdade. É também um direito assegurado por lei.

Educação pela Lei                                                              

A finalidade da Educação Infantil, de acordo com o art. 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação ou Lei nº 9.394/1996, é:

“o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.

Visa cumprir, desta forma, um papel importante no desenvolvimento humano e social.

E com benefícios comprovados

Vale salientar que o desenvolvimento a que me referi no tópico anterior é comprovado cientificamente, com benefícios não só individual, mas coletivo, inclusive quanto a aspectos socioeconômicos.

Dentre inúmeros estudos, ressalto aqui o trabalho de James Heckman, Prêmio Nobel em Economia, que analisou e divulgou dados de um experimento realizado pelo Perry Preschool Project. 

A pesquisa, iniciada no ano de 1962, deu-se da seguinte forma: 123 alunos de uma escola norte americana de Michigan (Estados Unidos) foram divididos em dois grupos: um composto por crianças atendidas com educação pré-escolar de alta qualidade e o outro sem esta condição. O objetivo era verificar se estas diferenças influenciariam no futuro delas. 

Após alguns anos, a conclusão a que o Perry Preschool Project chegou foi de que houve, sim, um retorno sobre este “investimento” da ordem de 7 a 10% ao ano. 

Algo perceptível a partir de fatores como aumento da escolaridade e do desempenho profissional, além da redução dos custos com reforço escolar, saúde e gastos do sistema penal.

Em maio de 2019, houve uma atualização do estudo quando Heckman divulgou nova pesquisa, feita com seu colega na Universidade de Chicago, Ganesh Karapakula, que confirmava não apenas o resultado já obtido.

Mas inseria uma ótima atualização: os filhos dos participantes do programa também se beneficiaram dele, tornando-se mais escolarizados e bem empregados do que seus colegas da mesma faixa etária.

No que consiste, basicamente, a Educação Infantil

É o início da experiência escolar e quando as crianças começam a interagir para além do convívio familiar, passando a lidar com a diversidade dentro do seu desenvolvimento integral. A partir de então, o momento, também, do começo da evolução cognitiva, com o auxílio do corpo docente.

É a base para todo o processo educacional que se seguirá. Bem ali, nos anos iniciais mesmo, é quando as crianças podem descobrir (e compartilhar com os demais) seus interesses, ideias, maneiras de se expressar etc.

Ao longo dos anos, vão adquirindo as possibilidades de se desenvolver, fazendo escolhas e tendo pequenas responsabilidades, de modo que sua autoconfiança seja trabalhada desde cedo.

É parte da educação básica e deve levar em consideração as potencialidades das crianças e a construção de suas competências. O que está apontado inclusive no documento que norteia toda a proposta da Educação Infantil, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

E o que diz a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Os cinco Campos de Experiência

De acordo com a BNCC, o brincar deve ser vivenciado nos cinco Campos de Experiências estabelecidos desde 2017:

Campos da Experiência da Educação Infantil

O que isso significa? Que todas as estratégias selecionadas devem estar comprometidas com estes campos. Na prática, pode-se brincar com o ambiente, o corpo, as palavras, as histórias e as expressões artísticas.

Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Infantil

Troca de conhecimentos no brincar

Além de um direito, em si, o último tópico é uma verdadeira ferramenta para o pleno usufruto de todos os demais. É por meio da brincadeira e das ações-reações que os pequenos podem fazer elaborações, reelaborações do contexto sociocultural em que se encontram imersos. Com isso, acabam vivendo o momento, interiorizando sensações e desenvolvendo suas potencialidades.

Ainda que com fins de aprendizado, principalmente nos Anos Iniciais, é importante que a criança tenha a liberdade de escolha em relação à brincadeira, sem imposições nem consequências ao final (boas ou más). É por meio do brincar que podem explorar o mundo, organizar seu pensamento, trabalhar seus afetos, ter iniciativa.

O brincar é tão importante que o movimento internacional “Aliança pela Infância” instituiu anualmente, desde 2010, no mês de maio, a Semana Mundial do Brincar que trabalha, a cada ano, temáticas diferenciadas.

O cérebro da criança

Até os seis anos de idade, o cérebro infantil ainda está em processo formativo. É um período de estabelecimento de variadas conexões cerebrais e de somatório de experiências que vão além do intelectual. O que engloba a psicomotricidade, os movimentos, a coordenação motora fina e sensibilidade diante das coisas.

Além disso, inclui as conexões emocionais. Por isso, também, um dos maiores objetivos da educação infantil é a socialização, sendo um meio propício para a construção do alicerce das relações humanas.

Nesse contexto, a escola pode trabalhar fortalecendo o desenvolvimento da autonomia, de forma que as crianças possam se sentir seguras e acolhidas para desenvolver suas potencialidades.

O papel da escola na Educação Infantil

A escola promove a interação do indivíduo com diferentes áreas do conhecimento. Ela foi instituída, justamente, para desenvolver a capacidade de raciocínio lógico, de interpretação textual e de desenvolvimento do pensamento crítico.

Para além disso, entretanto, o ensino escolar ainda permite o desenvolvimento de determinadas habilidades e competências, tais como ampliação de conhecimento de mundo e socialização.

Por meio dele, as pessoas, desde a primeira infância, costumam construir suas relações sociais a partir da convivência com pares de diversas origens, culturas e trajetórias. Uma base para a formação de indivíduos mais conscientes, plurais, tolerantes e empáticos.

Muito obrigado por chegar até aqui! Aproveite para saber mais sobre o papel da Música e Psicomotricidade na Educação Infantil e a importância da leitura, lembrando que você pode conhecer as obras literárias aprovadas no PNLD 2022 aqui no E-docente!