Menu

Decolonizando as redes: tecnologias digitais na perspectiva decolonial

5 de dezembro de 2025,
E-docente
Decolonizando as redes

O Mito da Garagem e o Apagamento de Contribuições nas Tecnologias Digitais

A criação das tecnologias digitais – dispositivos móveis (smartphones, tablets e notebooks), aplicativos e redes sociais – está relacionada ao apagamento das contribuições das minorias, que, em linhas gerais, são vistas como incapazes de criar conhecimento (Carreira, 2014).

Apesar disso, o uso das tecnologias digitais pode servir como instrumento para a decolonialidade, perspectiva que subverte a noção estabelecida de que apenas os grupos privilegiados podem e têm o que falar (Spivak, 2010). Assim, neste artigo vamos perceber como as redes sociais podem ser apropriadas pelos grupos vulnerabilizados, que caminham no sentido da decolonização das redes, ou seja, se insurgindo contra as visões únicas de mundo presentes na internet.

As Tecnologias Digitais Não São Decoloniais: Uma Análise da História Oculta

As tecnologias digitais não são decoloniais. Pelo menos de acordo com a história contada sobre a origem dessas tecnologias, que vai da criação do computador à construção da primeira rede de computadores, a Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET), chegando, mais recentemente, aos dispositivos móveis, processo que praticamente não incluiu a participação de grupos minoritários1 ou localizados no Sul Global.

Quando falamos especialmente nos dispositivos que popularizaram o acesso à internet (computadores, iPads e smartphones), vemos novamente a história sendo contada a partir do Norte Global, só que com nuances diferentes, que enfocam as origens supostamente humildes dos seus criadores – jovens sem capital, mas com ideias inovadoras na cabeça, que abrem uma startup em uma garagem e, em pouco tempo, criam empresas milionárias.

Desvendando o Mito da Garagem: Individualismo e Neoliberalismo na Narrativa Tecnológica

De acordo como o jornalista Tom C. Avendaño (2014, s. p.): “Em tecnologia, a norma é gabar-se de origens humildes, como as da Apple ou do Google”. Para Avendaño (2014), empresas como a Hewlett Packard, a Apple, o Google, o YouTube e o Facebook costumam disseminar a ideia de que foram criadas do zero, mas escondem um avesso da história bem diferente.

Normalmente, a expertise adquirida em trabalhos ou estágios anteriores, os relacionamentos com donos e funcionários de outras empresas de tecnologia e o acesso a investidores bilionários fazem parte da história não contada, ou pelo menos não destacada, pelos criadores e/ou representantes das empresas de tecnologia mais conhecidas, como as citadas. Sendo assim, os proprietários dessas empresas seguem contando a respeito de seus êxitos a partir, principal ou exclusivamente, de seu próprio empenho e sagacidade.

O mito da garagem é a ideia e a narrativa sobre a criação e o sucesso de grandes empresas baseadas na ênfase ao empenho individual, às ideias originais e às supostas origens humildes de seus criadores2.

Para Avendaño (2014, s. p.), a garagem funciona como um símbolo:

O mito da garagem transmite uma série de imagens e valores admiráveis. Empreendedorismo. Geração espontânea de ideias brilhantes. Trabalho duro. A liberdade de ser seu próprio chefe e desenvolver sua própria visão. A ingenuidade de pensar que tudo vai dar certo e a humildade de continuar trabalhando quando dá certo. A garagem não é só um enclave geográfico.

Aliás, quanto à popularização da noção (equivocada) da origem humilde dos empresários e de seus negócios, de acordo com Avendaño (2014), uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia apontou que apenas 48% das empresas têm esse tipo de origem, mas na imprensa a presença do mito da garagem se multiplicou em 250%, de 1980 a 2000.

Com isso, não estamos afirmando que o empenho não é desejável em qualquer empreendimento, a questão é sua descontextualização e a ênfase que recai sobre a meritocracia e o individualismo, com a ideia de que o indivíduo é capaz de ser bem-sucedido apenas por si mesmo, valores, aliás, caros ao neoliberalismo. Com isso, se deixa de considerar a importância da sociedade para a criação de uma maior igualdade de oportunidades, e o fato de que empenho e oportunidades se relacionam.

Para Avendaño (2014), o mito da garagem se tornou uma espécie de lugar comum para se falar sobre como empresas são criadas. Isso porque o mito romantiza a criação das empresas, o que as faz cair no gosto popular mais facilmente, já que parece ser muito mais interessante destacar as “origens humildes” de seus criadores do que simplesmente dizer que alguns rapazes ricos se reuniram para abrir uma empresa, no caso das de tecnologia. O mito da garagem esconde a origem real desses jovens, suas relações e seus privilégios. A história da criação de suas empresas pode até ter alguma passagem por uma garagem – até hoje, a Google mantém uma casa com uma garagem e uma mesa de pingue-pongue (Avendaño, 2014) –, mas há que se destacar que ela não está localizada em um gueto ou favela.

Desconstruindo o ‘Self-Made Man’: A Importância do Contexto e da Coletividade na Tecnologia

Além disso, o sujeito que cria uma tecnologia, que tem uma ideia inovadora ou que abre uma empresa não é um ser isolado. Pelo contrário, é alguém que participa de múltiplas relações. Por isso, quem cria ou usa as tecnologias não é apenas um indivíduo, mas também as conexões que ele traz (Nolasco-Silva, 2019). Diante disso, queremos problematizar a ideia do self-made man, de que o indivíduo se faz sozinho e sem um contexto3.

Segundo Carreira (2014), o discurso tecnológico moderno está assentado no sexismo e no racismo, ou seja, na negação de que mulheres, negros e indígenas sejam ou possam ser produtores de conhecimento. Para a autora (2014, s. p.): “[…] os saltos tecnológicos da humanidade são resultado do trabalho coletivo, da soma de talentos muitas vezes anônimos e invisíveis de homens e mulheres”.

A Decolonialidade nas Redes: Ampliação de Vozes e Inclusão Social com Tecnologia

As tecnologias não são neutras, e podem ser usadas por diversos grupos, dos privilegiados aos vulneráveis, tanto para perpetuar as relações de poder existentes quanto para gerar mudança em prol de mais inclusão e equidade. Para Hetkowski e Santos (2022), as tecnologias podem servir como ferramentas importantes para a descolonização das mentes, a democratização da informação, a comunicação entre comunidades locais e o seu empoderamento, auxiliando no controle de suas ferramentas e recursos. De acordo com os autores:

A tecnologia tem sido usada para oprimir e controlar povos colonizados e marginalizados, como a coleta de dados para fins de vigilância, a automação de trabalho e exclusão digital. No entanto, a tecnologia também pode ser usada como uma ferramenta para resistir à opressão e promover a libertação no dia a dia (Hetkowski; Santos, 2022, p. 16).

Por meio das tecnologias digitais, muitas vozes podem ser ouvidas. E, apesar dos desafios que isso representa, com a disseminação de notícias falsas, a proliferação de grupos de ódio e a dependência causada pelo uso excessivo dos smartphones, para citar apenas alguns, pela primeira vez, pessoas comuns e coletivos de mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAPN+ têm acesso às mídias sociais, capazes de amplificar suas vozes.

Estratégias Contra-Hegemônicas e a Construção de Narrativas Decoloniais

Para Carreira (2014), é possível notar muitas saídas ou estratégias contra-hegemônicas usadas por indivíduos e coletivos, movimentos sociais, universidades, gestores, educadores e construções colaborativas. Para a autora:

As tecnologias provocam a educação a se repensar e podem sim provocar a quebra dos muitos muros das escolas, ampliar o leque de possibilidades de trajetos formativos dos sujeitos, estimular um papel mais ativo e autoral de educadores e estudantes, valorizando produções colaborativas, estimulando sujeitos coletivos e produções contextualizadas nas realidades locais. Contribuindo para fortalecer uma perspectiva política de currículo mais sintonizada com os interesses, necessidades e demandas das pessoas, coletivos e comunidades concretas (Carreira, 2014, s. p.).

Com o surgimento da internet, os indivíduos passaram a compartilhar suas angústias em rede (Santos, 2011) e narrar sua vida para um público maior e ao qual não tinham acesso, caso não se apresentassem em outras mídias, como rádio, televisão, jornais e revistas. A popularização da internet contribuiu para que pessoas e grupos vulneráveis construíssem e disseminassem suas próprias narrativas, apropriando-se de suas representações, e com isso lutassem por um mundo mais equitativo. A seguir, vamos ver alguns exemplos de páginas na internet que trabalham em prol da inclusão e do respeito à diversidade.

Exemplos de Lideranças e Coletivos que Decolonizam as Redes

  • Silvana Bahia é codiretora executiva do Olabiorg e, apresentando o Códigos Negros, de 2023, que enfocou arte, memória, tecnologias e acervos, abordou a importância de “enegrecer” as tecnologias, resgatando a memória dos povos negros, propondo a construção de outros imaginários4.
  • Coletivo Famílias pela Diversidade, também criador de conteúdo digital, enfatiza a promoção dos direitos, da cidadania e a formação de redes de apoio para pessoas LGBTQIAPN+5.
  • Luciana Viegas é uma ativista negra, autista, idealizadora do movimento Vidas Negras com Deficiência Importam, de combate ao racismo e ao capacitismo. Foi incluída, em 2022, na D-30 Disability Impact List, que reconhece e homenageia lideranças e pessoas que impactam a vida de indivíduos com deficiência no mundo. Para a ativista, as políticas públicas devem ser interseccionais e olhar a deficiência a partir de contextos específicos, como o das pessoas negras6.
  • Ailton Krenak é um líder indígena, escritor, ambientalista, filósofo e imortal da Academia Brasileira de Letras. Seus livros chamam a atenção para as questões ambientais em uma crítica direta ao neoliberalismo e instigam as pessoas a uma mudança de consciência, na direção de um mundo mais empático com a natureza, da qual fazemos parte7.

Desconstruindo Estereótipos: Contribuições Tecnológicas do Sul Global e de Matriz Africana

A história da criação das tecnologias digitais faz parte do processo de invisibilizações e apagamentos das contribuições de negros, indígenas, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+ (Santos, 2011).

Leia mais: Lei 10.639/03 e outras conquistas como frutos da luta do MNU

Por isso, é interessante perceber o impacto de construções como o mito da garagem sobre a nossa forma de ver o mundo. Noções que reforçam estereótipos, de que, por exemplo, as criações tecnológicas provêm principalmente dos grupos privilegiados da sociedade, que se concentram no Norte Global, a ponto de não esperarmos nada em termos de inovação dos países do Sul Global.

Gostaria de fechar este artigo com citações a dois trabalhos empenhados em desconstruir esses estereótipos. Para a mestre em Educação, Márcia Souza (2025), as contribuições científicas e tecnológicas de matriz africana continuam sendo silenciadas pela visão eurocêntrica do mundo, que está nas salas de aula a partir dos livros didáticos, que excluem os feitos dos povos de origens africanas, para associá-los exclusivamente à escravidão. Em sua pesquisa, a autora destacou as criações tecnológicas do Antigo Egito e da África Subsaariana e sua influência no Brasil colonial (em áreas como arquitetura, matemática, engenharia, medicina, etnobotânica, mineração e produção têxtil).

A partir de uma pesquisa ampla, que buscava valorizar a identidade negra e a ancestralidade africana, Souza (2025), que também é professora do Ensino Médio, mostrou, por meio de uma sequência didática, o percurso para a desconstrução dos estereótipos que não associam a produção do conhecimento científico e tecnológico aos povos africanos.

Inovação Tecnológica e Justiça Social: O Paradigma da Decolonialidade

Ronaldo Lemos, especialista em Tecnologia e Inovação, cofundador do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio), recentemente fez uma série de reportagens para a TV sobre as inovações tecnológicas criadas no continente africano, especialmente no Quênia e em Moçambique (Expresso Futuro, 2022). Dentre as inovações tecnológicas apresentadas por ele, destacam-se: ampliação da rede wi-fi no Quênia e na Tanzânia, chegando inclusive às áreas rurais isoladas; criação de painéis solares, que tem sido popularizada a partir da ação de ONGs ou governos; criação do M-Pesa (serviço de pagamentos móveis, similar ao Pix, mas que não precisa de conexão com a internet e já existe desde 2007); ônibus com wi-fi gratuito; além da mostra de startups e empresas que integram comunidades longínquas que podem acessar serviços que incluem a proteção de direitos (como a Ushahidi, organização global de tecnologia).

Considerando o exposto, é preciso atentar para as tecnologias (ou seus usos) que se propõem a alterar as hierarquias, os privilégios e as relações de poder existentes. E olhar também para a produção de conteúdo e sua divulgação baseados no paradigma da decolonialidade, que caminha para a valorização da diversidade, ampliação de direitos e justiça social.

Referências 

ALAN TURING. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2025. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alan_Turing. Acesso em: 19 mar. 2025. 

AVENDAÑO, T. C. A verdade oculta das ‘empresas de garagem’ do Vale do Silício. El país, 28 nov. 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/24/tecnologia/1416831260_738423.html. Acesso em: 18 mar. 2025. 

CARREIRA, D. Educação, direitos humanos e tecnologia: questão em jogo. Portal Geledés Instituto da Mulher Negra, 22 ago. 2014. Disponível em: https://www.geledes.org.br/educacao-direitos-humanos-e-tecnologia-questoes-em-jogo/. Acesso em: 04 mar. 2020. 

EXPRESSO Futuro. 6ª Temporada. Programa exibido pelo Canal Futura.  Fundação Roberto Marinho. Apresentado por Ronaldo Lemos. 7 nov. 2022. (Disponível no streaming). 

HETKOWSKI, T. M.; SANTOS, T. de C. A tecnologia e as práticas decoloniais na contemporaneidade. Revista Olhares, Salvador, v. 1, n. 12, p. 7-20, 2022. Disponível em: https://publicacoes.unijorge.com.br/revistaolhares/article/view/25. Acesso em: 24 mar. 2025. 

NOLASCO-SILVA, L. Tecnodocências: a sala de aula e a invenção de mundos.  Salvador: Devires, 2019. 

SANTOS, L. G. Politizar as novas tecnologias: o impacto sociotécnico da informação digital e genética.  2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2011. 

SOUZA, Márcia Regina de. Tecnologia africana e afrodescendente: sequência didática de espanhol utilizando tecnologias digitais no ensino médio. 2025. 189 p. Dissertação (Mestrado em Novas Tecnologias Digitais na Educação) – Centro Universitário Carioca – Unicarioca, Rio de Janeiro. 

SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. 

Minibio do autor

Verônica Eloi possui doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e exerce papel crucial como professora no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), na Faculdade de Formação de Professores – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FFP/UERJ), além de atuar no Mestrado em Novas Tecnologias Digitais na Educação da Unicarioca. Sua experiência consolidada engloba o ensino de Sociologia e a investigação e o uso de tecnologias digitais no âmbito educacional.


  1. Uma exceção, em parte, foi o matemático e cientista da computação Alan Turing (1912-1954), que foi uma peça-chave para a criação do computador. Em parte, porque, apesar de todo seu empenho e da importância de suas contribuições, Turing foi extremamente discriminado, já que sua orientação sexual foi duramente reprimida no Reino Unido, seu local de nascimento e residência, onde a prática homossexual foi criminalizada até 1967. Turing foi processado, julgado e condenado por sua homossexualidade, e, em troca de não cumprir sua pena em encarceramento, foi submetido à castração química, em 1952 (Turing, 2025).  ↩︎
  2. No YouTube, o canal O algoritmo da imagem traz o vídeo O mito da garagem, apresentado pelo crossdresser Senhorita Bira, então estudante de Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC (UFABC/SP). O vídeo faz uma síntese e traz informações relevantes sobre o assunto abordado, de forma bem-humorada. Mas é importante destacar que há linguagem que pode ser imprópria para menores. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VS3jaWC8HOc&t=15s. Acesso em: 20 mar. 2025.  ↩︎
  3. O ator Anthony Mackie, famoso por, entre outros trabalhos, participar da franquia de filmes do personagem Capitão América, da Marvel, critica a meritocracia no The Pivot Podcast.  Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vAxY8BOIf28. Acesso em: 24 mar. 2025.  ↩︎
  4. Olabiorg é uma organização não governamental (ONG) voltada para a diversidade, a inclusão e um olhar crítico sobre as tecnologias. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/C4JPKkIhz07/?igsh=aGhocHgwcnJ5bWto. Acesso em: 21 mar. 2025. ↩︎
  5. Endereço da página do coletivo no Instagramhttps://www.instagram.com/familiaspeladiversidadeoficial/. Acesso em: 24 mar. 2025. ↩︎
  6. Endereço da página de Luciana Viegas no Instagramhttps://www.instagram.com/lucianaviegas_/. Acesso em: 24 mar. 2025. ↩︎
  7. Entre os livros de Krenak destacam-se: Ideias para adiar o fim do mundo (2020), A vida não é útil (2020) e Futuro ancestral (2022). O endereço de sua página no Instagram é: https://www.instagram.com/_ailtonkrenak/. Acesso em: 24 mar. 2025.  ↩︎

Crie sua conta e desbloqueie materiais exclusivos

Voltar
Complete o cadastro para receber seu e-book
Já possui uma conta?Acessar conta
ACREALAGOASAMAPÁAMAZONASBAHIACEARÁDISTRITO FEDERALESPÍRITO SANTOGOIÁSMARANHÃOMATO GROSSOMATO GROSSO DO SULMINAS GERAISPARÁPARAÍBAPARANÁPERNAMBUCOPIAUÍRIO DE JANEIRORIO GRANDE DO NORTERIO GRANDE DO SULRONDÔNIARORAIMASANTA CATARINASÃO PAULOSERGIPETOCANTINSACREALAGOASAMAPÁAMAZONASBAHIACEARÁDISTRITO FEDERALESPÍRITO SANTOGOIÁSMARANHÃOMATO GROSSOMATO GROSSO DO SULMINAS GERAISPARÁPARAÍBAPARANÁPERNAMBUCOPIAUÍRIO DE JANEIRORIO GRANDE DO NORTERIO GRANDE DO SULRONDÔNIARORAIMASANTA CATARINASÃO PAULOSERGIPETOCANTINS

Veja mais