A síndrome gripal, que se confunde com a COVID-19 muitas vezes, pode ser definida como uma mudança no estado de saúde da pessoa em relação ao seu padrão basal e caracteriza-se pelo surgimento de sintomas como:

  • tosse,
  • coriza,
  • espirros,
  • obstrução nasal,
  • febre,
  • desconforto respiratório,
  • cefaleia,
  • dores articulares,
  • dores pelo corpo,
  • astenia,
  • dor de garganta,
  • diarreia, não necessariamente existindo todos esses sintomas citados. 

Toda a criação dos programas de combate às síndromes gripais, que têm como carros-chefe a COVID-19 e a influenza, tem sua base na construção de protocolos que elencam uma série de ações pautadas pela tríade ‘distanciamento social, higiene de mãos e superfícies e uso de máscaras’. 

Para vários setores da sociedade, cria-se os chamados protocolos setoriais, que versam sobre uma série de medidas que, em última análise, objetivam o combate às referidas síndromes respiratórias, sobretudo a COVID-19, nas diversas esferas da sociedade. 

Os protocolos de combate a gripe

Especificamente para o setor de educação, que é representado pelas escolas, cursos, faculdades e universidades, por exemplo, existe o Protocolo Setorial da Educação, o qual normalmente é criado para ser uma pauta geral que norteia os diversos protocolos próprios de cada escola.

Cada estado possui o seu Protocolo Setorial da Educação. Tal protocolo norteador é criado em cada estado a partir das decisões do gabinete de enfrentamento à pandemia. 

Já em nível individual, cada instituição precisa criar seu próprio protocolo de combate às síndromes gripais, originalmente chamado de ‘protocolo de combate à COVID-19’. Cada escola pode dar ao seu protocolo o nome que considerar mais pertinente. Assim, algumas instituições chamam de Protocolo de Biossegurança Escolar, Protocolo de Mitigação da COVID-19, Protocolo de Enfrentamento à Pandemia, dentre outros títulos.

A importância de se obedecer todos os protocolos

O bom funcionamento do protocolo de biossegurança escolar e, portanto, a segurança das aulas presenciais dependem não só da vigilância e da tentativa de aplicação das medidas para mitigação das síndromes gripais em nível escolar, mas também da fundamental cooperação das famílias como coadjuvantes nesse processo. 

Um setor da vigilância, no caso o escolar, está diretamente relacionado ao outro, isto é, só haverá adequado controle da transmissão viral com a extensão das medidas de proteção e cuidados para o ambiente extraescolar. A explicação pode ser justificada quando da análise dos vários pontos do protocolo, como a seguir.

A participação dos pais e responsáveis contra a COVID-19

A escola necessita receber informações, por parte dos familiares, sobre alunos ou contactantes que apresentam síndrome gripal, pois isso é uma maneira de permitir à escola uma vigilância epidemiológica interna, fazendo suspensão de turmas, promovendo orientação para outras famílias testarem outros alunos, programando turmas que se revezarão entre o ensino on-line e o ensino presencial. Nesse sentido, haver um canal de comunicação entre instituição educacional e família é algo de extrema necessidade. Tal canal deve permitir comunicação rápida, objetiva e eficaz. 

O papel dos pais também tem toda importância no que se relaciona ao uso correto das máscaras. Esse uso deve ser supervisionado tanto no ambiente domiciliar e social quanto no escolar. Assim, a família deve se responsabilizar pela escolha da máscara adequada, higienização das máscaras, oferta de número de máscaras suficiente para o turno escolar, disponibilização de dispositivos para guardar máscaras usadas, disponibilização de álcool para cada estudante, pelo ensino e reforço sobre a constante higienização das mãos. 

Um dos pontos mais necessários e decisivos na atuação dos pais junto às escolas é o de comunicar ao estabelecimento, o mais brevemente possível, qualquer sintoma de síndrome gripal, além de não enviar os estudantes com tais sintomas. 

É sabido que a rotina dos pais requer o suporte da escola, para que exerçam suas funções do dia a dia, principalmente para que possam trabalhar, deixando os seus filhos num ambiente seguro e que lhes proporcionará adequado desenvolvimento. Por outro lado, o bem coletivo suplanta as necessidades individuais, e, sendo assim, ainda que haja um enorme contratempo trazido pela decisão de deixar crianças e adolescentes em casa, quando sintomáticos ou suspeitos, é necessário não permitir que eles vão à escola.

Atualize a carteira de vacinação contra a COVID-19

Os responsáveis estão contribuindo com as escolas também com outras iniciativas, como manterem o cartão de vacinas sempre atualizado – inclusive com as novas vacinas anti-COVID-19 –, ao se disponibilizarem para o contato por parte da escola, ao ensinarem a importância das medidas de distanciamento social, ao respeitarem o protocolo escolar e ao não se aglomerarem nas entradas da escola. 

Não menos importantes são as medidas de supervisão de encontros de adolescentes em horários como o de refeição em conjunto no ambiente escolar, nas festas, nos esportes extraescolares, nas reuniões familiares. O bom controle da transmissão no ambiente escolar depende da continuação das medidas no ambiente extraescolar.

O contato com os profissionais de saúde, seja através do SUS ou da rede privada de assistência, e a consequente realização de testes são medidas de maior valia. Os países que conseguem um maior controle da pandemia são aqueles em que a oferta de testes é abundante, permitindo, dessa forma, a detecção precoce dos afetados e o isolamento deles. 

Além do aspecto do teste, a liberação médica, por meio de atestado, após o período de quarentena, é algo sempre desejável. Seguir as recomendações médicas sobre isolamento, medicações e observância de sintomas é algo imprescindível. 

Conclusão

O trajeto até a escola é um ponto a ser observado. É muito comum que vários alunos se valham do transporte escolar para ter acesso à escola, da carona com amigos/ vizinhos ou mesmo do transporte público. A observância do cumprimento das medidas de mitigação da COVID-19 precisa acontecer durante todo esse trajeto.

É de bom tom que os pais e responsáveis procurem se manter atualizados em relação às mudanças de protocolos estaduais, municipais e da própria escola. Notícias de fontes confiáveis, com base científica e não política também fazem total diferença. 

André Pimentel Machado

Pediatra e médico do adolescente (hebiatra) pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Membro da direção da Sociedade de Pediatria de Pernambuco. Professor da disciplina de Assistência Integral do Adolescente da UNINASSAU.