Promover o protagonismo do estudante vai muito além de possibilitar um sujeito ativo sobre sua própria aprendizagem, requer outras condições tais como: transformar o problema em um objeto de investigação para analisar, buscar possibilidades no território e agir com os outros para o bem comum, essa perspectiva solidária construída pela sensibilidade do olhar.

Desse modo, tais características ganham sentido no desenvolvimento de projetos que dialogam com a realidade. O que permite às crianças o desenvolvimento dos pensamentos científico, crítico e criativo que, inclusive, integram as competências gerais da BNCC.

Por vezes, podemos olhar para esses conhecimentos e nos perguntarmos: mas é possível desenvolver tudo isso na Educação Infantil?

Sim! Outro dia, conversando com meu neto (3 anos e meio), discutíamos sobre um pequeno trajeto inclinado que faria com sua “totoca” (velho triciclo infantil sem pedal).

De qual lugar deveria partir o impulso que seria necessário para chegar até o outro lado sem colocar os pés no chão, a criação de obstáculos para tornar a brincadeira mais desafiadora e todo esse diálogo desenrolou-se por meio do levantamento e do teste de hipóteses.

Ele pensava as possibilidades, colocava-as em ação e validava-as ou não perante o objetivo estabelecido. Nesse espaço, fui questionando e procurando, junto com ele, formular as aprendizagens em construção.

Como afirma a BNCC,

essa concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola.

Leia também: Campos de experiências da BNCC e o desenvolvimento das crianças na educação infantil.

Exploração de intervenções positivas e educativas

Vamos explorar, então, algumas intervenções que se configuram na intencionalidade educativa para a construção desses pensamentos:


*Tabela produzida pela autora

Vamos explorar, no campo de experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”, o pensamento científico e crítico para compor a seguinte habilidade: Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes. (EI03ET04)

Nesse escopo, a cena abaixo é bastante presente nas salas de educação infantil:



*Arquivo pessoal

*Tabela produzida pela autora

Leia também: Culturas e protagonismos juvenis contemporâneos.

Conclusão

Quando incorporamos esses aprendizados por meio de projetos envolvendo também habilidades como “Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida (EI03EO06)” e “Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e da sua comunidade (EI03ET06)”, podemos potencializar as condições para contemplar as demais características do protagonismo do estudante, com o olhar estético dentro do próprio território.

Leonora Pilon Quintas 

É professora com ampla experiência na docência da Educação Básica e Ensino Superior, incluindo a atuação como Gestora na Secretaria Municipal de Cubatão, em São Paulo, com a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos e o Ciclo de Alfabetização. Por 20 anos, vem mediando o desenvolvimento profissional de professores em assessorias com temáticas sobre currículo, didática e avaliação na Educação Básica e Ensino Superior.