ensino língua inglesa BNCC

A linguagem tem um impacto direto na forma como vemos o mundo. A hipótese levantada por Sapir-Whorf e popularizada em filmes como “A chegada” demonstra que, o nosso repertório linguístico, amplia ou restringe a maneira como aprendemos e damos conta da realidade. Mudando a forma como um povo se comunica e entende a língua, muda também a sociedade em que está inserido. É nesse contexto que o ensino de Língua Inglesa ganha ainda mais importância.

A BNCC, documento normativo que norteia a estruturação do currículo nas escolas em todo Brasil, aborda o ensino de Língua Inglesa da seguinte forma:

“Aprender a língua inglesa propicia a criação de novas formas de engajamento e participação dos alunos em um mundo social cada vez mais globalizado e plural, em que as fronteiras entre países e interesses pessoais, locais, regionais, nacionais e transnacionais estão cada vez mais difusas e contraditórias.”

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Agora, mais do que nunca, o foco recai sobre o uso da língua, que dará acesso ao mundo globalizado e possibilitará interações das mais variadas, seja no mundo do trabalho, no meio acadêmico ou no âmbito cultural.

Apesar da obrigatoriedade do ensino de Língua Inglesa, segundo a Base, ocorrer apenas a partir das últimas séries do Ensino Fundamental (pág. 63), nada impede que, mesmo antes disso, ela integre a grade curricular, trazendo grande benefício para o aluno, uma vez que o objetivo é a educação linguística e o multiletramento do estudante, que assim se verá mais preparado para as demandas do mundo que vivemos hoje, no qual compreender a Língua Inglesa “potencializa as possibilidades de participação e circulação desse estudante” (pág. 242).

Competências da Língua Inglesa para o Ensino Fundamental

Como componente curricular, a Língua Inglesa apresenta os seguintes eixos estruturais: a oralidade, a leitura, a escrita, os conhecimentos linguísticos e a dimensão intercultural. Todos eles contribuindo para o desenvolvimento das seguintes competências segundo a BNCC:

  1. Identificar o seu lugar e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural, refletindo criticamente sobre como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que refere-se ao mundo do trabalho.
  2. Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interesses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social.
  3. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.
  4. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.
  5. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato com diferentes manifestações artístico-culturais.

PNLD 2021 – Objeto 2: Acesse a obra “Anytime! – Always Ready For Education“.


Direcionais para o Ensino Médio
 

No Ensino Médio, a BNCC propõe articular o conhecimento trazido nos componentes de linguagens juntamente com dimensões socioemocionais, “em situações de aprendizagem que lhes sejam significativas e relevantes para sua formação integral” (pág. 481). Mas, na prática, o que muda para o professor? No que atentar, por exemplo, no momento da escolha do material didático? 

Já que no contexto de língua franca não cabe mais expor o aluno a uma única forma de expressão linguística, pois trata-se de uma via transcultural, cabe cada vez mais trazer para a sala de aula materiais autênticos, ou seja, materiais que foram criados para uma função real no mundo – e não para serem utilizados em sala de aula para que um aluno aprenda inglês. Isso significa uma sala de aula mais viva e real, onde os saberes são articulados e conectados com o mundo além das paredes da escola.

Como contribuição, ficam algumas sugestões de materiais autênticos de Língua Inglesa:

∙        letras de músicas

∙        trechos de filmes ou séries

∙        propagandas e anúncios publicitários

∙        aplicativos em inglês para as mais variadas finalidades

∙        jogos e vídeo games favoritos dos alunos

∙       palestras do TED Talks (inclusive com falas em inglês de palestrantes não-nativos)

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Conclusão

Dessa forma, o ensino da Língua Inglesa não apenas se mostrará mais útil aos alunos, como também despertará maior interesse deles. Essa abordagem permite de tal forma dar espaço ao protagonismo do aluno, que nossas aulas serão aquelas em que vale a pena participar.

Karina Ferreira

Formada em Letras pela USP e especialista em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem pela PUC-RS, Karina trabalha com o ensino da Língua Inglesa há duas décadas.