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O que é a Neuroeducação e de que forma pode ser utilizada como ferramenta pedagógica

22 de junho de 2022,
E-docente

As neurociências são um conjunto de ciências que estudam o sistema nervoso humano no que se refere ao seu funcionamento, a sua cognição, ao seu comportamento, ao seu aprendizado e aos seus processos patológicos. 

O interessante das neurociências é que elas podem se aliar a praticamente qualquer outra área do conhecimento.

Podemos dizer que já existe praticamente um “neurotudo”:

  • Neuroantropologia (neurociências + antropologia);
  • Neuromarketing (neurociências + marketing);
  • Neurodesigner (neurociências + designer);
  • Neuronutrição (neurociências + nutrição);
  • Neuroarquitetura (neurociências + arquitetura);
  • Neuromúsica (Neurociência da música) e por aí vai. 

Cada uma dessas áreas tem como foco o estudo do cérebro em relação à alguma coisa especificamente. 

Exemplos

A Neuroarquitetura estuda o impacto que as edificações e ambientes causam em nossa vida, em nossas emoções, tomadas de decisão etc.;

A Neuronutrição se volta a pesquisas sobre o impacto da alimentação em nosso sistema nervoso; já a Neuromúsica foca em pesquisas para compreender como o cérebro entende e aprende música e como a música pode contribuir no desenvolvimento neurocognitivo e na neuroplasticidade; e assim por diante.

É nesse contexto que surge a Neuroeducação. A psicologia, de certa forma, sempre esteve ligada à educação, por ser a principal área de estudos dos processos mentais do ser humano; dentre eles, está o aprendizado. 

Com o surgimento das neurociências, a educação ganha uma nova aliada e, assim, surge a neuroeducação. Que, na verdade, não se trata de uma nova área, mas, sim, da junção dos conhecimentos da psicologia, da educação e da neurociências. A figura abaixo representa a interseção entre essas áreas:

Fonte: Faria (2015, online).

Portanto, a neuroeducação é uma área multidisciplinar que objetiva, principalmente, a compreensão dos processos neuropsicológicos e neurocognitivos envolvidos no aprendizado humano, tendo como tripé:

  1. a Pedagogia, que retrata os processos relacionados à educação e à aprendizagem;
  2. as Neurociências, que estudam o funcionamento do sistema nervoso central;
  3. e a Psicologia, que pesquisa o comportamento e a cognição.

Compreendendo que o ser humano é um organismo complexo e que a aprendizagem dialoga com questões biológicas, psicológicas e sociais, podemos afirmar que a neuroeducação é o que temos de mais atualizado quando o assunto é a busca de uma compreensão sistêmica do processo de ensino-aprendizagem. 

Nesse sentido, quem estuda neuroeducação estuda a intersecção entre psicologia, educação e neurociências e, com isso, se torna um profissional com uma visão ampliada dos elementos que envolvem o ensinar e o aprender.

A Neuroeducação na metodologia do docente

A neuroeducação não estuda somente os processos de aprendizagem, mas também os de ensino. Por exemplo, está dentro dos estudos da neuroeducação entender como a postura do professor ou as estratégias que ele usa em aula pode impactar o aprendizado dos estudantes, bem como entender quais os processos emocionais envolvidos no aprendizado, que problemas de aprendizagem podem ser desenvolvidos em crianças traumatizadas vítimas de violência doméstica ou abusos, qual a importância do afeto, dos estímulos sensoriais e da família na aquisição de conhecimento no período escolar, como as relações interpessoais podem ajudar ou prejudicar o aprendizado, além de questões relacionadas à memória, à atenção, a funções executivas, dentre outros elementos. 

Ou seja, as neurociências constituem uma área bem complexa e bem completa quando o assunto é aprender e ensinar.

Mas, não paramos por aí. O propósito da neuroeducação não é somente estudar tudo isso para compreender como funcionam esses fenômenos, mas, antes e acima de tudo, o objetivo é estudar essas questões para, justamente, poder propor intervenções, estratégias, materiais e pedagogias mais eficazes diante de determinadas situações ou de determinado perfil de público. 

Nesse sentido, a neuroeducação é uma ótima ferramenta pedagógica, pois, a partir de tudo que já foi mapeado nessas pesquisas, podemos desenvolver estratégias que estejam condizentes com a capacidade cognitiva, emocional e motora de nosso alunado e com isso, potencializar o aprendizado.

Bibliografia consultada e indicação de referências para estudos

DOS SANTOS, Calline Palma; SOUSA, Késila Queiroz. A Neuroeducação e suas contribuições às práticas pedagógicas contemporâneas. Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional, v. 9, n. 1, 2016.

DOS SANTOS BRANDÃO, Amanda; CALIATTO, Susana Gakyia. Contribuições da neuroeducação para a prática pedagógica. Revista Exitus, v. 9, n. 3, p. 521-547, 2019.

FARIA, Leonardo. O surgimento da neuroeducação. Disponível em: https://meucerebro.com/o-surgimento-da-neuroeducacao/. Acesso em: 14 mai. 2022.

FERREIRA, Hércio da Silva et al. A neuroeducação e a teoria das situações didáticas: uma proposta de aproximação para atender à diversidade em sala de aula. 2020.

SAIORON, Isabela et al. Evidências sobre neuroética e neuroeducação: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. e410974276-e410974276, 2020.

Prof. Dra. Viviane Louro é pianista, educadora musical e neurocientista. Docente do departamento de música da Universidade Federal de Pernambuco, onde além de lecionar, coordena os seguintes projetos: PROBEM DO CAC (programa para saúde mental dos estudantes de música); Liga Acadêmica de Neurociências Aplicada (LIANA); Especialização

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