O livro didático representa, na educação brasileira, o material mais utilizado em salas de aula das instituições de Ensino Básico. O recurso difunde-se de forma que hoje é fundamental na educação.

Esse papel importante é justificado principalmente por se tratar de um material facilitador da aprendizagem, funcionando muito bem como um instrumento de suporte à prática pedagógica.

Material de várias gerações, o livro didático, além de construir conhecimentos, é capaz de transformar a sociedade. Neste artigo, entenda melhor esse material essencial para a aprendizagem dos alunos.

O que é livro didático

Livro didático é um material de cunho pedagógico. Assim como outros instrumentos escolares, como quadro, livros literários e projetor, é considerado básico — e muitas vezes central — para a prática docente.

O material, portanto, é uma fonte de informações para os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

É útil tanto para auxiliar o professor no exercício de sua profissão quanto para a aquisição de conhecimentos dos alunos.

Em muitos contextos, o livro didático funciona como um guia de ensino, ajudando a escola em seu trabalho de formação de indivíduos.

De acordo com o estudioso britânico Christopher Stray, o livro didático representa uma mistura entre cultura, pedagogia, produção editorial e sociedade. Isso garante ao material uma grande força cultural, envolvendo vários setores da vida humana e seu preparo para o exercício cidadão.

Formalmente, o livro didático, enquanto material físico, se trata de um material instrutivo educacional próprio para o ensino.

Ou seja, é um aparato elaborado para a sala de aula, focado no ensino e exposição de conceitos e conteúdos disciplinares.

No Brasil, as escolas públicas recebem os livros de forma gratuita por meio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

A origem do livro didático

Segundo estudos, há registros que comprovam que o livro didático está em solo brasileiro desde 1820. Esta fase do período imperial representa a fundação das primeiras escolas públicas do país.

O livro didático ganhou maior força a partir de 1838, com a criação do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Por sua aspiração francesa, muitos dos materiais utilizados no Brasil importavam-se da França.

É válido ressaltar que, nesse tempo, não havia força de imprensa nacional, o que dificultava a produção de material no século XIX.

A história da distribuição do livro didático no Brasil inicia-se no ano de 1929, quando o Instituto Nacional do Livro, o INL, começa a funcionar com fins de produção editorial de materiais didáticos.

O INL, porém, começou a realizar trabalhos educacionais cinco anos depois, em 1934. Dentre as funções do instituto estavam a edição de obras literárias e expansão da quantidade de bibliotecas no Brasil.

O livro didático, de fato, só é incluído nas atividades a partir de 1938, quando o INL passa a ser responsável pela produção e controle desses materiais.

Dando um salto no tempo, a distribuição de materiais didáticos que conhecemos hoje começou com a mudança de órgão responsável em 1976. A execução dos processos do livro didático, portanto, ficou nas mãos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FDNE).

Em 1985, o PNLD sai do papel, trazendo algumas inovações para a produção e distribuição de materiais. A avaliação pedagógica dos livros e a escolha realizada pelo docente são mudanças promovidas pelo programa.

Além disso, a aquisição de livros passou a ser feita integralmente com recursos do governo federal. O programa passou a abranger todo o território nacional a partir do final do século XX, em 1997.

A importância do material didático na prática pedagógica

Sobre a relevância do material didático, destaca-se a colocação de José William Vesentini, pioneiro da geografia crítica:

O livro didático constitui um elo importante na corrente do discurso da competência: é o lugar do saber definido, pronto, acabado, correto e, dessa forma, fonte única de referência e contrapartida dos erros das experiências de vida.

Partindo dessa fala, observa-se o grande valor do livro didático no ensino. Apesar de algumas críticas, a utilização de materiais em sala aumenta o contato dos alunos com os conteúdos científicos.

Além disso, em muitos contextos brasileiros, o livro didático funciona como a principal, se não a única, proximidade da escola com o conhecimento comprovado e atestado.

Na prática pedagógica, o material didático traz benefícios para todos os envolvidos. Para o aluno, há um crescimento de suas estratégias e capacidade de compreensão.

Ao estar envolvido com atividade e textos selecionados com o foco na aprendizagem, o aluno se torna apto a aprender.

Já ao professor, cabe o papel de condutor dos temas propostos pelo material. Por saber uma fonte confiável para a pesquisa, a tarefa de mediar a construção de conhecimento científico dos alunos é facilitada.

Assim, o desenvolvimento de valores éticos pretendido nas escolas acontece por meio de metodologias e suportes avançados e contextualizados.

Dessa forma, o valor do livro ultrapassa o ambiente escolar, funcionando como um impulsionador do conhecimento dos sabores. O livro didático é capaz de fortificar a condecoração das várias áreas do conhecimento enquanto ciência.

Logo, realiza a propagação de conhecimentos dentro do estudo de diferentes disciplinas, seja ela ligada às ciências exatas ou humanas.

Como fazer a escolha do livro didático

O período em que a escolha do livro didático é realizada representa um marco para as escolas.

É um grande momento para os profissionais da educação, uma vez que é hora de escolher qual material será seu aliado no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, fazer a escolha certa é fundamental para um bom andamento em sala de aula.

Tanto em instituições públicas quanto em privadas, é necessário observar como o material dialoga com o objetivo da escola. Além disso, é necessária atenção nos pontos referentes à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), totalmente homologada em 2018.

O livro didático é uma ótima forma, portanto, de reforçar conceitos identitários da escola, assim como implementar aspectos da Base.

Para realizar a escolha adequada, as instituições de ensino devem avaliar nas obras disponíveis pontos importantes para o ensino em seu ambiente. Logo, é interessante observar como o livro didático pode auxiliar o professor no exercício de sua profissão, como na elaboração de planos de aula, por exemplo.

Um outro ponto importante diz respeito à diagramação do material, que deve ser capaz de estimular os estudantes que utilizam o livro didático durante todo o ano letivo.

Como usar o livro didático em sala de aula

O livro didático, por ser um material elaborado para o ensino, se encaixa muito bem à prática escolar diária. Porém, é necessário destacar que o professor é o responsável por realizar esse uso do livro em sala de aula.

Portanto, cabe aos educadores elaborar as melhores estratégias para aproveitar ao máximo esse recurso em suas aulas.

O professor, antes de tudo, precisa se familiarizar com o livro didático adotado. Realizar um estudo profundo do material, compreendendo sua sequência didática e sua metodologia, é o primeiro passo para uma boa utilização da obra.

Em seguida, cabe ao professor adequar todas as informações à linguagem de seus alunos, expondo conteúdo por meio dos recursos propostos no livro.

As atividades do livro podem muito bem ser utilizadas para avaliar se os alunos estão adquirindo os conhecimentos apresentados.

Já os materiais extras dos livros didáticos, como o Material Digital do Professor, que integra os materiais distribuídos pelo PNLD 2020, podem modernizar as aulas.

A partir dessa atualização, o professor utiliza o livro didático para aumentar o significado da aprendizagem para os alunos, tornando o ensino mais interessante.

Mesmo que muitos professores associem o uso de livro didático ao “engessamento” das aulas, o livro é que se adequa à didática do docente, não o contrário.

Por isso, os educadores devem complementar as ideias contidas no material didático sempre que julgar válido. Nesse sentido, o professor possui um amplo leque de disponibilidades a partir do livro, recursos quais ele deve avaliar e adaptar.

Livro didático e livro paradidático: qual a diferença?

Apesar das semelhanças, existe uma grande diferença entre o livro didático e o livro paradidático. Enquanto o livro didático orienta o leitor sobre alguma ação, os livros paradidáticos cumprem o papel de aprofundar conceitos de maneiras alternativas.

De maneira geral, o livro didático apresenta uma proposta pedagógica de um conteúdo selecionado no vasto campo de conhecimento em que se inserem as disciplinas ensinadas na escola. São esses materiais que apresentam o passo a passo para colocar em prática alguma atividade de cunho pedagógico.

Os livros paradidáticos estão inseridos em todas as etapas da escolaridade para o desenvolvimento de trabalhos em forma de projetos.

Exemplos de atividades que possuem materiais paradidáticos como guia são dinâmicas e estudos literários mais aprofundados.

Diferentemente do livro didático, sua função não é dar suporte direto ao ensino, mas sim auxiliar outras práticas de aprendizado e aplicação.

Para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático de 2020, haverá a distribuição de alguns materiais paradidáticos. Cada instituição de ensino com turmas dos anos finais do Ensino Fundamental escolherá livros literários para a composição de acervos escolares.

Algumas dicas para conservação do material didático

A conservação do livro didático representa um desafio para vários profissionais da educação. Um material que é bastante manuseado pode acabar apresentando marcas e desgastes. Entretanto, algumas atitudes podem ajudar na conservação dos livros didáticos, cabendo ao educador incentivá-las em sala de aula.

Encapar o material pode ser uma das maneiras mais efetivas de garantir a conservação da capa, principalmente das quinas, evitando a formação de “orelhas”. A escola pode promover campanhas para colocação de um plástico protetor nas capas dos livros, por exemplo.

Dessa maneira, os materiais ficam protegidos contra alguns fatores que podem levar à consumação do material.

A organização é um ponto fundamental para a boa conservação do material didático.

O local em que os livros são armazenados influem bastante no estado de conservação ao final do período de utilização. Nesse sentido, é preciso alertar os alunos e suas famílias quanto a melhor forma de guardar o livro.

É necessário encorajar os alunos a guardar os livros em uma parte organizada e segura de suas casas.

Fazer alguns combinados com os alunos também pode ser bom para a manutenção dos materiais didáticos. Combinar de manter a mochila em que são carregados os livros didáticos sempre limpa e evitar carregá-la com desdém pode evitar que os livros fiquem sujos e gastos.

Através do diálogo e da conscientização dos alunos, as principais medidas de conservação discutem-se em sala.

Não dobrar as páginas dos livros e o manuseio adequado podem ser pautas para discussões. Uma outra opção é destacar a importância de cuidar bem do material, já que, no caso das escolas públicas, ele vai ser usado por outros alunos no futuro.

Conclusão

O livro didático é importante por sua atribuição política e cultural, uma vez que o material produz e compartilha conhecimento. Por meio da transmissão e exaltação da ciência e história, o livro didático faz-se importantíssimo na formação de indivíduos para a prática social.

Na questão de interpretação dos fatos e contato com atualidades, o material pedagógico forma cidadãos críticos para analisar e repensar costumes e tradições, assim como promovê-las conscientemente.

Por serem destinados à distribuição nacional, é comum que os livros didáticos não abordem temáticas regionais de forma profunda. Nesse sentido, cabe ao professor complementar e dar maior sentido aos conteúdos dos materiais.

Assim, a partir dessa adaptação, o livro didático pode ser amplamente utilizado nas salas de aula, destacando seu valor para a prática docente.

No Brasil, os livros didáticos são avaliados e distribuídos pelo PNLD. Há um intenso processo por trás dos materiais que chegam nas escolas públicas. Compreender o edital do programa, portanto, é uma ótima forma de entender o andamento da aquisição de materiais e selecionar os melhores livros para as instituições de ensino.