Educação 4.0

Mas afinal, o que é educação 4.0?

Sabe-se que o mundo e a tecnologia estão em constante evolução. Os desafios apresentados pela sociedade contemporânea estarão, provavelmente, ultrapassados em pouco tempo. Se considerarmos que a construção do conhecimento acontece de forma dinâmica como a evolução digital, devemos também nos colocarmos numa espiral de constante renovação.

Com isso as mudanças sociais, ambientais, culturais e todas as características heterogêneas de estudantes e professores, formam múltiplas conexões produzindo diferentes formas de aprendizagem.

Enquanto a Educação 1.0, que no final do século XVIII, priorizava um modelo tradicional focado no professor que ensinava todas as disciplinas para um único aluno, a educação 2.0 surge com a força motriz do homem, preparando-o para trabalhar em fábricas durante o século XIX –  trouxe moldes repetidos em sala de aula, uma educação mecanizada na ênfase em memorizar conteúdo.

Contudo durante o século XX – período da 3° Revolução Industrial, a educação 3.0 passou a incorporar a tecnologia e perceber a necessidade de o aluno ser protagonista da sua aprendizagem, democratizando o saber.

Daí surge a educação 4.0 como reflexo da quarta revolução industrial e como tal deve ser uma resposta às suas demandas, como o alinhamento entre humano e máquina e novas possibilidades de inovação. Assim, um novo modelo de educação deve levar em consideração tudo o que contempla essa nova indústria, onde deve-se facilitar o aprender, o aprender a aprender, desaprender e reaprender.

Pilares da Educação 4.0

Um dos pilares da Educação 4.0 é justamente o “learning by doing”, que significa “aprender fazendo”. Construir uma educação através da vivência e experimentação. Provocar o aprender fazendo, colocando em prática, pondo “as mãos na massa”. Assim, faz-se o resgate da diversão, do jogo, da estratégia, da busca de saídas e possibilidades.

Espera-se que a sala de aula seja um ambiente fértil que provoque os alunos a identificar problemas, buscar informações, investigar, criar, experimentar, analisar resultados e avaliar suas descobertas.

Além disso, formas individualizadas do desempenho de cada estudante poderão ser avaliadas com base em um histórico de dados, estimulando múltiplas conexões e levando-os a diferentes formas de aprendizagem.

Em janeiro de 2016, Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, relatou que 65% das crianças que ingressam na primeira etapa da escolarização terão empregos que ainda não são conhecidos pela sociedade.

Precisamos refletir para ter clareza de onde estamos e onde pretendemos chegar com a Educação 4.0, sem esquecer que aspessoas são e serão sempre o centro desse processo.

Compreender a capacidade de aprender e se adaptar para que se desenvolva um novo modelo de educação transformando e impactando o processo de aprendizagem.

O professor deverá trabalhar com competências socioemocionais – autoconhecimento, autocuidado, colaboração, empatia, resoluções de problemas – mas também com competências híbridas, como criatividade e pensamento crítico.

Os alunos devem desenvolver desde cedo, com a ajuda dos professores, a capacidade de continuar aprendendo na vida adulta para poderem responder com rapidez às inovações tecnológicas.

O papel da escola na Educação 4.0

A escola deverá ser espaço para o aprendizado de habilidades digitais. O professor terá que usar e dominar quadros interativos, tablets e outros dispositivos e equipamentos eletrônicos, além de aplicativos básicos.

Novas tendências para esse novo profissional, que precisará de uma preparação; além do conhecimento específico da sua área de atuação, e deverá ter também conhecimentos gerais sobre o mundo, e o mundo digital, como saber adaptar-se ao grupo e a cada aluno individualmente, planejando, acompanhando e avaliando atividades significativas e diferentes.

Estas competências vão auxiliá-lo a lidar com os novos alunos, que já nascem tecnologicamente plugados, assim como, com a sobrecarga de informações e de aprendizagens, com as quais têm contato em sua vida cotidiana.

A educação irá trabalhar com cultura maker (colocar o aluno como agente de seu próprio processo de aprendizagem, estimulando a prototipagem de forma lúdica e investigativa).

Seja com pensamento computacional, arte, costura, marcenaria, tecnologia da informação, robótica, letramento digital ou inúmeros outros recursos, o aluno é encorajado a resolver problemas errando, repensando, inovando e se adaptando.

Contudo a Educação 4.0 não é feita somente de tecnologias. É fundamental que essas tecnologias venham acompanhadas de práticas pedagógicas que possibilitem vivências significativas, respeitando docentes e alunos.

Acesse o material para download: Guia para engajar professores e alunos no ensino híbrido na Rede Pública.

E AÍ PROFESSOR, VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESTA MUDANÇA?

Desenvolver habilidades desejadas para a aplicação da Educação 4.0, é perceber oportunidade de transformação do processo de ensino, de aprendizagem, e de crescimento pessoal.

Ter percepção e flexibilidade para se colocar em vários papéis:

  • de aprendiz,
  • de orientador
  • e pesquisador.

Ser motivador de novas possibilidades de projetos e atividades, fomentando a autonomia e o desenvolvimento de competências e habilidades nos alunos, permitindo assim, que eles sejam protagonistas da sua vida e do seu conhecimento.

Rever e renovar práticas pedagógicas, construir uma educação através da vivência e experimentação. Tornar-se parceiro do aluno nas suas descobertas. Nesse momento, o uso das metodologias ativas será crucial para criar condições para o aprendizado.

Criar situações para que o aluno seja o eixo central do processo de aprendizagem. Ter um olhar atento a essa revolução, permitindo um conjunto de associações, estimulando múltiplas redes de aprendizagem e de significações, inclusive com a comunidade.

HABILIDADES E ATITUDES DO PROFESSOR PARA ESSE NOVO CONTEXTO 4.0

Ser Investigador/Pesquisador –  fazer da sala de aula lugar de construção coletiva e colaborativa. Favorecer a pesquisa, desenvolver estratégias e abordagens, bem como trazer a reflexão crítica.

Fazer perguntas em vez de fornecer respostas – uma vez que o aluno é encorajado a participar ativamente de uma descoberta, ele tem seu interesse despertado e ganha confiança para buscar soluções. Apresentar questões, ajudar a guiar o aprendizado autônomo. Conduzir o aluno a encontrar novas soluções após investigar, descobrir, conectar, criar e refletir, e, a partir dos resultados, repensar alternativas, se necessário.

Trabalhar em projetos compartilhando objetivos – ter um projeto com início, meio e fim, mensuração de resultados e possibilidade de atividades em grupo e com a comunidade criando vínculos com o que estão desenvolvendo. Ao final de cada etapa do projeto vão se realizando individualmente e em grupo e dessa forma favorecendo a aprendizagem e a retenção dela.

Ser desenvolvedor de competências – ser propulsor para o desenvolvimento de novas habilidades e competências, como também de conhecimentos constantes seja online ou presencial.

Ser Favorável a Novas Tecnologias – conhecer a conectividade dos sistemas e a facilidade de acesso ao conhecimento, integrando as tecnologias presentes no cotidiano dos alunos nos contextos de aprendizagem, e quando possível, dominar as ferramentas envolvidas nas atividades propostas. Permitir-se aprender com os alunos sobre os recursos envolvidos nessas novas tecnologias.

Realizar Diagnósticos/Relatórios Individuais – verificar como cada aluno aprende e personalizar esse aprendizado. Conduzir as possibilidades de descoberta dos alunos por meio do uso das Metodologias Ativas.

Conclusão

Segundo estudo de docentes da University of Southern California, a meia vida de uma habilidade profissional hoje é de apenas 5 anos. A cada meia década, ela perde metade de seu valor. Em 10 anos, uma competência já́ pode ser considerada ultrapassada.

Cabe aos educadores desenvolver alunos capazes de renová-las, recriá-las, reinventá-las ao identificarem oportunidades de aprendizado no dia a dia, durante toda a sua vida. Ser eterno aprendiz. Desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo.

Educadores são os responsáveis por essas mudanças, por incentivar o trabalho em rede. Conectar inteligências. Todas as ações em conjunto irão descobrir espaços de desenvolvimento criativo com muitas inovações no meio dos processos. Nada de interpretações individuais e sim, com todos que estiverem conectados.

Há quem diga, que não será preciso acumular conhecimento, mas é preciso saber um pouco de tudo ou saber como continuar aprendendo.

Referências

BACICH, Lilian, MORAN, José. Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora. 2017

Escola Web. O que é Educação 4.0 e como ela vai mudar o modo como se aprende?
https://escolaweb.com.br/artigos/o-que-e-educacao-4-0-e-como-ela-vai-mudar-o-modo-como-se-aprende/. Acesso: 24 de abril de 2020. 18h.

Geekie. Educação 4.0: o futuro é agora. https://www.geekie.com.br/blog/educacao-4-0-e-a-importancia-da-intencionalidade-pedagogica/. Acesso 23 de abril de 2020. 15h

HUSSIN, A. A. Education 4.0 Made Simple: Ideas For Teaching. International Journal of Education & Literacy Studies. Austrália, p. 92-98. jul. 2018

THOMAS, Douglas; BROWN, John Seely. A new culture of learning: Cultivating the imagination for a world of constant change. Lexington, KY: CreateSpace, 2011.

Caroline Leão 

Pedagoga, Especialista em Neuropsicopedagogia clínica e institucional

Assessora Pedagógica das Editoras Ática, Scipione e Saraiva – Rede Pública