24 de março, 2022 - Por e-docente
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O plano de aula é uma das atividades mais importantes para o planejamento escolar, visto que as vivências da escola são organizadas com o foco nas ações docentes que se materializam nas práticas de sala de aula. Compreendemos que o planejamento escolar possui o ponto de partida na organização do plano de aula do professor na perspectiva da gestão do ensino (OLIVEIRA, 2019).
Quando tratamos da gestão do ensino afirmamos que o docente desenvolve o ensino ajustado para cada criança e para o coletivo da turma, portanto cada professor que desenvolve a gestão do ensino realiza a construção do plano de aula com características distintas, tais como:
Detalhamento dos aspectos que precisam estar presentes no plano de aula para a gestão do ensino:
Objetividade e direcionamento estão relacionados às formas das possibilidades de efetivação das atividades que são postas no planejamento. As atividades precisam ser exequíveis para cada dia de aula e no ritmo da turma.
Não podemos deixar de verificar o tempo das atividades sem pensar no ritmo da turma. Para a gestão do ensino ser desenvolvida e acontecer nas aulas, o professor terá um plano com atividades possíveis de serem realizadas para o tempo e no sentido da progressão do ensino das crianças.
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E, nesse sentido, temos um plano com as seguintes etapas, são elas: situação didática com conteúdos; objetivos gerais e específicos; as metodologias escolhidas, recursos e avaliação, todos ligados à concepção que a escola e os professores são elementos organizadores da educação das crianças; portanto sempre colocar esses elementos, de forma direta e objetiva, favorecerá todo o planejamento escolar, desde o estudante no seu cotidiano até as ações mais gerais da organização escolar.
É necessário ter em mente, com a elaboração do plano de aula, qual é o objetivo da aula e quais são as atividades que são possíveis de realizar nesse nível de aprendizado da turma.
Além disso, sempre registre qual é a atividade de progressão da turma a partir da escolha relacionada aos objetivos de ensino da semana. A atividade pode ser o elo para o aprendizado seguinte e, assim, estaremos mais próximos da intermediação-planejada e mais ajustados a progressão do ensino.
É fundamental colocarmos os objetivos em vista para essas construções e elaborar numa sequência de atividades que serão estruturadas para a efetivação do ensino, de realização autônoma da atividade do estudante e entre estudantes.
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Essa descrição das ações pode ser realizada em tópicos. Começa-se com objetivos gerais, a partir dos quais desdobram-se ações pedagógicas. Por exemplo, considerando-se o objetivo geral de alfabetizar crianças no primeiro semestre do ano, coloca-se o tópico “refletir sobre relações letra e som”.
A partir dele, elencam-se tópicos que tragam ações pedagógicas que o favoreçam, como: apresentar palavras para confrontar e comparar com o som final apresentado pelo professor; sistematizar as relações letra e som das sílabas das palavras; cantar a palavra brincando de identificar a quantidade de sílabas.
Esse exemplo aponta as ações pedagógicas que poderiam contribuir para o objetivo que foi apresentado.
Toda ação docente precisa ter as atividades principais e, no mínimo, duas atividades complementares para contribuir com o aprendizado da turma e do estudante, principalmente considerando os casos de crianças que são mais rápidas em suas produções.
Assim, as crianças possuem a oportunidade de viver, no seu próprio tempo pedagógico, a qualidade do tempo e da atividade que conduzirá a autonomia pela oportunidade da criança em realizar essas vivências de forma planejada.
Quando falamos em três mudanças das práticas é com o objetivo de evidenciarmos metodologias dinâmicas na organização dos estudantes na sala; por exemplo: se a professora for promover uma atividade inicial de contação de história numa roda de leitura, ela poderá propor, na sequência, uma prática de leitura em dupla e em grupos para registro de uma produção coletiva de texto e para apresentação oral.
A aula torna-se dinâmica e envolvente, e os estudantes estarão a buscar a sua realização com maior autonomia. E, assim, o aprendizado torna-se o objetivo dos próprios estudantes.
A avaliação é o que conduz a organização do plano de ensino pelo simples fato dos três olhares docentes direcionados, que são: avaliar a progressão do grupo; avaliar a progressão da criança e avaliar a aplicabilidade das situações didáticas propostas de forma a construir o equilíbrio prático entre as propostas e a participação/aprendizado dos estudantes.
O foco do professor precisa ser na proposição das atividades que constroem o caminho do estudante para possuir a autonomia no estudo e a criatividade de respostas.
Não se pode propor uma atividade que o professor terá certeza de que a criança não o fará no tempo estabelecido, sem ter uma elaboração de plano de aula para a intervenção ajustada.
O que é necessário ter no plano de aula são atividades que proporcionem a criança maior autonomia no grupo; entretanto, se o professor deseja intervir e conduzir mais a aula, para ter maiores intervenções, direcionar a aula para o coletivo pode contribuir significativamente na gestão do ensino.
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O planejamento de ensino configura-se como um roteiro organizado de unidades didáticas para um dia, e esse dia na relação do planejamento da semana e do ano letivo. Se integrarmos a esses planos da turma a reflexão de outras turmas da escola, já estaremos desenvolvendo o planejamento escolar, pelo fato de toda organização escolar precisar ter relação direta com o plano de aula.
A avaliação deve ser presente, na sua forma explícita, para as crianças em formato de feedbacks nas aulas e, também, para construir a intermediação-planejada nas atividades das turmas. É necessário reafirmarmos que nenhum plano de aula é “enquadrado” em etapas únicas e definidas sem a realidade da turma, ou seja, não existem etapas fechadas.
Estamos tratando do plano de aula flexível dentro da proposta da concepção da gestão do ensino e da gestão da avaliação na perspectiva da intermediação-planejada, por acreditarmos que o ensino ocorre de forma sistemática e significativa se conseguirmos realizar essa ação pautada na formação autônoma e criativa da criança para favorecer o planejamento escolar.
OLIVEIRA, R. A. J. Saberes e práticas pedagógicas dos professores alfabetizadores nos contextos escolares no Brasil e na França: gestão da avaliação através da intermediação-planejada no ciclo de alfabetização. 412 f.: Il Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
Investigadora de Pós-Doutoramento em Educação pela Universidade de Lisboa – Portugal. Doutora em Ciências da Educação pela Université Lumière Lyon 2 na França. Doutora e mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil. Especialista em Éducation Pédagogique et Culture(s) de l’Altérité pela Université Claude Bernard Lyon 1 – França. Possui atuação Técnica Pedagógica na Secretaria de Educação do Recife e do Estado de Pernambuco; faz parte como membro/formadora do CEEL – Centro de Estudos em Educação e Linguagem – da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Professora do Ensino Superior; Realiza consultoria educacional com os Programas Alfagestar – @alfagestar e CRIATIVE-Lar – @criativelar; Desenvolve palestras e possui mentoria para orientação dos estudo e seleções de mestrado e doutorado. Possui o canal do Papo Educa – @papo_educa, para trabalhar com formação de professores envolvendo Prática Pedagógica, Didática e Metodologias do Ensino com Aulas Remotas e Ensino Híbrido, entre outras temáticas. Pesquisa sobre Educação e Linguagem; autora de materiais didáticos e pedagógicos para Educação Infantil e Ciclo de Alfabetização.
Ensino-pesquisa-extensão: Alfabetização Sistemática; Gestão do Ensino; Gestão da Avaliação; Intermediação-Planejada; Didática e Metodologias do Ensino; Consciência Fonológica na Educação Infantil; Ciclo de Alfabetização; Planejamento do Ensino; Prática Pedagógica e Heterogeneidade na Gestão do Ensino da Leitura e da Escrita.