Violência nas escolas: causas, consequências e como resolver

A vida imita a realidade, inclusive quando o assunto é a Violência nas escolas. A série sul-coreana Round 6 virou fenômeno mundial, em 2021, por uma série de fatores: conteúdo, formato, origem. Fã de todos esses itens acima elencados, devo confessar certo grau de preferência por produções com tons mais fortes e impactantes.

Uma cena, entretanto, despertou um sentimento mais desconfortável: a do assassinato em massa em um parque de diversões. A mistura, ainda que apenas estética, de “temática infantil + violência” trouxe uma sensação de conspurcação de algo sagrado.

De duas situações que, juntas, não fazem sentido. Em meio a tanta violência, mentira, degradação e mortes, foi o momento mais marcante, para mim. Se mesmo na ficção, algo assim parece inconcebível, na “vida real”, o impacto de acontecimentos desse tipo pode ser devastador.

Para entender mais sobre o assunto, você pode também recorrer a como tem sido feito as políticas de combate ao Bullying, que mencionamos anteriormente no nosso Blog.

Violência nas escolas: Mais real e atual do que se imaginaria


Esse cenário de violência envolvendo a população infantojuvenil não é algo apenas relacionado ao universo ficcional. E, infelizmente, nunca deixa de ter episódios recentes.

No último dia 19 de junho, houve morte e ferimento de adolescentes no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, devido à ação de um ex-aluno, de 21 anos de idade. Um número a mais em uma estatística já sombria.

No Brasil, essa tragédia ocorrida no Paraná é o 25° caso de ataque em instituições de ensino em 20 anos. Quais as causas, consequências e possíveis soluções para este problema de tanta gravidade?

“Herança” de Columbine

Se fosse uma ficção, poderíamos começar com “era uma vez” ou “tudo começou” no dia 20 de abril de 1999, no Colorado, Estados Unidos.

Na história (com H e, infelizmente, bem real), essa foi a data em que dois estudantes invadiram a Columbine High School e começaram aquele que foi um dos primeiros massacres a chocar o mundo, com um total de 15 mortes.

Dentre os mais emblemáticos casos desse país, desde então, vieram os de:

No Brasil

Um dos primeiros ataques a escolas de que se tem notícia no país ocorreu algum tempo depois de Columbine.

Em 27 de janeiro de 2003, um estudante de 18 anos disparou 15 tiros contra cerca de 50 estudantes no pátio da Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, interior de São Paulo. Pouco depois, atirou na própria cabeça e faleceu, sendo a única vítima fatal.

Desde então, foram 25 ataques a escolas, que deixaram 139 vítimas nas últimas duas décadas. Ao todo, 46 pessoas foram mortas e 93 ficaram feridas. Os dados foram apurados pelo Instituto Sou da Paz.

Dentre os episódios mais famosos, destacam-se:

  • o incêndio criminoso da creche Gente Inocente, Minas Gerais, em 2017 (14 mortes);
  • o ataque a tiros que vitimou 13 pessoas em 2011, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro,
  • e o atentado com armas e machadinha que provocou nove mortes em Suzano (SP), em 2019.

2022 e 2023

Nesses dois anos, em nosso país, houve um atípico quantitativo de simulacros e realizações efetivas de “celebrações” de Columbine em vários estados.

Ainda de acordo com o Sou da Paz, o caso do Paraná é a sétima em escolas nos primeiros seis meses de 2023 – o maior número registrado desde 2002, quando um tiroteio em um estabelecimento de ensino em Salvador deixou duas mortes.

Segundo outra pesquisa, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral – Unicamp/Unesp (Gepem), os ataques nacionais (ainda sem a contabilização do caso recente do Paraná) foram cometidos por alunos ou ex-alunos entre 10 e 25 anos, sendo que nove ocorreram entre o segundo semestre de 2022 e abril de 2023.

Balanço regional

Com sete casos registrados ao longo dos anos, o estado de São Paulo lidera o ranking de massacres em escolas no país.

Ao todo, 13 unidades da Federação já registraram massacres em instituições de ensino: São Paulo (sete); Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Goiás (dois casos cada), além de Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Sul e Amazonas (um caso).

Algumas causas da Violência nas Escolas

Afinal, por que a escola é o alvo? Há pistas para estas motivações. Alguns estudiosos apontam para o fato de as instituições de ensino serem espelho da sociedade, afetada por problemas como competitividade, individualismo, falta de diálogo e isolamento.

Outros acreditam que por ser um espaço social por excelência, que busca unificar as diferenças (na maioria das vezes e de maneira geral) acaba atraindo interessados no esgarçamento desse coletivo.

O fato, ao final das contas, é que não há uma resposta simples a ser apontada como causa de todo este cenário. Consideremos, então, algumas delas.

Causas para a Violência nas escolas

Consequências

Diante de um cenário tão amedrontador, estudantes e familiares passaram a se ver, constantemente, envoltos em um ambiente de apreensão. O que reverbera, obviamente, em consequências no dia a dia de gestores e professores.

A mais direta delas é o esforço em evitar que surjam novos ataques. O outro, tão importante quanto este, mas ainda mais sutil, é a necessidade de tranquilizar a comunidade escolar para que se evite ou minimize o surgimento de outro desdobramento: a evasão escolar.

Em abril deste ano, por exemplo, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Ponta Grossa (PR) divulga, por meio da Prefeitura do município, nota sobre possíveis casos de evasão escolar que tem estímulos decorrentes pelo clima de insegurança.

A uma grande distância dali, no município de Bom Jesus, sul do Piauí, neste mesmo mês, blogs locais também registraram evasão em grande parte das escolas.

Soluções para a Violência nas escolas

Cultura de paz contra a violência nas escolas

Adotar uma cultura de paz não resulta, necessária e imediatamente, na eliminação de conflitos. Consiste, prioritariamente, em modificar a forma de lidar com eles a partir da valorização de espaços democráticos e da diversidade.

Para isso, faz-se necessária uma busca ativa de resolução destes problemas por meio do diálogo e da instalação efetiva do princípio da democracia.

Para que estes conceitos e atitudes apliquem-se na prática, o trabalho apenas em sala de aula é insuficiente.

É preciso que toda a comunidade escolar esteja envolvida neste princípio e na adoção de alguns pilares, tais como ações recorrentes de formação continuada com este propósito, diálogo e institucionalização do protagonismo estudantil.