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Os transtornos mentais comuns estão em questão porque as pessoas estão adoecidas emocionalmente, seja esse adoecimento leve ou grave, passageiro ou como sintoma de uma doença crônica, há aos montes.

Logo, mais do que esperado termos esses indivíduos dentro da escola, desde a educação infantil até a pós-graduação.

Quer saber mais sobre os transtornos mentais comuns na escola?
Então, confira o conteúdo que preparamos para você!

Quais são os transtornos mentais comuns na escola?

Quais são os transtornos mentais comuns na escola?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005, p. 27), o transtorno mental é “a existência de um conjunto de sintomas clinicamente identificáveis ou comportamento associado na maioria dos casos a sofrimento e a interferência nas funções pessoais”.

Pelo Manual Estatístico dos Transtornos psiquiátricos, conhecido por DSM-5, “um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo” (APA, 2014, p. 20).

Citação Síndrome

O Transtorno Mental Comum (TMC) refere-se à situação de saúde que não preenche critérios formais suficientes para diagnósticos de depressão e/ou ansiedade segundo as classificações oficiais.

São, portanto, um grupo de sintomas como:

Sintomas transtorno mental

Graner e Cerqueira (2019, p. 1328) conceituam os Transtornos Mentais Comuns como: “estados mistos de depressão e ansiedade, caracterizados pela presença de sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas”.

Como identificar os Transtornos Mentais Comuns

Como identificar os Transtornos Mentais Comuns

Os Transtornos Mentais Comuns (doravante TMC) são pouco identificados e tratados, gerando um forte impacto na sociedade, pois podem ser altamente incapacitantes.

Geralmente, só são levados a sério quando aparecem sintomas físicos (como dores, febre ou vômito), mas, quando o sintoma é meramente emocional (como fadiga, desmotivação ou tristeza), são vistos como preguiça, cansaço ou frescura.

No Brasil, a prevalência de TMC varia entre 17% e 35%, o que representa uma parcela significativa da população. Alguns estudos, como de Nunes et al (2016), apontam que os grupos sociodemográficos mais acometidos são as mulheres, os jovens “não brancos” e indivíduos sem graduação.

Vasconcelos (2014) comenta que os TCMs afetam aproximadamente 30% dos adultos e são os mais presentes no ambiente universitário.

Marques e Romualdo (2014) afirmam que as instituições de ensino devem estar prontas para “refletir o momento histórico que estamos atravessando, considerando a diversidade como característica do sujeito em processo de constante transformação, a fim de oferecer uma educação para todos”.

A Depressão dentro da sala de aula

Em 2018, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que, em 2020, a depressão seria considerada a doença mais incapacitante do mundo. Alvim (2020, online), comenta:

[…] A depressão é um transtorno mental que não é levado tão a sério como deveria. Vivemos numa sociedade que, constantemente, impõe padrões ideais, na maioria das vezes, inatingíveis. Assim, surge uma pressão para correspondermos às expectativas, tanto as externas como as internas, que incidem numa urgência em sermos reconhecidos como o melhor, seja no desempenho profissional, no corpo perfeito, nas relações afetivas ou na aquisição de bens materiais. E, assim, sem avaliarmos nossos próprios limites e necessidades, seguimos tentando nos encaixar em tais modelos sociais. Os efeitos de viver constantemente com esta sobrecarga física e psíquica desencadeiam sofrimentos que, não raro, levam a quadros de ansiedade e depressão, minando a nossa autoestima, um dos sentimentos mais importantes para o ser humano.

Transtornos Mentais Comuns nos alunos: é problema nosso!

Transtornos Mentais Comuns nos alunos: é problema nosso!

Cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano, sendo que a maioria são jovens entre 15 e 29 anos, ou seja, pessoas que se encontram em idade escolar e universitária (OMS, 2018).

Até quando faremos de conta que isso não é problema nosso?

Quando pensamos na escola, geralmente, pensamos em aprendizado. Sendo assim, problemas de saúde não cabem à escola resolver.

Mas, o que precisamos levar em consideração é que o adoecimento mental e os transtornos mentais comuns geram grandes prejuízos no aprendizado e que, como escola, não é nossa obrigação tratar o adoecimento do ponto de vista médico, mas, do ponto de vista pedagógico, é obrigação da escola olhar para as questões que afetam o aprendizado.

Sendo assim, acolher, compreender e dar todo apoio pedagógico necessário para estudantes adoecidos emocionalmente é, sim, papel da comunidade acadêmica, em geral.

Além disso, muitas vezes, o próprio ambiente pedagógico é adoecedor: 

Ambiente pedagógico adoecedor

Qualquer pessoa pode ser acometida por Transtornos Mentais Comuns, inclusive os docentes que, geralmente, são sobrecarregados.

Muitos lecionam em escolas sucateadas e sem a mínima condição estrutural e, diga-se de passagem, a educação, no Brasil, é uma das profissões mais desvalorizadas.

O salário baixo leva os docentes a terem que dar aulas em muitas escolas e isso os sobrecarregam, abrindo as portas para o estresse e o desenvolvimento dos transtornos mentais comuns.

Conclusão

Conclusão

Portanto, falarmos sobre saúde mental na escola, tentarmos oferecer um ambiente escolar mais acolhedor e agradável, com relações interpessoais baseadas na empatia e cuidado e promovermos ações de cuidado, bem-estar e humanização são essenciais para minimizarmos o adoecimento mental e os transtornos mentais comuns da comunidade escolar.


Gostou de saber mais sobre transtornos mentais comuns na escola? Então, confira o nosso artigo sobre inclusão escolar e saúde mental no processo de aprendizagem!

Prof. Dra. Viviane Louro é pianista, educadora musical e neurocientista. Docente do departamento de música da Universidade Federal de Pernambuco, onde, além de lecionar, coordena os seguintes projetos: PROBEM DO CAC (programa para saúde mental dos estudantes de música); Liga Acadêmica de Neurociências Aplicada (LIANA); Especialização em Neurociências, Música e Inclusão; e Comissão de humanização e saúde mental da UFPE. Autora de 8 livros na área de educação musical inclusiva e palestrante sobre as áreas de neurociências da música, psicomotricidade e música e educação musical inclusiva. Atualmente, está se especializando em Criminal Profile e psicologia investigativa.


Bibliografia consultada e indicação de referências para estudos

ALVIM, Jô. Depressão: a doença mais incapacitante de 2020. G1, São Paulo, 2020. < https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/2020/01/12/depressao-a-doenca-mais-incapacitante-de-2020.ghtml>. Acesso em: 20 Jun. 2020.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 5 (DSM-5). Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2014. 948 p.

BRITTO,  Priscylla  Souza. Música  e  Neurociências: O  impacto  neurofisiológico  da  rotina  do  estudante universitário de música. 2019. 45 f. TCC (Graduação) – Curso de Música, Departamento de Música, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.

DUARTE, Plínio Gladstone; MELO, Maria Aparecida Vieira de. Educação para todos: um estudo sobre os transtornos mentais, e as leis educacionais. In: Maria Aparecida Vieira de Melo; Ricardo Santos de Almeida. (Org.). Currículo, políticas educacionais e formação discente-docente: trilhando caminhos no ensino-aprendizado. 1ed. São Paulo/SP: Perse, 2019, v. 1, p. 215-230.

GRANER, Karen Mendes; CERQUEIRA, Ana Teresa de Abreu Ramos. Revisão integrativa: sofrimento psíquico em estudantes universitários e fatores associados. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.24, n.4, p.1327-1346, abr. 2019.

Bibliografia complementar

MARQUES, Luciana Pacheco; ROMUALDO, Anderson dos Santos. Paulo Freire e a educação inclusiva. IX Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire. Turim- Itália: set. 2014. Disponível em: <https://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/handle/7891/3512 >. Acesso em: 20 nov. 2018.

NUNES, MA et al. Common mental disorders and sociodemographic characteristics: baseline findings of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). Rev Bras Psiquiatr 2016; 38:91-7.

SANTOS, Gustavo et al. Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em moradores da área urbana de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 35 nº.11. Rio de Janeiro, Novembro, 2019.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Resource book on mental health, human rights and legislation. Suíça, Genebra: OMS, 2005.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Folha informativa – Suicídio. Ago. 2018b.Disponível em: < https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5671:folha-informativa-suicidio&Itemid=839 >. Acesso em: 02 dez. 2019.


VASCONCELOS, Tatheane Couto de et al. Prevalência de Sintomas de Ansiedade e Depressão em Estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, Recife, v. 1, n. 38, p.135-142, out. 2014.