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Projetos interdisciplinares no ensino fundamental anos finais: conectando conteúdo à realidade dos alunos

4 de dezembro de 2025,
E-docente
Projetos Interdisciplinares no Ensino Fundamental Anos Finais

Um turbilhão de informações, em velocidade recorde, respostas prontas na ponta dos dedos, mas sem uma validação crítica e reflexiva, podem traduzir a vida dos estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais atualmente.

Enquanto professores, somos diretamente questionados sobre o porquê estudar a fórmula de Bhaskara ou conhecer o ciclo da água, se a aplicabilidade desses estudos parece distante do cotidiano e dos saberes exigidos no dia a dia do estudante.

A resposta para tudo isso inicia na provocação: por que nossos currículos escolares ainda são pautados em caixinhas fechadas de disciplinas, quando a vida grita que os conhecimentos devem ser entendidos com conexão?

Os projetos interdisciplinares ensaiam essa realidade e são extremamente importantes para fundamentar a integração de conhecimentos e responder às demandas reais dos nossos estudantes.

O que são projetos interdisciplinares?

Vamos entender, neste texto, o conceito de projeto interdisciplinar como aquele que une, conecta, interliga diferentes disciplinas em prol de uma integração. Essa interação necessariamente envolve o diálogo entre disciplinas, rompendo as caixinhas e integrando conceitos, métodos e teorias de diferentes áreas.

Nenhuma disciplina é mais ou menos importante que a outra; todas assumem a mesma relevância, promovendo a integração dos resultados obtidos. O resultado é um entendimento integrado do fenômeno, não apenas uma soma de olhares separados.

Resumindo: interdisciplinaridade = integração real entre disciplinas para gerar conhecimento conjunto

Como criar um projeto interdisciplinar: um passo a passo

Aqui vai um passo a passo do início ao fim, com dicas importantes para você:

1º passo: conhecendo a realidade do aluno e da escola

Quem são esses estudantes? O que faz sentido para eles? Quais são os objetivos desses estudantes? Quais problemáticas enfrentam? Quais problemáticas a comunidade do entorno escolar enfrenta?

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Dica: antes de propor um projeto interdisciplinar, converse com sua coordenação e busque o apoio da equipe gestora. Talvez seja necessário conectar aulas de diferentes disciplinas, e o suporte aqui seria interessante.

2º passo: definindo os objetivos do projeto

Com base no primeiro passo, é possível transformar as possibilidades em objetivos claros, sempre considerando habilidades e competências. Nesse processo, estimule os estudantes a refletirem sobre como as disciplinas se conectam, ajude-os a pensar em um nome instigante para o projeto e garanta sua participação ativa, mesmo que com contribuições pequenas. O professor deve incentivar que essa construção ultrapasse os muros da escola, conectando o projeto à comunidade.

3º passo: mapeando os conhecimentos prévios

O que você, os estudantes e os professores envolvidos têm de repertório cultural, social e cognitivo para esse projeto?

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Diferentes pessoas, diferentes vivências. Valorize isso! A chave aqui é buscar instrumentos de escuta segura, como um questionário anônimo ou, se a turma for mais aberta, uma discussão em roda de diálogo. Mas lembre-se: busque sistematizar, podendo contar com a ajuda dos estudantes nesse processo. Uma boa dica seria criar um mapa mental nesta etapa.

4º passo: construindo o cronograma junto aos estudantes

No planejamento, a escuta ativa é ainda mais importante, e ela deve acompanhar todo o processo, da construção à avaliação final.

É essencial definir prazos claros e objetivos, evitando períodos muito longos que favorecem o esquecimento ou a procrastinação.

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Para garantir o alinhamento entre expectativas e resultados, inclua momentos de checagem ao longo do percurso e, sempre que possível, mantenha flexibilidade no cronograma, prevendo uma margem de erro.

5º passo: a hora da ação e integração das disciplinas

Com todo o passo a passo anterior feito, esse momento é geralmente a culminância do projeto.

Aqui é importante trazer as disciplinas interconectadas, evite hierarquizar disciplinas. Todas devem aparecer de forma equilibrada, mostrando sua relevância no projeto.

Cada pessoa envolvida deve executar seu papel definido no planejamento, esteja pronto para imprevistos como atestado médico e afins, tenha sempre um plano B.

6º passo: avaliação e feedback

A avaliação deve ser clara desde o início, indicando critérios, métricas e se haverá notas, mantendo os estudantes engajados com prazos adequados e atividades de diferentes níveis de complexidade. Esse momento não pode ser uma surpresa, mas parte do processo, incluindo feedback coletivo de professores, alunos e comunidade, além de autoavaliação dos estudantes.

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Para facilitar a reflexão final, a técnica “Que bom, que pena, que tal” ajuda a destacar pontos positivos, reconhecer dificuldades e propor melhorias para futuros projetos.

A técnica “que bom, que pena, que tal”

Que bom: traz o que foi mais proveitoso, o que realmente gostaram de fazer. Que pena: reúne as experiências que não foram boas (esteja aberto a ouvir e acolher esses relatos). Que tal: propõe ideias para os próximos projetos interdisciplinares, apropriando-se da experiência recém-vivida.

Conclusão

Trabalhar com projetos interdisciplinares, trazendo a realidade dos estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais como ponto de partida, não é tarefa simples, mas faz parte das habilidades e competências que o professor constrói ao longo da sua jornada. Estar aberto a ouvir, dialogar, propor, reavaliar e engajar é essencial nesse processo.

Projetos interdisciplinares aproximam o conhecimento escolar do mundo real, rompem barreiras entre disciplinas e promovem aprendizagens mais significativas.

Para o professor, o desafio também se torna uma oportunidade de integrar e repensar a prática pedagógica. No fim, o mais importante é lembrar: a escola pode e deve ser um ecossistema vivo de conexão com a comunidade e com a vida fora dos muros escolares.

Então, mãos à obra: essa é a hora de fazer acontecer!

Minibio do autor

Mestra em Ensino (UFPE), Klyvia Leuthier é Pedagoga e Licenciada em Ciências Biológicas (UFRPE). Além de ser Professora Colaboradora e integrar a gestão do curso de Licenciatura em Pedagogia na UFRPE, ela exerce a função de Gestora de Pesquisa e Projetos no Colégio Avance.

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