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Desde a década de 90, com o advento dos estudos acerca da organização pedagógica para o trabalho com os gêneros textuais/discursivos, a expressão “sequência didática” está frequentemente em uso por materiais didáticos, sistemas de ensino e docentes dos diferentes componentes curriculares do país.

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A sequência didática nas aulas de Língua Portuguesa

No que se refere ao ensino de línguas, mais especificamente o ensino de Língua Portuguesa (LP), com o intuito de atingir os principais objetivos do ensino do idioma para os alunos da Educação Básica, as sequências didáticas são, por ora, entendidos como formas de organização da proposta pedagógica de ensino de LP em que o texto seja o “ponto de partida e de chegada”.

Ou seja, de forma didática e integrada, os alunos aprendem os aspectos gramaticais (ortográficos, sintáticos…), textuais e discursivos, conforme postulam os documentos educacionais oficiais como os PCNs, as DCNs e a BNCC.

Para a elaboração e o uso de sequências didáticas de Língua Portuguesa, destacamos algumas premissas imprescindíveis, tais como:

  • a seleção do gênero textual/discursivo principal de trabalho (embora seja salutar a exploração de diferentes gêneros durante a sequência);
  • a definição dos objetivos a serem alcançados e observados ao final da sequência por meio das habilidades de leitura, oralidade, análise linguística e escrita.

Quais as etapas de uma sequência didática nas aulas de Língua Portuguesa?

A literatura disponível sobre a temática apresenta diferentes organizações pedagógicas de sequências didáticas, que se adaptam para as diversas realidades educacionais e públicos-alvo.

Selecionamos um grupo de 5 etapas que possibilitam a abordagem contextual e integrada das ações de ler, ouvir, falar e escrever. Para a elaboração de uma sequência didática sob essa perspectiva, pressupõe-se a escolha de um gênero textual como foco de estudo.

1. Pré-leitura 

Na etapa da pré-leitura, as atividades envolvem o conteúdo composicional do gênero textual/discursivo em foco.

Nessa etapa inicial, o objetivo principal é ativar os conhecimentos prévios dos alunos bem como motivá-los para a participação na sequência.

Por meio de atividades prioritariamente orais, os alunos devem ser levados a participar da aula com impressões, opiniões e trocas de conhecimento com os colegas da turma. É importante que, nesta etapa, o planejamento da sequência esteja em compartilhamento com a turma, de modo que todos percebam o percurso planejado e sintam-se integrados à proposta.

2. Leitura 

A etapa refere-se à leitura do gênero em foco. Antes da leitura propriamente dita, que pode ser realizada de forma individual, coletiva, o professor ou a professora explora a macroestrutura do gênero, a finalidade e a função social do texto.

No decorrer da leitura, o docente deve estimular a criação de hipóteses e inferências em relação aos sentidos do texto bem como as informações implícitas e o significado de palavras ou expressões desconhecidas pela turma.

Após a prática de Leitura Oral, procedem-se atividades de compreensão e interpretação acerca dos sentidos do texto.

3. Análise Linguística

Grosso modo, o termo “Análise Linguística” aqui adotado refere-se ao desenvolvimento da análise e da avaliação, durante leitura e produção de textos (orais, escritos e multissemióticos), das formas de composição dos textos, sua situação de produção e seus efeitos de sentido, para, entre outras coisas, mobilizar conhecimentos ortográficos, sintáticos e discursivos, por exemplo.

Nessa etapa, o professor ou professora aborda de forma mais específica algum aspecto da estrutura da língua, visando à reflexão sobre o uso. A escolha do objeto de conhecimento da língua a ser analisada deverá estar condizente ao gênero textual /discursivo que é foco do estudo da sequência.

A análise linguística, vista dessa forma, faz mais sentido para o estudante, uma vez que a aprendizagem sobre o emprego e o funcionamento dos elementos linguísticos se dá em prol da leitura mais proficiente dos textos e, também, da escrita. 


4. Pós-leitura 

Momento de ampliação temática em relação ao texto lido na etapa de leitura. Assim, os estudantes podem ser instigados a pesquisar acerca de outros textos do mesmo gênero, de outros textos que abordam o mesmo tema/assunto ou de aprofundamento sobre o contexto de produção e ou informações relevantes sobre a obra ou o autor/autora.

A pós-leitura pode envolver, para além de pesquisa e leituras adicionais, produções que retextualizem o texto lido, como desenhos, mapas mentais entre outros.

5. Espaço de produção

A última etapa da sequência se refere às propostas de produção de textos, tanto orais quanto escritos ou multimodais, de acordo com os objetivos do professor ou professora.

Idealmente, a produção deve ser a do gênero abordado na sequência, uma vez que os estudantes estudaram a macro e a microestrutura do texto em questão.

Ao propor a atividade, é importante que a produção tenha uma perspectiva de circulação social. Para isso, no início da sequência, é importante definir com os estudantes, por exemplo: 

  1. Quem lerá o texto?
  2. Como ele será escrito?
  3. Onde ele será publicado?
  4. Qual o objetivo do texto?

Como todo processo pedagógico, uma sequência didática deve ser flexível quanto aos ajustes necessários no decorrer de sua aplicação.

Além disso, a duração de uma sequência didática vai depender dos objetivos traçados pelo professor ou pela professora e da complexidade do gênero em estudo e dos recursos linguísticos selecionados para análise, reflexão e produção. 


Mario Sergio Mangabeira Junior é Mestre em Letras pela UFRRJ. Professor de Língua Portuguesa e Inglês da SME/RJ. Elaborador de material didático Rioeduca de Língua Portuguesa da SME/RJ. Atua em formação continuada na área de Metodologia de Ensino de LP e Organização do Trabalho Pedagógico. Atualmente, é Assistente da Coordenadoria de Gestão Escolar da SME/RJ.

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