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Matemática no Ensino Médio: formação continuada e estratégias pedagógicas

3 de junho de 2025,
E-docente
Matemática no Ensino Médio

Abordar o ensino de Matemática no Ensino Médio é, sem dúvida, abrir espaço para reflexões cruciais sobre os desafios diários que nós, professores, enfrentamos em sala de aula. Quem atua na educação sabe: ensinar Matemática vai muito além de transmitir conteúdos e resolver exercícios. É, na verdade, um esforço contínuo de ressignificação e adaptação, conectando os conteúdos curriculares a temas que captem a atenção do aluno em um mundo tecnológico de estímulos rápidos.

A Importância da Formação Continuada

A escola mudou, os alunos mudaram, e nós, professores, precisamos acompanhar essa evolução. A formação inicial, embora essencial, não abrange todas as demandas que surgem no cotidiano escolar. Por isso, a formação continuada torna-se uma ferramenta indispensável. Ela permite que o professor se atualize, conheça novas metodologias, explore recursos digitais e, mais do que isso, repense sua prática. Afinal, quantas vezes nos deparamos com a sensação de que, mesmo dominando o conteúdo, falta encontrar a chave para que os alunos realmente se envolvam e aprendam? Às vezes, essa chave está em uma trend específica de redes sociais, em alguma nova tecnologia ou, até mesmo, em um meme que se populariza entre os alunos.

Leia mais: A Matemática e o cotidiano

Estudos sobre Educação Matemática, metodologias ativas, ensino híbrido e o uso de tecnologias são alguns dos caminhos possíveis para enriquecer nossa prática. E não se trata apenas de acumular certificados, mas de refletir, experimentar e aprimorar continuamente o que fazemos em sala de aula.

Estratégias Pedagógicas que Fazem Sentido

Ao falarmos em estratégias, não existe uma fórmula mágica e, sinceramente, que bom que não existe! Cada turma, cada contexto e cada estudante exigem de nós um olhar atento e sensível. Contudo, algumas práticas, sem dúvida, podem transformar a maneira como nossos alunos se relacionam com a Matemática. A seguir, abordaremos algumas delas:

1. Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)

A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) convida os alunos a resolverem situações reais ou contextualizadas. A ideia é partir de um problema significativo que provoque a curiosidade e os leve a buscar, de forma colaborativa, soluções que envolvem conceitos matemáticos. Isso confere muito mais sentido aos conteúdos. As aulas estruturadas na lógica da ABP exigem um planejamento mais intencional e uma escuta atenta dos professores, que precisam estar conectados a temas atuais e próximos da realidade dos alunos. Isso se torna ainda mais necessário ao considerarmos que estamos lidando com uma geração que vive online o tempo todo, cercada de informação instantânea e, justamente por isso, mais exigente em relação ao propósito do que aprende. Eles querem entender por que estão estudando determinado conteúdo e como isso se aplica fora da sala de aula. Para tornar esse processo mais organizado e eficiente, existe uma metodologia bastante reconhecida, chamada “Os 7 Passos da ABP”, que serve como um guia na estruturação das atividades.

  • Analisar o problema: O primeiro passo é compreender profundamente o problema proposto, buscando entender como ele se conecta com situações reais e esclarecendo qualquer termo ou conceito que gere dúvidas. A ideia é garantir que todos do grupo estejam alinhados antes de avançar.
  • Delimitar o problema: Em seguida, é importante definir exatamente qual fenômeno ou situação precisa ser explicado ou resolvido. Este momento envolve selecionar os pontos principais e decidir qual caminho seguir na investigação.
  • Brainstorming: Posteriormente, o grupo compartilha ideias livremente, utilizando conhecimentos prévios, experiências e até o senso comum, sem se preocupar com a precisão das respostas neste primeiro momento. O objetivo é levantar o máximo de possibilidades.
  • Construir hipóteses: Aqui, os alunos organizam e detalham as ideias que surgiram, transformando-as em hipóteses coerentes que ajudem a explicar o problema. É nesse ponto que surgem as dúvidas e os conhecimentos que ainda precisam ser aprofundados.
  • Planejar o estudo: Com as lacunas de conhecimento identificadas, é hora de definir os temas que cada um pesquisará, os recursos que serão utilizados e quais estratégias serão adotadas para aprofundar o estudo.
  • Estudo individual: Cada integrante se dedica à busca de informações em fontes confiáveis, estudando os conteúdos necessários para responder às perguntas que surgiram.
  • Compartilhar e avaliar: Por fim, o grupo se reúne para compartilhar as descobertas, discutir as soluções para o problema e refletir sobre o que foi aprendido, tanto em relação ao conteúdo quanto ao próprio processo de aprendizagem em grupo.

2. Uso de Tecnologias e Recursos Digitais

Integrar a tecnologia nas aulas de Matemática não é mais um diferencial — é uma necessidade urgente e alinhada ao perfil dos alunos de hoje, que estão imersos no universo digital praticamente o tempo todo. Se a nossa missão como professores é tornar o aprendizado mais significativo, faz todo o sentido aproveitar ferramentas que dialoguem diretamente com esse universo. Recursos como o GeoGebra são verdadeiros aliados na hora de transformar conceitos que, muitas vezes, parecem distantes e abstratos — como funções, geometria analítica ou transformações no plano — em algo visual, dinâmico e interativo. A possibilidade de manipular gráficos, observar transformações em tempo real e testar diferentes parâmetros faz com que os alunos não apenas entendam, mas vivenciem a Matemática.

Leia mais: Professor de Ensino Médio: como tranquilizar o estudante para o Enem

Além dele, outros recursos também desempenham um papel fundamental. O uso de planilhas, por exemplo, permite trabalhar dados estatísticos, funções e até problemas financeiros de forma aplicada. Já simuladores online e calculadoras virtuais auxiliam a explorar cenários que, de outra forma, seriam difíceis de reproduzir em sala. E não podemos esquecer dos jogos digitais, como Kahoot!, Quizizz e plataformas de gamificação, que trazem elementos de competição saudável, desafios e feedbacks instantâneos. Tudo isso potencializa a participação dos alunos e torna a aula mais leve e divertida, sem perder a profundidade.

Mas é claro que a tecnologia por si só não faz milagre. O grande diferencial reside no sentido pedagógico que atribuímos a esses recursos. Não se trata apenas de usar um aplicativo por ser moderno, mas sim de planejar situações em que essas ferramentas realmente contribuam para o desenvolvimento do raciocínio matemático, da autonomia e da capacidade de resolver problemas. É mostrar, na prática, que a Matemática não está restrita ao quadro, ao livro ou às fórmulas, mas está presente nas telas, nos algoritmos, nas redes sociais, no mercado financeiro e em praticamente tudo que faz parte da vida contemporânea. Quando bem integradas, essas tecnologias não só geram engajamento, mas também ampliam significativamente as possibilidades de abordagem dos conteúdos, tornando as aulas mais inclusivas, colaborativas e conectadas com o mundo real. Trata-se de transformar a sala de aula em um espaço de investigação, experimentação e construção de sentido — exatamente o que a educação do século XXI exige de nós.

3. Ensino Híbrido, Sala de Aula Invertida e Conexão com a Vida Real

Cada vez mais, torna-se essencial que a aula de Matemática vá além da simples transmissão de conteúdos. Estratégias como o ensino híbrido e a sala de aula invertida surgem para transformar essa lógica, colocando o aluno no centro do processo. Ao ter contato prévio com o conteúdo — seja por meio de vídeos, textos, podcasts ou outros materiais digitais —, o estudante chega à sala de aula muito mais preparado para discutir, tirar dúvidas e, principalmente, aplicar o que estudou em situações práticas. Isso altera completamente a dinâmica da aula, tornando-a mais interativa, colaborativa e, acima de tudo, mais significativa.

Leia mais: Plano de aula do Ensino Médio: veja como elaborar

O ensino híbrido é uma abordagem que combina momentos presenciais com atividades realizadas no ambiente online, promovendo uma integração intencional entre os dois espaços. Já a sala de aula invertida é uma metodologia inserida nesse modelo, em que o aluno estuda os conteúdos teóricos em casa por meio de vídeos, textos ou outras mídias e, no encontro presencial, o tempo é dedicado à resolução de problemas, discussões e atividades práticas. Nessas metodologias, o professor deixa de ser o transmissor exclusivo de conhecimento e passa a ser um mediador — alguém que orienta, conduz reflexões e propõe desafios —, enquanto os alunos assumem uma postura mais ativa e autônoma no processo de aprendizagem.

E aqui entra um ponto fundamental: a conexão da Matemática com o cotidiano. Não é mais possível ensinar Matemática como se ela fosse algo distante, abstrato e desconectado da realidade. Pelo contrário, ela está presente em absolutamente tudo. Trazer para a sala de aula situações que envolvem finanças pessoais, cálculos de juros, análises estatísticas, porcentagens, interpretação de gráficos — temas que os alunos encontram no noticiário, nas redes sociais e até nas decisões do dia a dia — faz toda a diferença. Isso não só auxilia na compreensão dos conceitos, como também responde à pergunta que tanto ouvimos: “Para que vou usar isso na minha vida?”. Ao unir essas metodologias ativas com problemas do mundo real, o professor não só atualiza sua prática, mas também engaja os alunos de forma muito mais efetiva, despertando neles o senso de propósito e relevância em relação ao que estão aprendendo. Afinal, uma aula que dialoga com a vida é uma aula que faz sentido.

Conclusão: Matemática no Ensino Médio

O Papel do Professor Nesse Cenário

Ser professor de Matemática hoje é ser, ao mesmo tempo, facilitador, mediador, pesquisador e eterno aprendiz. É entender que o processo de ensino-aprendizagem não é linear e que os desafios fazem parte do caminho.

Por isso, investir em nossa formação continuada e buscar estratégias pedagógicas mais alinhadas às necessidades dos nossos alunos é indispensável. E mais do que isso: é também um ato de cuidado, tanto com os estudantes quanto conosco, enquanto profissionais que acreditam no poder transformador da educação.

Ensinar Matemática no Ensino Médio é, sim, desafiador. Mas é também uma oportunidade incrível de contribuir com a formação de jovens mais críticos, autônomos e preparados para os desafios da vida. A formação continuada e o uso de estratégias pedagógicas bem pensadas são aliados fundamentais nessa missão.

No fim das contas, não se trata apenas de ensinar Matemática, mas de ajudar os alunos a perceberem que eles são capazes de aprender, entender e, quem sabe até, gostar de Matemática.

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