Março Lilás e o combate ao Câncer de Colo de Útero

Muitas pessoas não conhecem a campanha de combate ao câncer de colo de útero, Março Lilás, mas precisamos falar sobre ela.

Recentemente, em 8 de março, o mundo celebrou o Dia Internacional da Mulher. Data de luta e combate às inúmeras e multifacetadas opressões e discriminações das quais nós, ainda, somos vítimas. 

Além destas, há outras típicas problemáticas femininas, mais distantes destas discrepâncias socioculturais. E que também poderiam ser minimizadas.

É justamente no berço de toda geração de vida que carrega dentro de si, que, no Brasil, representantes do gênero feminino têm padecido de um sofrimento evitável: o câncer do colo de útero. 

Diante desta preocupante realidade, é no dito “mês da mulher” que se efetiva, em todo o país, a campanha Março Lilás, de combate à doença.

Quer saber mais sobre a importância do Março Lilás?
Então, confira o conteúdo sobre o tema!

A importância do Março Lilás

A importância do Março Lilás

Em nosso país, considerando apenas o universo feminino, excluídos os de tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer com mais incidência. 

De acordo com o portal do Instituto Nacional do Câncer (INCA) inserido no do Governo Federal, para este ano de 2023, foram estimados 17.010 novos casos, o que representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.

Regionalização

Fazendo uma análise regional, a maior incidência do câncer do colo do útero está localizada nas regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil), onde é o segundo mais comum, atrás apenas do câncer de mama (na região nordestina, são 61,85 casos de câncer mamário para cada 100 mil mulheres).

Voltando ao de colo uterino, é o terceiro maior, em incidência no Centro-Oeste (16,66/100 mil), ocupando a quarta posição no Sul (14,55/100 mil) e quinta, no Sudeste (12,93/100 mil), ainda segundo dados do INCA de 2022.

Infográfico Câncer Colo de Útero

Onde se instala a doença

O colo uterino é a denominação da parte inferior do útero localizada junto à cúpula da vagina, com a qual se comunica por meio de um conduto, o canal cervical, também chamado de zona de transformação.

É exatamente por este canal onde sai o sangue menstrual e penetram os espermatozóides durante a relação sexual.

A parte externa do colo, que fica em contato com a vagina, chama-se ectocérvice; já a interna é a endocérvice. É justamente na zona de transformação, mais especificamente nas células que as forram (o epitélio) onde a maioria dos tumores do colo uterino se desenvolve.

Desenvolvimento

O tumor uterino costuma ter início como uma lesão pré-maligna, causada pelo Papilomavírus Humano (HPV).

De acordo com o grau de comprometimento, essa lesão pode ser classificada em graus 1, 2 e 3 (em ordem crescente de agressividade).

Na última fase, as células malignas ainda não têm a capacidade de invadir os tecidos e causar metástases, por estarem limitadas por uma barreira natural do órgão, a membrana basal.

Só quando a ultrapassa, o tumor pode invadir progressivamente os tecidos vizinhos. 

A partir daí, é que podem seguir para órgãos próximos como bexiga, ureteres, reto, cavidade pélvica, os linfonodos da região e penetrar os vasos linfáticos e sanguíneos para ter acesso a outros mais distantes, como pulmões, fígado e ossos.

Sintomas

A doença pode se desenvolver sem sintomas em sua fase inicial. Somente em quadros mais avançados, é possível que ocorram sangramento vaginal (intermitente ou pontualmente, após a relação sexual) e secreção vaginal anormal.

Há, ainda, casos de dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

Tratamento

O tipo de tratamento ao qual a paciente precisará se submeter depende de uma série de variáveis.

Dentre elas, o estado de desenvolvimento da doença, o tamanho do tumor e, sempre a serem considerados, fatores pessoais. 

É importante considerar, por exemplo, a idade da mulher e se ela tem ou não planos de maternidade.

Os tratamentos mais comuns, de toda forma, são a cirurgia e a radioterapia. É sempre importante ressaltar, entretanto, que exames preventivos realizados periodicamente permitem diagnosticar lesões pré-malignas ou malignas desde as fases precoces evitando, assim, os tratamentos mais invasivos.

Sobre o HPV

A infecção genital por esses vírus não é incomum e, muitas vezes, nem chega a causar doenças mais graves.

É sexualmente transmissível e pode causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. Em alguns casos, entretanto, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer.

O vírus é, na verdade, responsável por 95% dos casos deste tipo de enfermidade no Brasil.

Prevenção

A principal forma de prevenir o câncer de colo de útero é a vacina contra o HPV.

Em 2014, a rede de saúde pública (SUS) passou a disponibilizá-la para meninas de 11 a 13 anos. A partir de 2017, para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pelo Ministério da Saúde.

Isso porque a vacina previne não apenas cânceres de colo do útero, mas também 90% das verrugas genitais (comuns a ambos os sexos).

Ela atua, ainda, contra quatro tipos do HPV (6, 11, 16 e 18) e deve ser aplicada em três doses (a segunda, seis meses após a primeira, e a terceira, cinco anos mais tarde). Os tipos 16 e 18 respondem por 70% dos casos da doença. 

Lembrando que a vacina também pode ser adquirida por jovens de outras idades e pessoas adultas em clínicas particulares. Mas, seus benefícios são conferidos principalmente à população feminina ainda sem atividade sexual.

Vale ressaltar, ainda, que a adoção das vacinas anti-HPV não substitui o rastreamento pelo exame preventivo e periódico (a cada seis meses) na fase adulta, após o início da vida sexual. 

Como a evolução do câncer de colo uterino costuma ser lenta, estes exames podem detectar alterações pré-cancerígenas precoces.

Lesões que, quando tratadas a tempo, são curadas na quase totalidade dos casos, não evoluindo para o câncer.

A diminuição dos riscos de contágio pelo HPV é outra forma de evitar a doença. Para isto, é necessário o uso de preservativos (masculinos e femininos) durante a relação sexual. 

No entanto, trata-se de uma proteção parcial, visto que o contágio também pode ocorrer por meio do contato com a pele da vulva, com as regiões perineal (entre a vulva e o ânus na mulher, e entre o escroto e o ânus no homem), perianal (em volta do ânus) e bolsa escrotal.

Outras formas de prevenção são evitar o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

Falando sobre prevenção na escola

Como uma das formas de prevenção do câncer de colo de útero é destinada aos adolescentes, ainda antes do início de suas atividades sexuais, a abertura de um processo de diálogo a respeito do assunto na instituição de ensino pode ser importante. 

Para isso, as professoras ou professores podem procurar desenvolver uma reflexão crítica entre as alunas sobre o assunto, estimulando a procura pelo serviço de prevenção e assistência adequadas.

Falando sobre prevenção na escola

Sobre a campanha

Nas pesquisas pela internet, não é fácil discernir, exatamente, quando teve início a campanha Março Lilás.

Sabe-se, entretanto, que, como março é considerado o mês da mulher, tornou-se também propício ao alerta sobre o risco de uma das doenças responsáveis por causar tantas mortes – volto a dizer – evitáveis. 

Infográfico Março Lilás

Gostou de saber mais sobre a importância do Março Lilás? Então, confira nosso conteúdo sobre o Dia da Escola!

Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.