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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias no ENEM: temas que mais caem

29 de maio de 2025,
E-docente
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias no ENEM

Ano após ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) continua sendo um dos principais direcionadores das atividades pedagógicas nos últimos anos da Educação Básica. À medida que se aproxima o momento de disputar uma vaga nas universidades por meio desse processo seletivo, estudantes e professores intensificam a atenção aos conteúdos mais cobrados em cada área, bem como às melhores estratégias para desenvolver a tão famosa redação dissertativa-argumentativa.

Neste texto, abordaremos os conteúdos que mais frequentemente aparecem na avaliação de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, sugerindo caminhos para um estudo consistente. Antes, porém, faremos uma breve apresentação sobre a estrutura desse exame.

Provas do ENEM: Estrutura e Características

As questões do ENEM estão organizadas em quatro áreas do conhecimento, que agrupam as tradicionais disciplinas escolares (atualmente referidas como “componentes curriculares”). A divisão ocorre da seguinte maneira:

  • Na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, estão as questões relacionadas aos componentes de Língua Portuguesa, Literatura, Arte, Educação Física e Língua Estrangeira – inglês ou espanhol;
  • Na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, são agrupados os conhecimentos de História, Geografia, Filosofia e Sociologia;
  • Na área de Ciências Naturais, temos questões que abrangem os saberes de Química, Física e Biologia;
  • E na área de Matemática, residem as questões relacionadas aos eixos temáticos/unidades temáticas da Matemática (Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas, e Probabilidade e Estatística).

Cada área contém 45 questões de múltipla escolha. As questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas são aplicadas juntamente com a redação no primeiro domingo de prova, enquanto as questões de Ciências Naturais e Matemática ficam para o segundo dia.

Uma das principais características da cobrança dos conteúdos é a ênfase em questões que buscam contextualizar os saberes de cada área, muitas vezes de forma interdisciplinar, evitando a simples memorização de conceitos. Pensando na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, isso significa que o estudante necessita muito mais de uma boa capacidade de leitura crítica e análise interpretativa de textos do que de um extenso repertório de termos gramaticais ou conhecimentos enciclopédicos desvinculados de situações reais de comunicação.

Considerando a forma como as questões são elaboradas, outra característica importante a ser destacada sobre as questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias é o uso de gêneros discursivos reais provenientes dos mais diversos contextos sociais. Isso significa que as questões geralmente podem partir, por exemplo, de trechos de notícias, resenhas, crônicas, contos, letras de música ou postagens em redes sociais. Além disso, há o trabalho com textos multimodais, como tirinhas, infográficos, pinturas, fotografias, mapas ou propagandas.

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O uso desses e de tantos outros gêneros discursivos indica que o candidato precisa estar atento não só à compreensão dos saberes particulares de cada área, mas também ao aperfeiçoamento de seu repertório sociocultural. As questões exigem uma boa capacidade de articular os saberes escolares com os conhecimentos de mundo, que vão desde referências a eventos historicamente conhecidos a fatos de grande relevância contemporânea. Vale ressaltar que esses e outros aspectos pertinentes aos itens do ENEM são abordados de maneira mais detalhada no e-book “Como preparar simulados para o Enem”, de autoria de Shenia Bezerra, que pode ser baixado gratuitamente no site do E-docente.

Temas Recorrentes em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Feita a contextualização sobre as principais características do ENEM e, especificamente, do modo como os saberes são cobrados na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, cabe agora aprofundarmos nos conteúdos que, com grande frequência, estiveram presentes na maioria das últimas edições do exame.

1. Interpretação Textual: A Chave para o Êxito

Comecemos por um tópico já mencionado: a atenção à interpretação textual de variados gêneros discursivos, sejam eles literários ou não literários. Muitas questões do ENEM se dedicam basicamente a verificar se o candidato consegue reconhecer a ideia central de um texto, os efeitos de sentido provocados por determinados elementos linguísticos ou a intenção comunicativa do autor, compreendendo, inclusive, informações que podem não estar explícitas. Isso significa que o trabalho recorrente de leitura e interpretação deve permear a rotina de estudos do candidato, prática que será bastante útil em todo o exame, não apenas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

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Ainda no tópico de interpretação textual, cabe dedicar atenção também ao reconhecimento da tipologia textual, isto é, às características, por exemplo, dos textos narrativos, argumentativos ou descritivos. Cada tipo orienta uma determinada forma de composição, com uso de certos elementos recorrentes e objetivos comuns a cada um. Logo, é importante que, nos exercícios de interpretação, o candidato busque analisar diferentes tipos textuais que constituam os diferentes gêneros.

2. Variação Linguística: Diversidade e Significado

Outro tópico bem frequente é a variação linguística e todos os seus possíveis desdobramentos, como o reconhecimento dos fatores envolvidos em tais mudanças, que incluem aspectos sociais, históricos, regionais ou situacionais. Tal tema tem grande apelo, pois costuma protagonizar matérias jornalísticas que abordam a diversidade cultural do Brasil, as múltiplas realizações linguísticas das diferentes camadas sociais do nosso país, e o preconceito linguístico associado a essas variantes. Sobre esse último ponto, podem ser apresentadas notícias que tratam da discriminação sofrida por um brasileiro em um contexto de comunicação com um português, reportagens sobre o preconceito contra o modo de falar de cidadãos das camadas mais populares, ou ainda trechos de entrevistas que comentam sobre o juízo de valor associado às variantes de moradores de regiões geográficas distantes dos grandes centros urbanos.

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Transpondo dos gêneros discursivos informativos para o campo dos gêneros literários, o estudo da variação linguística é igualmente produtivo. Na história da literatura brasileira, muitos autores utilizaram variantes como forma de reafirmar determinado posicionamento ideológico e expressivo em suas obras. Podemos mencionar desde a prosa interessada na variante brasileira em oposição à variante lusitana durante o Romantismo, em meados do século XIX, passando pelos modernistas, já no século XX, dedicados a valorizar a identidade nacional a partir de usos coloquiais da língua e do destaque para variantes de diferentes regiões do país, até o século XXI, com cada vez mais autores e autoras interessados em representar a diversidade da fala contemporânea. Isso inclui registros linguísticos das camadas periféricas, da linguagem influenciada pela comunicação digital ou pelos discursos de minorias sociais, como os oriundos de autorias femininas, da comunidade LGBT+, negras ou indígenas.

3. Figuras de Linguagem: Expressividade e Interpretação

Em diálogo com a leitura e a interpretação de textos literários, podemos destacar as figuras de linguagem como um tópico importante no percurso de análise das questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do ENEM. Em uma pesquisa rápida em gramáticas e manuais pedagógicos, percebemos que a lista desses recursos linguísticos pode ser bem extensa, com alguns apresentando um quantitativo que chega a quarenta figuras! Claramente, como já foi dito, o candidato não precisa dedicar tempo a memorizar dezenas de figuras de linguagem e suas respectivas classificações, uma vez que as poucas e recorrentes que são cobradas estão sempre em um contexto discursivo que exigirá muito mais a interpretação desses recursos do que sua pura definição. Dentre as mais populares, destacamos: metáfora, metonímia, antítese, paradoxo, ironia, prosopopeia, eufemismo e hipérbole.

4. Funções da Linguagem: Comunicação e Intenção

Por último, vale lembrarmos das funções da linguagem como outro tema pertinente nos estudos para a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do ENEM. Essas funções são entendidas como a ênfase que o autor de um discurso atribui a um dos elementos da comunicação, ou seja, cada função se relaciona a um determinado elemento da seguinte maneira:

  • função emotiva: destaca o emissor;
  • função apelativa: enfatiza o receptor;
  • função poética: a mensagem;
  • função fática: o canal;
  • função metalinguística: o código; e
  • função referencial: o contexto.

Em resumo, se o autor de uma mensagem quiser destacar o canal comunicativo, temos a função fática; se ele busca evidenciar o valor expressivo da mensagem, temos a função poética; por outro lado, se ele quiser enfatizar a ação do discurso na ação do interlocutor, teremos a função apelativa, e assim por diante. Assim como o estudo sobre as figuras de linguagem, o entendimento das funções envolve muito mais uma compreensão das motivações de determinada situação comunicativa do que apenas a memorização de todos esses elementos. Por exemplo, em propagandas, a função apelativa é a mais usual; já em textos literários, há destaque para a função poética; e, normalmente, em notícias, temos ênfase na função referencial. Cada escolha orienta um modo determinado de construir o texto, pensando em seu objetivo comunicativo e em seu interlocutor em potencial.

Conclusão: Preparação Abrangente para o ENEM

Para finalizar, concluímos, então, que toda a trajetória de estudos para o ENEM deve, também, levar em conta a leitura e a realização das provas anteriores. Assim, o candidato consegue ter ainda mais clareza sobre a forma como o exame é elaborado e como lidar com o tempo disponível para a resolução das questões. No caso do preparo para a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, conforme mencionado, a atenção do candidato deve estar direcionada para a capacidade de desenvolver a leitura crítica dos textos, a interpretação atenta aos diferentes recursos comunicativos dos quais nossa língua dispõe e a ampliação constante de seu repertório sociocultural — habilidades que, sem dúvida, o acompanharão para muito além do vestibular.

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