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A avaliação em sala de aula faz parte de um processo pedagógico contínuo e extremamente importante, pois traz subsídios para a revisão dos processos de ensino e da aprendizagem.

O ato de avaliar está presente a todo momento na sala de aula e seus resultados fornecem uma visão global sobre o panorama educacional que está se construindo e consolidando no ambiente onde o processo didático e pedagógico está ocorrendo.

A avaliação pode se dar por meio de um diálogo, de uma verificação simples sobre uma ação, na averiguação de uma atividade, no comportamento dos indivíduos e, entre outras, de maneira mais formal, como uma prova convencional.

Quando o professor decide por esta última, é porque percebeu o momento de consolidar, em um instrumento, as habilidades que pretende verificar. Se estas se desenvolverem bem, quem desenvolveu e em que grau.

Quando esse tipo de avaliação especifica-se a adolescentes e jovens, é muito comum, e bastante eficiente, a utilização de itens de múltipla escolha em sua composição.

Quer saber como trabalhar itens de múltipla escolha para a avaliação em sala de aula? Confira agora mesmo o conteúdo que produzimos sobre o tema!

Como utilizar itens de múltipla escolha para a avaliação em sala de aula?

Como utilizar itens de múltipla escolha para a avaliação em sala de aula?

Os itens de múltipla escolha são questões objetivas que permitem ao respondente selecionar a resposta correta entre as opções colocadas à sua escolha. E, ao aplicador, quantificar quem desenvolveu aquela habilidade ou identificar fragilidades na aprendizagem.

São várias as vantagens de se utilizar itens de múltipla escolha. Entre elas, a mais óbvia, é o tempo que se obtém em sua correção.

Porém, há outras vantagens menos evidentes como, por exemplo, a utilização de informações relevantes a partir do item para obtenção da habilidade que se deseja avaliar.

Também é possível trabalhar com as respostas incorretas que, como veremos, trazem pistas sobre o rumo tomado no processo de ensino daquela habilidade.

Outra grande vantagem é permitir ao estudante se apropriar do formato das avaliações em larga escala que, em algum momento, irão fazer parte de seu contexto.

No entanto, um item de múltipla escolha só será um aliado para avaliação caso seja bem elaborado e mensure a aprendizagem do estudante. Por isso, discutiremos sobre sua elaboração.

Conceito da múltipla escolha

Para iniciar esta discussão, é preciso reconhecer a estrutura de um item de múltipla escolha que, basicamente, compõe por um enunciado e por alternativas de respostas.

Enunciado

O enunciado é a parte do item que traz as informações necessárias que o estudante irá utilizar para chegar a uma resposta.  Por isso, ele deve ser bastante claro para se compreender perfeitamente o que está sendo requerido.

As informações devem ser suficientes para que o estudante possa encontrar a resposta correta, e deve-se evitar informações desnecessárias que poderão confundir mais do que ajudar.

O enunciado deve apresentar um único problema bem formulado que conduzirá a uma única habilidade a ser mensurada.

No enunciado, pode-se utilizar ainda gráficos, tabelas, figuras, textos literários etc., mas nunca se deve utilizar algum desses elementos caso ele não seja necessário.

O enunciado deve ainda ter um comando que direciona o respondente às alternativas. É o comando que traz a indagação do problema. É no comando que se identifica a habilidade que permeia o item. O comando pode ser feito em forma de uma interrogação, ou de frase a ser completada.

Neste último caso, as alternativas devem começar com letras minúsculas, pois cada uma delas completará o enunciado inicial.

Alternativas

As alternativas constituem a parte do item que apresenta as opções de respostas. Elas devem ser plausíveis com o enunciado e devem ser auto excludentes, isto é, uma alternativa não deve completar outra.

Assim como o enunciado, as alternativas devem ser claras. Deve-se evitar palavras negativas e alternativas do tipo “nenhuma das anteriores”, “todas as alternativas são corretas” ou “são corretas A e B”. Entre as alternativas, somente uma pode ser a resposta correta, que é chamada de gabarito.

As alternativas não corretas são chamadas de distratores e são tão importantes quanto o gabarito, pois, a partir da escolha de um distrator por um determinado número de estudantes, o professor poderá inferir quais foram as estratégias cognitivas utilizadas pelo estudante e em que medida elas se afastam do gabarito, o que elas revelam em termos de aprendizagem.

Isso permitirá ao professor corrigir rumos no processo de ensino, revisar seu planejamento, repensar sua metodologia e adequar suas estratégias pedagógicas.

O objetivo é que o estudante faça a escolha do gabarito por meio de suas estratégias cognitivas, mostrando ter desenvolvido a habilidade requerida. Por isso, caso muitos estudantes optem por algum distrator, é preciso verificar o que está causando essa problemática.

Exemplo prático

Elaborar alternativas de respostas plausíveis e condizentes com o enunciado e com a habilidade requerida não é o mesmo que utilizar as chamadas “pegadinhas” nas respostas, normalmente pensadas para confundir ou mesmo induzir ao erro, já que exigem atenção redobrada a um aspecto que não é relevante para a avaliação da aprendizagem.

No entanto, alternativas que revelem uma estratégia de raciocínio equivocada devem, sim, fazer parte do item. Vamos analisar os dois itens apresentados a seguir, em que o primeiro apresenta uma pegadinha e o segundo apresenta alternativas que apontam para estratégias equivocadas de raciocínio.

Alternativas que apontam para estratégias equivocadas de raciocínio.

Veja que no primeiro item, por força de hábito, seguindo uma suposta lógica baseada na rima (“-ema”), o respondente pode deduzir que o nome da clara do ovo e gema, levando-o a “cair” em uma pegadinha ao escolher a primeira alternativa.

Já o segundo item expressa em suas alternativas respostas que permitem inferir sobre as estratégias cognitivas incorretas ou equivocadas.

A alternativa A, por exemplo, pode ser escolhida pelos estudantes que supõem que dois ao cubo seja equivalente a dois somados a três.

Para quem escolheu a alternativa B, pode-se ter entendido que, na verdade, seja a multiplicação de dois e três.

A alternativa C é o gabarito, ou seja, o cubo de dois corresponde a quantidade de vezes (três) que o número dois é multiplicado.

Finalmente, a alternativa D pode ter sido escolhida por quem trocou o cubo de dois pelo quadro de três. Resumidamente, teríamos o seguinte:

  • estudantes que julgaram incorretamente que 23 = 2 + 3;
  • estudantes que julgaram incorretamente que 23 = 2 x 3;
  • estudantes que julgaram corretamente que 23 = 2 x 2 x 2;
  • estudantes que julgaram incorretamente que 23 = 32.

Comentário

Neste caso, todos os distratores trazem pistas sobre os erros dos estudantes e permitem que o professor faça um trabalho focado naquele tipo de raciocínio que os levou à marcação de um distrator.

Além das questões trazidas acima, vale a pena refletir sobre alguns pontos que, se bem observados, aumentam significantemente a qualidade de um item de múltipla escolha. Por exemplo:

Não elabore, para um mesmo teste, mais de um item que verse sobre a mesma habilidade.

Sabemos que a quantidade de habilidades apresentadas no currículo é imensa e, em um período curto, é preciso desenvolver uma série delas. O teste é um momento importante em que estas habilidades são postas à prova.

Então, diversifique, aumentando a possibilidade de avaliar a maior quantidade de habilidades sem, no entanto, tornar o teste excessivamente fatigante.

Procure utilizar contextos que estejam adequados à faixa etária do estudante, que seja apropriado para as questões educativas, que traga informações que possam ser compreendidas pelo público avaliado, que o problema esteja claramente enunciado, e que não demande tempo demasiado para a obtenção da resposta.

Evite utilizar termos como “nunca”, “não”, “exceto”, “errado”, “incorreto”, “sempre”, tanto no enunciado como nas alternativas.

Não utilize distratores obviamente incorretos, assim como também se deve evitar alternativas atrativas que, pela natureza, chamem mais atenção que as demais alternativas (texto muito maior no gabarito do que nos distratores, por exemplo).

Procure revisar os itens antes de utilizá-los. Verifique se não há erros gramaticais.

Procure tornar o item bem apresentado esteticamente, evitando que as informações fiquem dispersas ou perdidas ao longo da leitura.

Evite itens que priorizem a memorização. Bons itens são aqueles que privilegiam o raciocínio, permitindo que o estudante crie estratégias cognitivas que o direcionam à resposta correta.

Conclusão

Portanto, utilizando essas dicas, seus itens serão bastante significativos e a avaliação composta por eles trará grandes vantagens para uma aferição sobre os processos de ensino e de aprendizagem.
Gostou de saber mais sobre como trabalhar itens de múltipla escolha para a avaliação em sala de aula? Então, descubra agora os desafios e possibilidades do ensino de gramática!