Festa Junina

Haveria de ser mesmo um tanto quanto estranho que, em um país de dimensões continentais como o Brasil, não houvesse diferenças acentuadas, inclusive culturais, entre as suas regiões. 

Sotaques, vocábulos e festividades podem ser bem característicos de determinado local e completamente alheios a quem reside a vários quilômetros de distância.

Algumas datas do calendário, entretanto, como o Natal e o Carnaval, costumam unir o país de Norte a Sul. 

Outras, embora conhecidas em todo o Brasil, são mais típicas de determinada região, a exemplo das Festas Juninas que movimentam público, economia e cadeia produtiva cultural com ainda mais força no Nordeste. 

No entanto, em um universo cada vez mais conectado – e, consequentemente, integrado –, o compartilhamento de informações e práticas influencia e cria novos e velhos costumes, sejam eles mais parecidos com os originais, sejam eles resultados das adaptações locais.

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Festa Junina atividades pedagógicas

Qual a origem da festa junina?

Estas festas são tão representativas de algumas das nossas muitas características que se costuma atribuir a elas uma origem nacional.

A verdade é que as suas raízes remetem à mistura de elementos das tradições pagãs romano-germânicas com as cristãs.

Na antiguidade ocidental, povos que habitavam as regiões campestres costumavam homenagear deuses diversos que, de acordo com a crença da época, poderiam garantir sucesso de plantações e colheitas.

Estas homenagens, festivas, executavam-se exatamente durante a passagem do inverno para o verão. Algo que no Centro-Sul europeu acontece justamente no mês de junho.

Quais foram os primeiros rituais da festa junina?

Os primeiros rituais festivos presentes nas festas juninas consistiam, basicamente, no acendimento de fogueiras e de balões, além de danças e cânticos.

Na transição da Idade Antiga para a Média, com a cristianização dos romanos e dos povos bárbaros a Igreja Católica assumiu estas festividades como principal instituição do período medieval.

Gradativamente, também começou a ser diluído o culto aos deuses pagãos e sua substituição pelos santos: Santo Antônio (comemorado no dia 13), São João (24) e São Pedro (29).

Festas Juninas no Brasil

A colonização brasileira, a partir do século XVI, consolidou a existência e a sedimentação das festividades juninas em nosso país.

Além, é claro, de conferir um perfil miscigenado à mesma: com a celebração dos dias santos, herdada da tradição européia, passaram a conviver elementos típicos do interior e de tradições surgidas a partir da própria mistura étnica de que se compõe o país: das comidas típicas as danças, passando pela utilização de determinados instrumentos musicais.

Dessa forma, a tradição caipira do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil mesclou-se à do interior nordestino e à amazônica, dentre outras, resultando numa pluralidade composta por gastronomia, figurino, estética, danças, músicas e hábitos.

A festa junina como elemento pedagógico

Desenvolver uma prática pedagógica eficaz parte do princípio de enxergar as festividades juninas como elemento integrante e fundamental da cultura popular brasileira, como um todo.

Dessa forma, elas devem se incorporar ao calendário escolar e, ao máximo possível, no formato com a colaboração de todo o corpo docente e discente.

É necessário, entretanto, adotar alguns cuidados ao fazê-lo. Afinal, a escola deve colaborar para o desenvolvimento do raciocínio crítico sobre a realidade, desde a Educação Infantil.

Um desses cuidados é, primeiramente, estabelecer o critério de não estereotipar a figura do “caipira” para que ela não seja retratada de maneira jocosa ou pejorativa. 

Pode-se evitar, por exemplo, clichês depreciativos como o da pessoa desdentada, com roupas rasgadas, cabelos despenteados e vocabulário “incorreto”.

O outro cuidado é respeitar o dogma religioso individual (ou ausência dele) ao fazer referências aos santos que as festas homenageiam.

Uma das maneiras é enfocar mais a origem histórica dessas festas, reforçando os elementos culturais que fazem parte dela, como as comidas típicas, músicas e danças.

Vetor de inserção de competências e habilidades da BNCC

Os eventos e as atividades culturais promovidos pela instituição escolar são maneiras de desenvolver, nos alunos, essas competências/habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e devem ter estímulos tanto dentro quanto fora da sala de aula.

Pode-se, por exemplo, por meio dessa temática, abordar os costumes de um determinado povo e região, fatos e acontecimentos de cada local do país, que se configuram como elementos de cunho artístico, geográfico, histórico e cultural.

O trabalho em conjunto tanto no planejamento quanto na execução da festa escolar resulta, ainda, em maior interação entre os estudantes, enriquecendo a aprendizagem de todos e consistindo, também, na aquisição de habilidades como divisão de tarefas, comprometimento, pesquisa e planejamento.

Festa Junina na escola

Comemorando e aprendendo na escola

Além da notória consequência do aprendizado de competências e habilidades, a comemoração de uma data festiva por todos os integrantes de um determinado corpo escolar fortalece o restabelecimento de uma dinâmica mais interativa, necessária notadamente após um período de forçado isolamento advindo da pandemia da Covid-19.

Para além disto, estes festejos podem fazer parte da abordagem dos componentes curriculares. Vamos a alguns exemplos:

História e Geografia – além das origens dos festejos juninos, os estudantes podem aprender sobre o berço da quadrilha (França), sua introdução no Brasil e modificações ao chegar ao país.

Língua Portuguesa – apesar de tantas adaptações, a origem francesa ainda se percebe, por exemplo, no uso de expressões aportuguesadas do francês das cantigas de quadrilha, como “anarriê”, “alavantú” e “balancê”.  Sendo assim, pode-se abordar o assunto tanto no estudo do idioma português quanto no de outros.

Educação Física – a quadrilha junina, cercada de coreografias e movimentos sincronizados, pode, por exemplo, ajudar a desenvolver a coordenação motora. Além disso, os folguedos também incorporam diversas brincadeiras e jogos que podem animar os estudantes, como corrida de saco, ovo na colher, pescaria, pau-de-sebo etc.

Matemática – é possível trabalhar aspectos relacionados ao pensamento computacional a partir da observação da coreografia junina, em que há padrões de movimentos que são acionados a partir de comandos, para ir adiante, ir para trás, balançar etc.

Arte – desenvolver um trabalho relacionado à confecção de cenários e de vestimentas, de construção de playlists com músicas que se associam ao período junino, entre outros.

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