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Ao recorrer aos sites de busca, em uma pesquisa breve, é possível obter um panorama realista da situação: na imensa maioria dos rankings das profissões mais estressantes feitas pelos mais variados veículos ao longo dos anos, “professor” figura, invariavelmente, entre os cinco ou sete primeiros colocados.

Se analisarmos o sentido estrito de quem exerce essa profissão – enquanto exemplo, mediador de conhecimento além de, de alguma forma, detentor de algum grau de responsabilidade sobre o outro – não é difícil entender o quanto o estresse pode comprometer o desempenho deste profissional e o aproveitamento de quem dele usufrui.

E como alguém pode, em última instância, cuidar adequadamente do outro se não cuidar de si mesmo?

Uma das competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) refere-se, justamente, aos conceitos de autoconhecimento e autocuidado. Diz respeito ao reconhecimento das emoções próprias e alheias, tendo autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Se estas competências integram a vida escolar estudantil, por que não fazer parte, também, da docência?


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Então, confira o conteúdo que preparamos para você!

No Dia dos Professores, vamos falar sobre nosso estresse?

No Dia dos Professores, vamos falar sobre nosso estresse?

O exercício de quase todas as profissões ou ofícios possuem como característica a presença de eventos casuais, esporádicos ou até mesmo frequentes de estresse. Em verdade, qualquer atividade trabalhista pode colocar o seu operador sujeito a problemas nos mais variados âmbitos.

Algumas delas, entretanto, trazem este componente como algo além do ocasional. Para muitos, o estresse faz parte da rotina.

Estando sempre nos rankings da internet, revistas e diversos veículos de comunicação como a quarta, a quinta ou a sétima ocupação mais estressante, a do professor vem carregada de aspectos inerentes ao fazer que podem estimular o desenvolvimento de problemas de ordens diversas, sejam físicas, mentais e/ou emocionais.

Problemas de ordem física

Mencionar que os professores costumam sofrer desgastes dessa ordem é uma forma bastante simplista de explorar o assunto.

A verdade é que é possível enumerar em subdivisões o tanto de partes do corpo que podem sofrer simplesmente devido ao excesso ou falta de cuidados nos hábitos rotineiros.

Afinal, professores falam por horas seguidas, expõem-se a causadores de alergias como giz de cera, ficam muito tempo de pé ou em frente ao computador, repetem movimentos que podem prejudicar a coluna ou, no caso dos docentes da primeira infância, agacham-se com frequência.

Cuidados com o corpo

Dar muitas aulas seguidas, sempre de pé por muitas horas, é um hábito que pode se transformar em um problema ao longo do tempo.

É importante então que, quando estiver de pé, o professor mantenha os joelhos levemente flexionados evitando forçar demais as articulações.

No caso das mulheres, por mais que sejam adeptas da elegância, os saltos devem ser evitados no dia a dia. A orientação é optar por sapatos confortáveis. Para que dormências e problemas de circulação também não apareçam, outra sugestão é o uso de roupas largas que ajudam na circulação do sangue e na mobilidade.

Mesmo que o docente passe mais tempo em frente ao computador do que de pé, também precisa adotar alguns cuidados, como tentar ficar sempre alinhado à máquina.

O corpo deve estar com a seguinte configuração: monitor na altura dos olhos, quadril próximo do encosto, antebraços apoiados e cotovelos posicionados na altura da mesa. Almofadas no assento e apoio para os pés também podem auxiliar.

Especialmente na Educação Infantil, é preciso que o professor se agache com frequência. Nestes casos, deve fazê-lo flexionando os joelhos e não a coluna. A postura requer, ainda, pés afastados e voltados para frente com o objetivo de manter o equilíbrio.

Se a rotina exaustiva causa dores ou problemas posturais, também traz queda de energia, cansaço e exaustão. Algo que pode ser minimizado a partir da adoção de uma nova rotina integrada pela prática de atividades físicas.

Para os que dispõem de pouco tempo, disposição ou possuem problemas de saúde, caminhadas de 30 minutos ao dia já podem auxiliar, inclusive no humor.

Cuidados com a voz

Chega a ser um tanto quanto ingênuo imaginar que o professor possa conseguir, diante das demandas do dia a dia, falar pouco em sala de aula.

Há, entretanto, maneiras de evitar desgastes desnecessários no uso da voz.

Uma dica é, por exemplo, reduzir ruídos externos – fechando portas e janelas desnecessariamente abertas – que possam forçar a falar mais alto.

Lembrando que gritar não apenas prejudica a harmonia em classe como contribui para ainda mais desgastes vocais. Se for possível, o uso de microfone é uma alternativa. 

Quanto ao quadro em que as tarefas são repassadas, é importante optar por aqueles que não condicionem ao uso do giz. Isso porque o pó pode causar reações alérgicas, agir na mucosa epidérmica e agravar a situação de portadores de bronquite, rinite, sinusite ou asma.

Além de todas as dicas mencionadas acima, os cuidados com a voz também incluem hidratação. Beber bastante água diariamente (a referência é de 2 litros por dia) hidrata as cordas vocais.

Importante: atenção para o uso de pastilhas sem prescrição médica, o que pode gerar efeitos colaterais. 

Problemas de ordem mental/emocional: como lidar?

Interagir rotineiramente com o público, de maneira geral, acaba requerendo pressupostos como paciência, calma, resignação.

Imagine, então, lidar diariamente com um grande quantitativo de pessoas que dependem, de forma direta e única, de sua orientação sobre determinado assunto.
 

Some-se a isso a rotina desgastante tanto dentro da sala de aula como nos momentos que a antecedem (estudo, preparação de provas e atividades, correção etc.). Além da sobrecarga física, os desgastes mentais podem ser bastante consideráveis.

O agravante do isolamento social

De acordo com matéria publicada no jornal Estadão em agosto de 2021, pesquisas constataram que 72% dos professores enfrentam problemas de saúde mental.

O jornal destaca ainda que, de acordo com estudo recente da UNICEF Brasil, durante o período da pandemia quase 80% dos alunos assistiram às aulas por meio das redes sociais, o que demandou maior esforço por parte dos docentes.

Isso porque boa parte deles precisou acercar-se e dominar melhor as ferramentas com as quais não tinham tanta familiaridade: estudo realizado pelo Instituto Península, antes do isolamento social, atestou que 88% dos professores não tinham experiências com ensino a distância e que a maioria deles (83,4%) não se sentia preparada para tal.

No retorno às aulas presenciais, os receios continuaram. O medo da contaminação – tanto própria quanto dos alunos – e o desestímulo de muitos deles foram alguns dos fatores que agregaram ainda mais componentes ao momento de turbulência.

O estudo “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer”, realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e divulgado no final de 2021, pesquisou 714 trabalhadores da educação. A constatação: para 84% deles, os afastamentos dos seus trabalhos estavam relacionados à atividade profissional. 

Síndrome de Burnout 

De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT), esses profissionais também estão na lista das pessoas com maior propensão a ter a Síndrome de Burnout.

A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora de livros como Mentes Ansiosas, Mentes Depressivas e Mentes Inquietas atesta que de 40 a 45% dos professores do Rio de Janeiro estão afastados de suas atividades devido à doença.

A Síndrome de Burnout é também conhecida como Esgotamento Profissional e se configura como uma reação ao estresse excessivo relacionado ao trabalho. Dentre os sintomas, estão: exaustão, estresse e esgotamento físico e mental.

Dicas para o cultivo da saúde mental dos docentes

Rotina planejada é rotina mais tranquila

Planejar tanto a aula, propriamente dita, quanto demais atividades a serem realizadas em classe facilita o controle de sua dinâmica.

Aparentar segurança, que advém do domínio das informações a serem repassadas, auxilia a manter uma turma concentrada, interessada e receptiva.

O resultado é uma maior probabilidade de boas relações no ambiente escolar e, consequentemente, menos estresse. 

A vida fora da sala de aula

Em um mundo cada vez mais caracterizado pela necessidade imposta por nós mesmos ou pelos outros de estarmos sempre “online”, ficar “off” é praticamente um pressuposto básico para a manutenção da saúde mental.

Embora manter-se atualizado seja importante, e fundamental, para o exercício da profissão, utilizar minutos, horas ou mesmo dias para uma breve “ausência” é um verdadeiro alívio para o cérebro sempre atribulado.

Manter atividades prazerosas fora do ambiente de trabalho também é vital para a boa saúde da mente e corpo. Dança, música, leitura, artes plásticas ou fotografia. Qualquer uma delas que tenha uma função relaxante contribui para a prevenção, e mesmo cura, de problemas de ordem psicológicas.

Rede de Apoio – intra e extraescolar

É da alçada da coordenação e equipe pedagógica oferecer suporte material, disciplinar, intelectual e também psicológico ao professor.

E ter como prática a manutenção de conversas periódicas, workshops, seminários, encontros e conversas individuais e/ou coletivas que proporcionem espaços de escuta e fala.

É interessante, ainda, que a instituição de ensino estabeleça uma parceria com redes de apoio que possuam profissionais de saúde, de modo que psiquiatras, assistentes sociais e psicólogos possam ser acionados se e quando houver necessidade.

Outro recurso interessante é que todo docente tenha um mentor – um professor mais experiente – para orientá-lo e ajudá-lo a refletir sobre o dia a dia da profissão.

Parece simples e involuntário, mas… nem sempre respiramos corretamente

Respirar é um ato involuntário, banal e corriqueiro, correto? Não mesmo.

Apesar de quase nunca percebemos, nem sempre respiramos da forma adequada a nos oxigenar corretamente e a também controlar sentimentos como ansiedade.

Algumas técnicas podem auxiliar neste processo:

Sete segundos: comece inspirando. Prenda a respiração por sete segundos e solte aos poucos, até expelir todo o ar dos pulmões. Ao final, inspire novamente contando até quatro e prenda o ar por três segundos. Expire mais uma vez e conte até sete. O ciclo deve ser repetido por três vezes.

Uma por vez: tape uma narina com o dedo indicador e faça uma leve pressão. Inspire profundamente. Para soltar o ar, expire pela outra narina. Faça três tempos para cada narina ou até mais, se achar necessário.

Professores nas telonas

Professores nas telonas


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Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.