Dia do bibliotecário que faz mais do se imagina

Bibliotecário. Se você fosse criar um prompt para um programa de inteligência artificial elaborar uma imagem a partir dessa palavra, qual seria ele?

Antes de ampliar a discussão, podemos iniciar este texto com uma autorreflexão: quando você fala sobre sua profissão, qual a reação das pessoas? Será que a visão que elas têm reflete todas as funções que você desempenha no dia a dia? Você fica feliz quando trazem uma definição simplória, desatualizada ou estereotipada sobre o seu trabalho?

O mundo atual nos demanda uma atenção especial principalmente quanto à velocidade das informações e das tecnologias que as transmitem. Passamos do analógico, do impresso, ao digital, ao virtual.

No momento em que a edição de um livro, de um jornal ou de qualquer outro veículo de comunicação é impressa, ela começa a ficar desatualizada. Claro, as notícias, as descobertas científicas sempre ocorreram, mas a troca de informações era mais lenta do que hoje. Todas essas mudanças trouxeram inúmeros impactos para a sociedade e, consequentemente, para as nossas profissões.

O professor é o mesmo de décadas atrás? O jornalista? O engenheiro? Bom, não vou ficar aqui listando inúmeras profissões que mudaram completamente com o passar do tempo, até porque é difícil encontrar alguma que não tenha mudado.

Direto ao assunto…

Então, voltemos a pensar sobre essa figura tão rica e instigante que é a do bibliotecário, da bibliotecária. Você tem ideia de tudo que ele/ela faz? Ou ainda guarda aquela imagem do funcionário tímido, recluso, que vive em meio aos livros (provavelmente eram essas as características que você descreveria no prompt, não é mesmo?).

Este texto trará informações de forma direta e objetiva sobre essa profissão que, assim como tantas outras, evoluiu com o tempo e expandiu sua atuação na sociedade. Vamos juntos para conhecer as múltiplas funções de um bibliotecário e de uma bibliotecária?

Bom, agora que já fizemos algumas primeiras reflexões, podemos ir diretamente ao ponto. Antes, podemos ler o texto de Patricia Monteiro aqui no Blog do E-docente, que já traça um panorama sobre essa profissão: Dia do Bibliotecário: viva o 12 de março! (edocente.com.br)

Mais do que um simples organizador de livros em um ambiente de leitura, o bibliotecário reúne diversas funções. Mas, quais seriam essas funções de que tanto falamos aqui? E em quais locais esses profissionais atuam?

Os locais de atuação

Antes de listarmos algumas das principais funções do bibliotecário e dissertarmos sobre ele, vale a pena trazer os principais locais em que atuam. Mais do que em bibliotecas, públicas, comunitárias e privadas, esse profissional leva seu conhecimento a diversos outros ambientes, tais como:

  • Centros de documentação e de análise da informação;
  • Centros de restauração de obras;
  • Sistemas prisionais;
  • Hospitais;
  • Jornais e revistas;
  • Videotecas;
  • Rádios e TVs;
  • Livrarias;
  • Museus, pinacotecas e outros centros culturais;
  • Bancos;
  • Centros de pesquisa;
  • Sites e redes sociais;
  • Agências de publicidade;
  • Brinquedotecas;
  • Editoras;
  • Escritórios de advocacia;
  • Cartórios.

Ou seja, onde houver acervos e informações a serem pesquisadas, organizadas, discutidas, atualizadas e disponibilizadas, lá estará o bibliotecário. E, como falamos na introdução, com o avanço das novas tecnologias, a cada dia surge uma nova área de atuação para esses profissionais.

Agora que já conhecemos alguns de seus locais de atuação, passemos à riqueza de suas funções.

Mas o que faz o bibliotecário?

E aí? Já conseguiu mudar a imagem mental que tinha sobre os bibliotecários? Ainda não? Então, sigamos com algumas explicações que vão te auxiliar a se desprender desse estereótipo.

A fim de que tenhamos uma visão mais clara, organizemos essas diversas funções em tópicos:

Organizar o acervo

A função mais clara que vemos em um bibliotecário talvez seja essa, a de organizador do acervo. Essa organização não está restrita a obras físicas, mas também às digitais. É importante que o público tenha um acesso fácil, que o auxilie tanto a encontrar uma obra que ele já tenha em mente quanto outras que possam lhe interessar por estarem em evidência. A criação de seções temáticas é um dos pontos essenciais nessa organização.

É essencial que esse profissional seja um leitor atento, voraz e que esteja sempre atualizado, para que possa manter o acervo gerenciado conectado às novas tendências culturais.

Normatizar trabalhos acadêmicos e elaborar fichas catalográficas

É também o bibliotecário o responsável pela orientação quanto às normas para edição e catalogação de publicações e outras obras no acervo de escolas, universidades e demais locais em que atue.

Criar ambiente acolhedor para diversas idades

Além de um acervo organizado, é importante que se crie um ambiente acolhedor para o público que busca acessar determinada obra. Pensemos aqui não apenas em bibliotecas, mas em diversos outros locais listados anteriormente neste texto. E o que seria esse acolhimento? Vejamos alguns dos principais itens que fazem parte desse ambiente acolhedor:

  • iluminação adequada e silêncio (em ambientes físicos);
  • plataformas digitais intuitivas;
  • visual adequado ao público frequentador (mais lúdico para crianças, por exemplo);
  • acessibilidade para pessoas com deficiência;
  • conforto;
  • disponibilidade para orientar o público quando necessário, mas sempre permitindo uma autonomia do usuário do serviço.

Provocar debates

Quando tratamos de alguns ambientes em que se espera uma extensão da discussão a partir do material acessado, como bibliotecas, museus etc., a figura do bibliotecário também pode criar situações em que sejam promovidos debates.

Para que esses momentos sejam interessantes, é indispensável que se conheça o público que tem acesso ao local de trabalho, a fim de que as ações sejam direcionadas a ele. Exemplos dessa promoção são os convites feitos a autores, artistas e editores que possam palestrar sobre obras e temas específicos.

Desenvolver projetos

Quando o trabalho acontece em escolas, universidades, museus, também é papel do bibliotecário criar projetos que envolvam a instituição, visando sempre enriquecer culturalmente aquele público e propor soluções pedagógicas para a comunidade e seu entorno. Aqui também se faz necessário o conhecimento sobre o seu público.

Integrar-se aos demais atores do processo educacional e cultural

Como na maioria das atuações culturais e pedagógicas, “uma andorinha só não faz verão”. Ou seja, para que suas ações sejam bem direcionadas e alcancem seus objetivos, o bibliotecário precisa estar integrado aos demais atores que atuam em seu ambiente de trabalho.

Somente assim, trocando informações, propondo formações, buscando soluções, teremos trabalhos que realmente reflitam anseios do público frequentador daquele ambiente.

A necessidade de uma atualização constante

O aprimoramento de conhecimentos e habilidades técnicas e pessoais, por meio da educação continuada, faz-se cada vez mais necessário. Isso porque o surgimento e a evolução das tecnologias de informação e comunicação, além do próprio mercado laboral, têm se tornado uma constante. Podem-se verificar essas mudanças até mesmo nas relações de trabalho, em que o vínculo empregatício cede espaço a outros modos de relacionamento profissional. (SOUZA, 2018, p. 90)

Quando assistimos a um filme do Superman das décadas de 1970 e 80, vemos a redação do Planeta Diário com máquinas de escrever a todo vapor, com os típicos sons de suas teclas estridentes. É nostálgico para muitos de nós, eu sei.

Mas esse é um exemplo de como as novas tecnologias são capazes de transformar ambientes de trabalho. Alguém hoje em dia consegue imaginar uma sala parecida com aquela? Hoje, as informações circulam ainda mais rápidas que o analógico herói americano.

Assim como as redações dos jornais, os cursos de biblioteconomia se ajustaram às novas necessidades do mundo conectado em que vivemos.

A circulação e a atualização de materiais hoje são ininterruptas e os profissionais bibliotecários estão atentos a essas demandas. Se antes havia o gerenciamento de um acervo finito, atualmente, temos possibilidades que surgem, se modificam, se reinventam a cada instante, tornando o trabalho ainda mais instigante e necessário.

Essa orientação permite que o público consiga rumar em direção ao seu objetivo, em vez de naufragar em meio ao mar de dados disponíveis hoje. Afinal, um dado não acessado é só um dado, não consegue se transformar em conhecimento.

Conclusão

Bom, acho que agora conseguimos ter uma noção maior da importância desses profissionais, que tanto têm a contribuir com a cultura e a educação. Mais do que meros organizadores de livros, bibliotecárias e bibliotecários são responsáveis por diversas ações ao nosso redor e, na maioria das vezes, sua atuação acaba sendo invisibilizada na sociedade.

A velocidade com que vemos as tecnologias avançarem serve para que percebamos a necessidade de uma mudança de postura em relação às nossas atuações profissionais. Urge que a escola seja outra; o museu seja outro; a biblioteca seja outra.

Se, antes, para vermos um filme, precisávamos ir a uma locadora e torcer para que a “fita” estivesse disponível, hoje em dia temos acesso na palma de nossas mãos a uma infinidade de séries, documentários, filmes, novelas. Mas, mesmo assim, quantas vezes nos vimos, sem orientação, zapeando nesse menu sem conseguir escolher um prato a ser saboreado?

Mais do que importante, a figura do bibliotecário é indispensável em um momento em que nos vemos perdidos em meio a uma infinidade de opções, muitas vezes sem nem saber o que queremos.

Uma leitura interessante sobre o trabalho a ser feito com alunos em escolas que os convide a refletir em meio a essa rotina tão cheia de estímulos pode ser feita em Obras Literárias na Escola: Uma viagem sem escalas – e-docente (edocente.com.br). Que essas e esses profissionais sejam reconhecidos e valorizados em nossa sociedade.

Referências

SOUZA, Katyusha Madureira Loures de. Mercado de trabalho do bibliotecário no século XXI. In: RIBEIRO, Anna Carolina Mendonça Lemos; FERREIRA, Pedro Cavalcanti Gonçalves. Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. Brasília: Ipea, 2018. p. 83-96. Disponível em: https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/180406_bibliotecario_do_sec_XXI_8_cap05.pdf. Acesso em: 05 mar. 2024.