abordagem copa em sala de aula

Além de talentos aclamados mundialmente, disputas acirradas e fãs apaixonados, o universo futebolístico também é caracterizado pelas cifras milionárias que perpassam transações nacionais e mundiais. 

Para quem achava que estas características se restringiam ao mundo adulto, o sucesso e o alto valor das figurinhas raras – algumas chegam a ter valor estimado em até 9 mil reais – da nova edição do já tradicional álbum da Copa mostram que a temática continua bem presente no universo infantil. 

Por que não, então, aproveitar o assunto e trabalhá-lo a copa em sala de aula? Como, então, fazê-lo e quais disciplinas podem abordar o assunto considerando a idade dos alunos e o projeto interdisciplinar?


Quer saber mais sobre como utilizar a Copa em sala de aula?
Então, confira o conteúdo que preparamos para você!

Descubra como utilizar a Copa do Mundo em sala de aula

Descubra como utilizar a Copa em sala de aula

O Mundial de seleções em cada disciplina

Em uma Mundial, as múltiplas possibilidades para a Geografia abordar a copa em sala de aula

A Copa pode ser um dos mais interessantes instrumentos para que os estudantes aprendam sobre os países ao redor do mundo. 

Quantas vezes, nos desfiles de abertura do evento, bem como ao longo das disputas, até adultos se surpreendem com a presença de locais até então desconhecidos? 

Uma excelente oportunidade para que o aluno possa pesquisar e aprender sobre a geografia destes países, bem como suas características mais predominantes, como idioma, hábitos etc.

As aulas podem contar com a utilização de mapas-múndi, por meio dos quais os alunos possam identificar os continentes e países, bem como suas bandeiras, capitais, moedas, número de habitantes, tamanho da área, clima ou vegetação. 

Ocasiões para debates como questões geopolíticas das seleções participantes, além da diversidade cultural, econômica e política de cada um destes países. Para os que optam por uma atividade mais lúdica, uma sugestão é a confecção de um jogo de memória formado pelas bandeiras dos países participantes.

A história do futebol: parte integrante do país e do mundo

Em sala de aula, o professor possui algumas vertentes de abordagem do Mundial de Seleções. Pode ater-se à própria trajetória da competição ao longo do tempo e dos países, montando uma linha do tempo. 

Se quiser, entretanto, enriquecer seu conteúdo, é possível traçar um paralelo com o contexto histórico de cada período em que os jogos aconteceram, além de trazer os principais acontecimentos do mundo em anos de Copa. A aula pode se tornar ainda mais consistente se, nesta comparação, forem estabelecidos critérios nacionais e internacionais de análise.

O evento aconteceu pela primeira vez em 1930, após anos de esforços neste sentido, por parte de Jules Rimet, à época presidente da Federação Internacional de Futebol. 

À medida que o esporte e o próprio evento foram ganhando ainda mais popularidade, a entidade empreendia esforços para aumentar o número de seleções participantes.

Devido ao grande alcance e penetração do futebol no Brasil, é importante, portanto, que o professor associe estes grandes eventos do esporte à própria história do país, visto que se inter relacionam frequentemente em situações como a influência dos ditadores nas copas (a exemplo da de Mussolini na Copa de 34), a interrupção dos jogos durante a Segunda Guerra Mundial, a Revolução Industrial e sua contribuição para o futebol, dentre outros momentos.

A primeira edição da Copa

A realização da primeira destas disputas aconteceu somente, e sobretudo, devido ao sucesso do torneio futebolístico nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928. 

Devido a problemáticas advindas da Crise de 1929, muitas seleções não conseguiram viajar para participar. Treze equipes, sendo sete da América do Sul, quatro da Europa e duas da América do Norte, participaram do torneio. Argentina, Estados Unidos, Iugoslávia e Uruguai classificaram-se para as semifinais. 

Na final, o Uruguai derrotou a Argentina por 4×2 e tornou-se a primeira equipe a vencer o evento.

Copa de 1934

Na época da Copa de 1934, sediada na Itália, o país era liderado por Benito Mussolini, que a utilizou como instrumento político para propagandear seu regime fascista. 

A equipe, por exemplo, era comandada por Vittorio Pozzo, ex-tenente dos Alpini (tropa italiana de montanha na Primeira Guerra Mundial). Para mostrar a força do país e do regime, estádios foram construídos ou ampliados em Bolonha, Florença, Gênova, Milão, Nápoles Roma, Trieste e Turim.

As Copas no Brasil

“Noventa milhões em ação

Pra frente Brasil, no meu coração

Todos juntos, vamos pra frente Brasil”.

Para muitos brasileiros, mesmo 52 anos depois do lançamento de Pra Frente Brasil, hino oficial da copa de 1970, esses versos inspiram sentimentos negativos. 

Isso porque a famosa marchinha nasceu em plena ditadura, como parte de uma campanha dos militares para passar a ideia de um Brasil grande, sem dissidências. Não seria, entretanto, a primeira nem a última vez. 

Antes disso, no Mundial de 1962, o país já vivia um período conturbado com uma radicalização política que dividia, ideologicamente, a nação. A participação brasileira no evento foi utilizada pelo governo da época (João Goulart) como forma de tentar aplacar a insatisfação com seu governo.

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano resumiu da seguinte forma esta utilização política da imagem da seleção na Copa de 70:

“Em pleno carnaval da vitória de 70, o general Médici, ditador do Brasil, presenteou com dinheiro os jogadores, posou para os fotógrafos com o troféu nas mãos e até cabeceou uma bola na frente das câmaras. A marcha composta para a seleção, Pra frente Brasil, transformou-se na música oficial do governo, enquanto a imagem de Pelé voando sobre a grama ilustrava, na televisão, anúncios que proclamavam: “Ninguém segura o Brasil”.

Copa de 1978

Neste ano, a interferência do regime ditatorial na divulgação do evento, e até na influência da postura dos jogadores, continuou. 

Um dos escalados, o atacante do Atlético-MG, Reinaldo, era uma grande promessa por viver um momento profissional bem-sucedido. Para a ditadura brasileira, entretanto, o craque representava um transtorno por ser manifestamente contrário ao regime. 

Acabou sendo alertado por eles, então, que se concentrou apenas nas partidas. O temor dos ditadores era que ele comemorasse os gols com o gesto do punho erguido típico dos Panteras Negras. 

Infográfico protesto

A partir de 1994

Desde quando a seleção brasileira conquistou o tetracampeonato, a Copa e as eleições têm acontecido nos mesmos anos. 

Na ocasião, inclusive, os vitoriosos foram recebidos pelo presidente Itamar Franco. Hábito que se repetiu ao longo das conquistas vindouras. Ainda sobre delegação do tetra, os caminhos entre futebol e política se cruzaram dali para o futuro quando o atacante Romário acabou elegendo-se senador pelo Rio de Janeiro, em 2010, cargo para o qual foi reeleito nestas últimas eleições. 

Após a conquista do penta em 2002, as imagens do jogador Vampeta fazendo acrobacias na rampa do Palácio do Planalto rodaram o mundo. Mais tarde, foi em uma das gestões de Luiz Inácio Lula da Silva que o Brasil assegurou o direito de sediar a Copa de 2014, da qual não saiu vitoriosa. 

Os altos gastos públicos para toda a construção e logística do evento foram combustíveis para os protestos em 2013 que acabaram conhecidos como “Jornadas de Junho”. Durante a realização da Copa, no ano seguinte, a presidente Dilma foi xingada nos estádios, embora o evento não tenha apresentado falhas de organização.

O verde-amarelo e sua representatividade política

Foi no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff que o uniforme da Confederação Brasileira de Futebol começou a representar os opositores do governo em suas manifestações. 

Após o impeachment de Dilma, em 2016, e ao longo do mandato de Michel Temer (MDB), a cor amarela continuou como parte do vestuário dos apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro (agora no PL) na eleição seguinte, em 2018 e na atual, em 2022. 

A utilização das cores verde e amarelo, predominantemente, passou a representar algo além de um uniforme ou símbolo da paixão pelo futebol. É, atualmente, uma maneira de identificação enquanto simpatizante ou integrante de uma determinada orientação política, mais centralizada à direita. 

Ou seja, o que deveria significar a união de uma nação representa, nos dias atuais, justamente o oposto: um dos lados diametralmente oposto ao outro, em um país rachado, dividido.

Conclusão Copa do Mundo em Sala de Aula

Conclusão

Neste ano, o cenário é completamente diferente. Pela Copa acontecer depois das eleições em 2022, o professor terá mais oportunidades de poder usar a copa em sala de aula como mola propulsora na aplicação de conhecimentos para seus alunos, enquanto fica na torcida com os alunos na busca pelo Hexa.


Gostou de saber mais sobre como utilizar a Copa em sala de aula? Então, confira nosso conteúdo sobre regionalismo em jogos e brincadeiras!

Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Perna