Como estimular o pensamento crítico e a resolução de problemas nos estudantes

A escola não deve formar apenas estudantes que copiam um texto da lousa sem a menor capacidade de questionar e solucionar problemas. Faz parte do compromisso de um professor estimular o pensamento crítico em seus alunos, para que assim possam conquistar seu espaço na sociedade, no futuro.
A questão se faz ainda mais necessária quando nos deparamos com a falta de pensamento crítico no nosso país. Para se ter uma noção, no ano passado, o Brasil ficou em um dos últimos lugares no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, tradução de Programme for International Student Assessment) em um ranking sobre criatividade e pensamento crítico dos alunos.
Na ocasião, o país marcou 23 pontos na avaliação com estudantes de 15 anos, dez pontos abaixo da média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O Brasil ficou na posição 44 entre os 57 países analisados.
O que é pensamento crítico?
Pensar de maneira crítica é olhar uma situação “de fora” para tentar entender suas nuances. É questionar o porquê de uma situação, suas causas e consequências e, principalmente, a melhor forma de lidar com ela.
Quando o aluno coloca essa habilidade em prática, não concorda ou discorda puramente de algo, mas sim observa os fatos, busca diferentes pontos de vista e faz uma reflexão antes de chegar a uma conclusão.
É uma habilidade importante para não chegar a conclusões precipitadas, afinal, e muito necessária, tanto na carreira quanto na própria vida pessoal. É esse pensamento que molda as decisões a serem tomadas. Em sala de aula, por exemplo, ajuda o estudante a interpretar melhor os textos e argumentar com mais clareza. No cotidiano, contribui para identificar fake news, analisar discursos e fazer escolhas mais conscientes no consumo, nos relacionamentos e na cidadania.
Como o pensamento crítico impacta a formação dos alunos
Se a ideia da escola é formar um cidadão para o mundo, estimular essa habilidade se torna essencial, já que o que difere uma pessoa autônoma, que encara as próprias escolhas, é justamente conseguir distinguir as informações.
A vida é feita de problemas, então quanto antes o aluno souber como solucioná-los de forma ponderada, melhor. Ao aprender a pensar antes de agir, o estudante passa a ser mais estratégico nas decisões e mais preparado para lidar com imprevistos que o aguardam no futuro.
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Além de aumentar a responsabilidade pelas próprias escolhas, o estímulo ao questionamento e à solução de problemas também promove ao aluno uma postura ética e reflexiva diante de dilemas e ajuda a lidar com mudanças (algo essencial nos tempos atuais, em que as informações mudam com muita rapidez).
Como estimular o pensamento crítico nos alunos
Para fazer esse estímulo, é preciso mais do que transmitir conteúdos prontos: criar um ambiente em que o aluno se sinta encorajado a questionar, investigar, argumentar e refletir. O professor deve ser um mediador do conhecimento, provocando dúvidas e ajudando os estudantes a analisarem problemas sob diferentes ângulos.
Para estimular essa habilidade, é interessante propor desafios que exijam raciocínio. Fazer perguntas abertas, debater temas atuais, apresentar dilemas éticos ou pedir justificativas para determinadas escolhas são formas eficazes de promover a reflexão.
Ao invés de buscar a resposta certa, o ideal é incentivar o aluno a explicar como chegou àquela conclusão, considerando diferentes fontes, evidências e pontos de vista.
Mas é preciso prestar atenção em atitudes que possam inibir o pensamento crítico. Corrigir de forma imediata sem permitir a exploração de ideias, desvalorizar opiniões divergentes ou insistir em respostas únicas pode limitar o desenvolvimento dos alunos.
Práticas para estimular o pensamento crítico nos alunos
Atividades práticas, por mais que simples, podem ser aplicadas em sala de aula para desenvolver essa habilidade. Basta envolver análise, reflexão, criatividade e argumentação:
1. Análise de fake news
O professor pode distribuir notícias verdadeiras e fake news entre os alunos e pedir para que façam a análise e diferenciem os conteúdos. Isso ajuda a aguçar o olhar e mostra, de forma prática, a importância de questionar e analisar.
2. Debate
Para estimular a capacidade de argumentação e comunicação, o professor pode dividir os alunos em grupos e estabelecer um tema para debater. Pode ser em torno de uma notícia, uma ideia ou até algum vídeo que tenha viralizado nas redes sociais e que dividiu opiniões (desse jeito, fica ainda mais fácil, já que é algo moderno e que conversa diretamente com essa geração).
Uma ideia: escolha um tema polêmico e peça que cada aluno defenda a posição contrária à sua opinião pessoal, assim é possível exercitar a empatia intelectual, entendendo argumentos diferentes e respeitando a complexidade dos assuntos debatidos.
3. Detetive
Nessa atividade prática, cria-se uma situação fictícia de “mistério” com pistas e testemunhos (alguns verdadeiros, outros enganosos) para que os alunos, em grupo, analisem os fatos, façam perguntas e montem hipóteses até encontrar a explicação mais plausível. Isso estimula a análise de dados, escuta ativa e o pensamento investigativo.
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Conclusão
Pensar criticamente implica abrir mão de certezas fáceis e enfrentar perguntas sem respostas prontas. Surge do hábito de duvidar com propósito, investigar com curiosidade e sustentar ideias com responsabilidade. Em um mundo que valoriza respostas rápidas, exige justamente o contrário: tempo, escuta e disposição para rever o que parecia óbvio.
Na educação, estimular o pensamento crítico é um convite a não ter controle total sobre as respostas, de permitir o conflito de ideias e de reconhecer que o saber se constrói no processo, e não no ponto final. Quando o aluno aprende a pensar com autonomia, aprende a interpretar o que vive, o que vê, o que sente e o que escolhe.
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