Ciências Humanas e suas Tecnologias no Enem: o que são e temas que mais caem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é, sem dúvida, um dos marcos mais importantes na vida acadêmica de qualquer estudante. Ele representa não apenas a conclusão de, no mínimo, 12 anos na Educação Básica, mas também a tão sonhada porta de entrada para o Ensino Superior. Para se destacar nesse exame, dominar a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias é crucial.
Nesse momento crucial de preparação, uma das estratégias mais eficazes é identificar os conteúdos mais recorrentes e prováveis de serem cobrados. Recentemente, aqui no E-docente, já exploramos as áreas de Linguagens e Matemática. Agora, nosso foco é a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, que possui particularidades importantes em relação às demais.
Enquanto as áreas de Linguagens e Matemática se concentram em um número menor de componentes curriculares — Linguagens com foco em Língua Portuguesa e Literatura, e Matemática quase que exclusivamente dedicada a seus conteúdos —, a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas agrupa quatro componentes: História, Geografia, Filosofia e Sociologia. Embora possam ser estudados de forma interdisciplinar, esses componentes apresentam particularidades conceituais que representam um desafio maior na hora de sistematizar os estudos.
Para oferecer maior objetividade aos estudantes, este artigo abordará os principais temas cobrados em Ciências Humanas e suas Tecnologias no Enem. Seguindo a lógica da Educação Básica, organizamos esses temas a partir dos componentes curriculares, agrupando-os em seções quando pertinente.
A Perspectiva Crítica das Ciências Humanas e suas Tecnologias no Enem
Antes de mergulharmos nos principais temas, é crucial reforçar que as questões são elaboradas sob uma perspectiva crítica. O objetivo é avaliar a capacidade do candidato em relacionar informações, realizar inferências, analisar diferentes gêneros textuais (notícias, trechos científicos, gráficos, pinturas) e interpretar contextos históricos, sociais e ambientais, em diálogo constante com a realidade contemporânea.
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Essa característica do exame sinaliza que o estudante deve evitar um estudo mecanizado, focado na memorização de conceitos, datas e definições fixas, desconectadas de seu contexto de produção. Vamos aos temas!
História do Brasil: Temas Essenciais
Na reta final de estudos, se o foco for História do Brasil, o aluno deve concentrar sua atenção em: colonização, escravidão, Era Vargas e ditadura militar.
A recorrência desses tópicos revela a preocupação do exame com momentos-chave da formação política e social do país, momentos que ainda reverberam na construção de nossa identidade e na permanência de problemas estruturais da sociedade brasileira. Nesse aspecto, tópicos como colonização e escravidão são frequentemente cobrados a partir de textos que abordam a exploração econômica no país (pacto colonial), as resistências dos povos escravizados e a persistência das marcas desse período nas estruturas sociais e econômicas do Brasil contemporâneo.
Questões sobre a importância da garantia de um estado democrático podem surgir a partir da Era Vargas e da ditadura militar, ambos períodos marcados por centralização do poder, restrição de liberdades e perseguição política. O Enem costuma explorar esses períodos para discutir temas como censura, propaganda oficial, direitos trabalhistas, resistência civil e transição democrática, conectando-os à construção da cidadania e à garantia de direitos atuais. É uma discussão, aliás, cada vez mais necessária e presente na sociedade brasileira.
História Mundial: Grandes Transformações
Ampliando o escopo para a História Mundial, alguns temas são recorrentes. Dentre os inúmeros eventos estudados, destacam-se aqueles da Idade Contemporânea (séculos XIX e XXI) como os mais cobrados no Enem. Para sintetizar esse período, podemos destacar: a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e as Grandes Guerras Mundiais.
Assim como na abordagem da história brasileira, esses tópicos servem como ponto de partida para questões que refletem não só sobre eventos passados, mas também sobre a atual conjuntura política global. Ao analisar os possíveis desdobramentos desses temas, é possível relacionar o contexto da Revolução Francesa com as ideias de cidadania, democracia e direitos humanos, além de compreender as lutas por igualdade política e social no mundo contemporâneo.
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A Revolução Industrial, por sua vez, pode ser vinculada a questões sobre imperialismo, urbanização e desigualdade social, assim como a temas atuais como consumismo e as consequências das mudanças tecnológicas no mundo do trabalho. O estudo das Grandes Guerras Mundiais permite abordar as ideologias envolvidas (nazismo, fascismo ou comunismo) e os efeitos geopolíticos decorrentes desses conflitos.
Em síntese, os principais temas de História Mundial no Enem estão ligados a grandes processos de transformação política, econômica, social e cultural, especialmente aqueles que marcam a transição do mundo moderno para o contemporâneo, como já mencionado.
Geografia: Urbanização, Ambiente e Globalização
No campo da Geografia, há temas muito relevantes que merecem atenção especial durante os estudos, como o processo de urbanização, as questões ambientais e a globalização.
Ao analisarmos o processo de urbanização, podemos refletir sobre o crescimento desordenado das cidades e seus efeitos na vida social, incluindo a favelização, mobilidade urbana e segregação socioespacial. Esses temas permitem desenvolver um olhar crítico sobre a realidade espacial que habitamos.
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No campo das questões ambientais, há muitos temas pertinentes e interligados. O Enem aborda tópicos como desmatamento, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas, crise hídrica e energética, e a forma como os recursos naturais são explorados. A sustentabilidade também é um tópico crucial nas discussões sobre proteção ambiental, sendo frequentemente abordada como alternativa para minimizar os impactos da ação humana.
O tema da globalização é igualmente produtivo para reflexão, pois permite a elaboração de questões sobre tensões nas relações internacionais, organização de blocos econômicos, disputas comerciais entre grandes potências e o impacto da globalização em países fora do eixo econômico mais desenvolvido. No contexto atual, é provável que notícias sobre os conflitos mundiais mais recentes sejam utilizadas nas questões, exigindo que o candidato esteja atualizado sobre os principais acontecimentos políticos globais.
Filosofia e Sociologia: Conceitos Fundamentais
Por fim, ao agrupar os principais temas que dialogam com a Filosofia e Sociologia, podemos destacar o estudo da construção dos conceitos de cidadania, trabalho, ética, identidade e poder. Compreender esses elementos é fundamental para entender como estruturam e influenciam as relações sociais ao longo da história e no mundo contemporâneo.
Aprofundando alguns desses conceitos, destacamos a noção de cidadania, visto que o Enem valoriza a compreensão crítica das formas de organização política e do papel do cidadão. Isso pode motivar questões sobre democracia, participação política, crises democráticas, movimentos sociais, polarização política ou o uso das redes sociais como ferramenta de democratização da informação ou de manipulação e desinformação.
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O conceito de trabalho é igualmente relevante e um tema clássico na Educação Básica. A partir dele, podem-se discutir as transformações no mercado de trabalho, o impacto do capitalismo nas relações trabalhistas, a alienação do trabalhador e as ideologias dominantes associadas a determinados modos de organização produtiva. Para o contexto atual, é essencial refletir sobre a economia digital e o aumento da desigualdade social.
Por fim, dentre os temas recorrentes, o conceito de identidade é muito presente em questões interdisciplinares, com destaque para discussões sobre pluralidade cultural. As questões do Enem sobre esse tema abordam identidades de gênero, representatividade, combate à discriminação e ao preconceito. Elas podem levar o candidato a refletir sobre os diferentes grupos identitários da sociedade, reconhecendo suas trajetórias e lutas por direitos.
Conclusão
A preparação para um processo seletivo como o Enem pode envolver diversas estratégias, mas, independentemente do caminho escolhido, a certeza é que será uma etapa desafiadora, exigindo muita disciplina.
Como vimos, na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, o Enem não valoriza a memorização de conteúdos, mas sim a capacidade de analisar, interpretar e aplicar conceitos em situações que dialogam com a nossa realidade.
Na etapa final de sua rotina de estudos, o ideal é que o candidato revise os principais temas de cada área do conhecimento, produza resumos e resolva questões de provas anteriores, sempre evitando a sobrecarga que pode potencializar a ansiedade e prejudicá-lo no dia da prova. Com paciência e dedicação, é muito provável que o resultado reflita positivamente todo o esforço investido.
Minibio do autor
Diego Domingues
Graduado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FFP) e Doutor em Linguística Aplicada pela UFRJ. Atualmente é professor do Departamento de Português e Literaturas de Língua Portuguesa do Colégio Pedro II.
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