Acolhimento escolar: primeira lição para crianças

O que podemos dizer sobre o acolhimento escolar? “Quando fevereiro chegar…”, a saudade já não mata alunos e professores.

Como já acontece tradicionalmente no Brasil, o mês do Carnaval marca também o início do ano letivo depois de quase dois meses de férias. 

Para uns, uma brusca modificação dos hábitos diários. Começo da até então inédita rotina de frequentar uma escola. Para outros, momento de retorno. Para todos, uma atitude da instituição de ensino, precisa ser tão obrigatória quanto a exigência do fardamento ou o cumprimento adequado dos horários de frequência: acolhimento. 

Algo que, além de essencial, deve ser direcionado aos novos estudantes de acordo com sua faixa etária. Para as crianças menores, algo extremamente relacionado à afetividade, ao despertar da curiosidade e à interação social.

Quer saber mais sobre o acolhimento escolar?
Então, confira nosso conteúdo que preparamos sobre o tema!

Antes do acolhimento escolar

Antes do acolhimento escolar

Na grande maioria das vezes, uma boa execução tem como preceito imprescindível um planejamento adequado.

Antes mesmo do início das aulas, para que haja um acolhimento efetivo aos novos e velhos estudantes, é importante que toda a equipe pedagógica esteja alinhada e possa, primeiramente, sentir-se acolhida entre si. 

A escuta e o diálogo entre educadores, psicólogos, coordenadores e funcionários favorecem a criação de um ambiente onde todos possam compartilhar suas questões. Afinal, como diz um velho dito popular “ninguém pode dar o que não tem”.

Só com esta base, a escola pode, realisticamente, desempenhar seu papel como um porto seguro para os seus alunos.

Bem além da aprendizagem cognitiva

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o desenvolvimento de competências socioemocionais também é premissa essencial na formação das crianças, tanto quanto a aprendizagem de conceitos, números e palavras. 

Neste período tão rapidamente subsequente ao isolamento social advindo da pandemia de Covid-19, especialmente, os impactos significativos destes dois anos ainda trazem suas consequências, cicatrizes e adaptações. Portanto, um ponto central a ser trabalhado. 

Mais do que nunca, a promoção da maior integração entre a aprendizagem e desenvolvimento de competências é peça-chave no quebra-cabeças educacional.

Por isso, o trabalho com conceitos como empatia, tolerância ao stress e à frustração, respeito, iniciativa social, organização e persistência são fundamentais.

Relações de amistosidade e confiança

Muitos dos novos alunos que chegam às escolas estão saindo do aconchego caseiro e familiar para ingressar, pela primeira vez, em um cenário completamente novo.

Mesmo as crianças maiores, que já têm familiaridade com o ambiente escolar, também estão voltando à escola depois de algum período de férias. 

Então, assim como dispõe de vínculos afetivos na sua própria casa (ao menos, é o que se espera), o estudante também precisa estabelecer laços de afetividade e confiança também com outros estudantes e educadores.

Para isso, é necessário que toda a equipe pedagógica e corpo funcional da instituição de ensino introduzam algumas atitudes que precisam estar presentes na nova rotina.

Vulnerabilidade, empatia e acolhimento

A melhor forma de chegar até o universo alheio, tocá-lo e adentrá-lo sempre foi, e ainda é, por meio da empatia.

Professores que demonstram ao aluno o entendimento quanto ao seu desconforto ou falta de ambientação – às vezes utilizando até mesmo o exemplo próprio – neste início ou retorno às aulas já consegue uma maior aproximação e senso de conexão. 

Deixar claro que não há problema em sentir vontade de chorar e desabafar, perguntando se existe algo que ele ou os colegas possam fazer, já encurtam os caminhos entre professor-aluno.

Estratégias e soluções para o início das aulas

Apresentar aos pais ou responsáveis a proposta da escola e as atividades de acolhimento e adaptação planejadas é algo que deveria estar na agenda de toda a instituição de ensino, antes do início do ano letivo. 

Isso porque tão essencial quanto acolher os alunos é fazer o mesmo com suas famílias. Até para que, sentindo segurança na escola, os pais possam melhor tranquilizar seus filhos.

Algo que pode ser feito presencial ou virtualmente, inclusive utilizando ferramentas tecnológicas modernas, como aplicativos disponíveis no mercado.

Iniciado o período de aulas, algumas estratégias/soluções, como as descritas abaixo, também podem/precisam ser incluídas na rotina:

Afeto nos gestos e tom de voz

Infelizmente, o distanciamento social advindo da pandemia da Covid-19 trouxe consequências que ainda perduram.

Embora não seja necessário mais o uso da máscara no ambiente escolar, muitos professores e funcionários ou crianças podem não se sentir à vontade para algo característico da Educação Infantil, notadamente para os menores de cinco anos: a troca de carinho físico. Portanto, é necessário que o professor encontre outras maneiras de acolher.

Especialistas da área de educação e da saúde orientam que gestos, músicas e doçura no tom de voz ajudam a promover este acolhimento.

“Palavras guardadas viram sintoma”. Assim como para os adultos, também para as crianças esse axioma é verdadeiro.

Poder falar para professores e colegas como foi o período em casa, do que sentem falta e o que esperam encontrar na escola é importantíssimo no decorrer do fluxo e deve figurar como atividade primeira, no início do período escolar.

Interações e as brincadeiras

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), são eixos estruturantes para o desenvolvimento das crianças.

Afinal, são pilares básicos para todas as instituições de ensino voltadas para o público infantil.

E é por meio delas que os pequenos acabam aprendendo os ensinamentos, bem como têm assegurados seus direitos de brincar, interagir, explorar o mundo ao redor e se expressar a respeito dele.

Atividades para o início das aulas

Atividades para o início das aulas

Decoração dos ambientes escolares

Para um bom acolhimento, um ambiente acolhedor. É importante preparar as dependências escolares para que, ao retornarem, os estudantes encontrem um espaço atraente, convidativo, que os impulsione a questionar, pesquisar, interagir. 

Como sugestão, cartazes ou faixas de boas-vindas, mural de desenhos, decoração temática nas salas de aula. Pode-se, inclusive, solicitar a colaboração dos alunos para escolha do tema.

Exploração do ambiente escolar

Para que se sintam acolhidas, as crianças precisam sentir-se seguras. Nada melhor do que proporcionar a sensação de segurança a partir do seu principal motriz: o conhecimento.

Então, a sugestão é que a primeira atividade seja explorar os espaços da escola, sejam internos ou externos.

Pode ser em grupo, com toda a turma, desde que a criança tenha a autorização para circular pelo espaço livremente e interagir com os objetos, preservadas todas as medidas de segurança.

Convívio social na turma

Depois do isolamento devido à pandemia da Covid-19, é normal que muitas crianças estejam frequentando pela primeira vez um espaço tão intenso de troca e convívio com outras pessoas, além de amigos e família.

Por isso, a segunda proposta é promover esta interação. Até mesmo, a partir do compartilhamento em conjunto da primeira atividade sugerida.

Pode-se solicitar, também, que as crianças desenhem algo relacionado ao tema da exploração e compartilhem e troquem esses desenhos entre si.

Contação de histórias

As relações sociais, principalmente nesta etapa da vida das crianças, são prioritárias. Principalmente pelo papel na inclusão social que tem toda instituição de ensino.

Caso os professores possam repassar valores como altruísmo, bondade, cooperação, empatia, além de práticas de gratidão e palavras afirmativas, contribuirá para o desenvolvimento destes valores nos estudantes.

Neste sentido, a contação de histórias pode ser bastante eficiente.

Gostou de saber mais sobre o acolhimento escolar? Então, confira nosso conteúdo sobre como planejar e organizar a volta às aulas!

Patrícia Monteiro de Santana é jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 2000. Com atuações em veículos como TV Globo, Revista Veja e Diário de Pernambuco, além de atuante em assessoria de comunicação empresarial, cultural e política.