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O papel da tecnologia na aprendizagem ativa dos estudantes dos Anos Finais

18 de novembro de 2025,
E-docente
O Papel da Tecnologia na Aprendizagem Ativa dos estudantes dos Anos Finais

Entender o universo dinâmico da Educação é uma tarefa complexa. Cada etapa exige atenção às demandas, aos contextos e às conexões. Neste texto, discutiremos a Educação Básica, mais precisamente o Ensino Fundamental II, também chamado de Anos Finais, e sua relação com a tecnologia como ferramenta para a aprendizagem ativa.

De acordo com Scorzafave, Faria e Alves (2020, p. 23):

“os Anos Finais do Ensino Fundamental têm se mostrado uma etapa relativamente negligenciada no debate educacional brasileiro referente à compreensão dos fatores escolares associados ao desempenho dos alunos, bem como no enfrentamento dos problemas de evasão e repetência que crescem nessa etapa de ensino”.

Também sabemos que a tecnologia vai muito além da internet e da Inteligência Artificial (IA). Embora isso possa parecer óbvio para nós, educadores, nem sempre está claro para os estudantes, que são os sujeitos ativos do processo de aprendizagem. Conectar esses dois elementos pode ser desafiador quando não se sabe por onde começar. Mas não se preocupe: estamos juntos nessa missão!

Tecnologia e aprendizagem ativa: uma definição ampla para estudantes dos Anos Finais

Muito antes da internet, inúmeras ferramentas tecnológicas já surgiam para atender a demandas sociais, econômicas e educacionais. Basta se lembrar do marca-passo, do micro-ondas ou mesmo das vacinas, que não dependem da rede para existir. Compreender a tecnologia para além de computadores, robôs e dispositivos físicos é fundamental para refletirmos sobre seu papel diante das atuais demandas da aprendizagem ativa.

Adotaremos, portanto, uma definição mais ampla: a tecnologia pode ser entendida como um conjunto de processos, metodologias e/ou artefatos reunidos para alcançar determinados objetivos. Nessa perspectiva, pensar a aprendizagem ativa de adolescentes implica reconhecer que a tecnologia é ampla, diversa e precisa ser inclusiva, o que nos leva a refletir sobre como concretizar isso na prática pedagógica.

O conceito de Aprendizagem Ativa no Ensino Fundamental

A aprendizagem ativa pode ser compreendida como aquela em que o estudante se envolve ativamente, refletindo, propondo, planejando e desenvolvendo soluções para problemas reais ou fictícios, conectados ou não à sua realidade. Esse conceito dialoga diretamente com as metodologias ativas.

Para aprofundar-se nesse tema, leia mais em: https://www.edocente.com.br/blog-metodologias-ativas-para-desenvolver-competencias-profissionais-no-ensino-medio/.

Indo além do instrumental: o uso estratégico da internet pelos estudantes dos Anos Finais

Superar o uso da internet de forma meramente instrumental significa utilizá-la com propósito, objetivo claro e estratégias que estimulem o senso argumentativo, crítico e curioso. Essas dimensões são essenciais para retomarmos o conceito de aprendizagem ativa.

Ao relacionar propósito e tecnologia, é possível incentivar os estudantes a mobilizarem não apenas seu repertório sociocultural, mas também a explorarem outras realidades. Isso os desafia a ir além de um mundo limitado por algoritmos que repetem infinitamente estímulos rápidos e informações moldadas por preferências pessoais em feeds de redes sociais.

Em continuidade a essa reflexão, retomamos o conceito de aprendizagem ativa, no qual o estudante é estimulado a desenvolver habilidades de reflexão, argumentação e proposição de soluções. Para que isso aconteça, a motivação é fundamental, e ela depende de planejamento prévio e do conhecimento aprofundado dos sujeitos envolvidos.

Compreender quem são esses estudantes é a chave para engajá-los em narrativas repletas de desafios e de conexões significativas com o uso da tecnologia em sua forma mais ampla e profunda.

Estratégias práticas: gamificação e autogestão com tecnologia para estudantes dispersos

Em turmas mais dispersas, algo comum nessa faixa etária, pode ser interessante sugerir o uso de aplicativos que promovam foco e autorregulação por meio da gamificação e do storytelling. Um exemplo é o Focus Friend, aplicativo gratuito que atualmente está entre os mais baixados do mundo.

Nele, o estudante acompanha a narrativa de um personagem em formato de feijão que tricota enquanto a função foco está ativada. Ao final do desafio, o personagem (nome personalizável pelo usuário) entrega sua produção de meias e cachecóis, que podem ser trocados por itens de decoração do quarto virtual. O diferencial está no fato de que é o próprio estudante quem define o tempo de concentração, e a narrativa é construída com troca de tempo de foco por uma produção.

Essa estratégia articula ludicidade, autogestão e autonomia, incentivando os estudantes a refletirem criticamente sobre o tempo de uso do celular e a necessidade de desenvolver práticas conscientes de foco.

Para aprofundar-se em estratégias práticas, recomendo a leitura de: https://www.edocente.com.br/blog-tecnicas-de-estudo/.

A Inteligência Artificial (IA) no processo de aprendizagem dos Anos Finais

Sentiram falta dela? Pois aqui está: a tão falada e sempre em destaque Inteligência Artificial! E fica a provocação: agora com ela e daqui para frente, inevitavelmente com ela.

Não adianta simplesmente proibir, negar ou tentar identificar se houve uso antiético da IA. A questão não é tão binária quanto parece, não se trata de “0 ou 100”. Aqui, a chave é o conhecimento para avaliar.

Professores que conhecem seus estudantes conseguem perceber se uma entrega excessivamente elaborada realmente foi produzida por eles ou se termos genéricos, sem análise crítica, são resultado do uso de uma IA como realizador de tarefas.

O papel do educador é trazer a ferramenta para o processo de aprendizagem com princípios claros, objetivos definidos e incentivo à visão crítica. Essa discussão, aliás, não é inédita: quando a internet começou a se popularizar, muitos professores também debateram sobre seus riscos e usos.

Toda inovação carrega a responsabilidade de abrir caminhos para novas formas de pensar, metodologias e conceitos em constante construção e reconstrução. E o fato é inegável: a IA veio para ficar.

Desafios éticos e analíticos: ensinando estudantes dos Anos Finais a usar a IA com propósito

Então, por que não a trazer em primeiro momento a fim de ensinar como utilizar essa ferramenta? A ideia aqui é comparar o uso da IA como um realizador de tarefas (nesse caso, um “derretedor de cérebros”, em que o estudante não pensa, não formula, não cria e recorre sempre à IA como finalidade em si) e o uso da IA com objetivo analítico, crítico, entendendo que, nessa fase dos 11 aos 15 anos, os estudantes estão prontos para se deparar com questões éticas e refletir sobre esse tópico com profundidade, sendo sujeitos de ação.

Imagine propor um debate em duas condições: com o uso da IA e sem o uso da IA, tendo como objetivo ampliar a visão argumentativa, ética e investigativa dos estudantes. Outra possibilidade é utilizar duas diferentes IAs para a mesma tarefa e, em seguida, discutir as similaridades e diferenças apresentadas. Esse tipo de exercício abre um campo fértil, ainda pouco explorado, mas repleto de possibilidades.

Convido você a entender mais sobre o uso da IA em: https://www.edocente.com.br/blog-como-usar-inteligencia-artificial-para-personalizar-o-ensino/.

Conclusão: tecnologia ampla e profunda para o estudante dos Anos Finais

É inegável que a tecnologia pode ser uma aliada valiosa na aprendizagem ativa do Ensino Fundamental Anos Finais. Também é inegável que, para muitos estudantes dessa faixa etária, o conceito de tecnologia ainda se restringe ao celular, à internet e, mais recentemente, à IA.

Como educadores, nosso desafio é incorporar em aulas e planejamentos recursos que fujam do óbvio e promovam uma conexão real entre tecnologia e aprendizagem ativa. Estamos diante de estudantes que, muitas vezes, se consideram experts em tecnologia, mas não dominam habilidades básicas, como enviar um e-mail.

Romper com essa visão limitada é essencial. Cabe a nós ampliarmos horizontes e incentivarmos experiências em que a tecnologia seja compreendida em sua forma mais ampla e profunda, fortalecendo sua função como instrumento de reflexão, criação e transformação.

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 3, de 3 de agosto de 2005. Define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 ago. 2005. Seção 1, p. 27. Disponível em: https://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb003_05.pdf. Acesso em: 12 ago. 2025.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 15 ago. 2025.

SCORZAFAVE, L. G.; FARIA, E. M.; ALVES, B. O que diferencia escolas com bom desempenho nos anos finais do ensino fundamental? Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 31, n. 78, p. 577–599, 2020. DOI: 10.18222/eae.v0ix.6931. Disponível em: https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.6931. Acesso em: 18 ago. 2025.

Minibio do autor

Klyvia Leuthier é mestre em Ensino pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pedagoga e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atua como professora colaboradora da UFRPE, integra a gestão do curso de Licenciatura em Pedagogia e, atualmente, é Gestora de Pesquisa e Projetos no Colégio Avance.

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