Técnicas de estudo: para uma aprendizagem eficiente

Explore técnicas de estudo ativas e comprovadamente eficazes, como a repetição espaçada e os mapas conceituais, que potencializam a retenção de informações e otimizam a aprendizagem.
Tradicionalmente, a preparação para provas foca na revisão de anotações e no estudo de livros didáticos e fontes virtuais. No entanto, essa abordagem negligencia a complexidade da memória humana, tratando-a erroneamente como um simples ‘gravador’. Diante disso, quais técnicas podem realmente aprimorar a retenção de informações em nosso cérebro? Continue a leitura e descubra.
1. Técnica da Repetição Espaçada
A repetição espaçada é uma técnica de estudo de comprovada eficácia. Conforme afirma Chaves (2018), toda vez que uma memória é acessada, sua recuperação futura se torna mais fácil. A abordagem desse método permite a aprendizagem progressiva, exemplificada da seguinte forma:
- estudando a lista apenas uma vez;
- estudando até lembrar cada palavra de uma vez;
- estudando até lembrar cada palavra três vezes consecutivas;
- estudando até lembrar cada palavra três vezes durante uma sessão de 30 minutos.
Essa abordagem de repetição espaçada revela-se uma técnica de estudo poderosa para o reforço da memória e o aprimoramento da retenção de informações. No estágio final desse método, os alunos podem recordar uma palavra corretamente e, em seguida, prosseguir para outros termos, retornando à palavra original posteriormente para retomar o exercício.
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Muitos estudantes acreditam que recordar algo aprendido uma única vez é suficiente para considerá-lo memorizado. Contudo, conforme Chaves et al. (2018), a capacidade de recuperar um fato durante uma sessão de estudo não assegura sua lembrança em um eventual teste posterior. A repetição espaçada é crucial para a retenção de informações, sendo mais eficaz quando aplicada de forma distribuída ao longo do tempo, ou seja, longitudinalmente.
2. Técnica do Mapa Conceitual
O mapa conceitual é uma poderosa técnica de aprendizagem que consiste na criação de diagramas para ilustrar a relação entre conceitos. Trata-se de uma representação visual que evidencia a interconexão entre diferentes ideias e conceitos.
Essa ferramenta é valiosa para organizar e visualizar informações, particularmente em áreas como as Ciências. Diferentemente de outros diagramas, como fluxogramas ou esboços, os mapas conceituais possuem uma estrutura não linear, assemelhando-se a uma teia. Sua utilidade no ensino de Ciências é notável, pois facilitam a compreensão da interconexão entre conceitos e ideias.
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Baseado nas teorias de aprendizagem de David Ausubel, o mapa conceitual geralmente parte de um tópico principal, que se conecta a subtópicos secundários e terciários, formando uma intrincada rede de relações entre as ideias. Essa metodologia contribui para o desenvolvimento de conexões duradouras na memória.
A seguir, algumas estratégias para elaborar um mapa conceitual:
- Comece lendo e pensando sobre o assunto. Essa etapa é fundamental para o sucesso do mapa.
- Prepare seus materiais: papel em branco, lápis e três marcadores.
- Inicie colocando o tópico principal no centro e organize os subtópicos em torno dele, usando um estilo que funcione para você.
- Use seu plano de leitura e pensamento para organizar os subtópicos, desenvolvendo completamente cada um e incluindo definições com suas próprias palavras.
- Destaque termos mais abrangentes de uma cor, subtemas em outra cor e exemplos ou o desenvolvimento dos conceitos numa terceira cor: use cores distintas para diferenciar tópicos ou agrupar tópicos semelhantes.
É crucial ressaltar que a elaboração de um mapa conceitual é um processo inerentemente criativo e flexível. Sinta-se à vontade para adaptar as etapas apresentadas às suas necessidades e ao seu estilo de aprendizagem.
3. Técnica de Intercalação de Temas
Pesquisas apontam que a intercalação de diferentes temas em uma mesma sessão de estudos pode gerar efeitos positivos (Silva; Carniello; Carniello, 2014). Em vez de alocar um bloco de tempo para focar em um único conteúdo, os estudantes podem abordar múltiplos temas em uma sessão e, posteriormente, repetir o processo.
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Essa estratégia pode naturalmente introduzir o espaçamento, permitindo que os alunos pratiquem a repetição espaçada de forma longitudinal, ao longo do tempo, segundo Silva, Craniello e Carniello (2014). Izquierdo (2018) adverte que, se os conceitos de dois assuntos forem excessivamente semelhantes, isso pode interferir no aprendizado. No entanto, se os assuntos forem suficientemente distintos, como Química e Língua Portuguesa, a intercalação tende a ser benéfica.
Embora os pesquisadores ainda não compreendam totalmente o mecanismo exato da eficácia do espaçamento, uma teoria sugere que o esquecimento temporário desempenha um papel crucial. Quando há um esquecimento parcial do material inicialmente aprendido, a revisão subsequente estimula a memória, possibilitando a recuperação do conhecimento pré-adquirido. Esse ciclo de esquecimento e recuperação é fundamental para a solidificação do novo conhecimento na memória de longo prazo.
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Conclusão
Embora a adesão a essas técnicas de estudo possa não parecer a opção mais simples no curto prazo, seus benefícios a longo prazo são inestimáveis. Para os estudantes, é crucial envidar esforços para uma aprendizagem aprofundada, visto que o propósito não se limita a obter aprovação em avaliações, mas sim a dominar habilidades e conhecimentos de valia para o futuro.
Uma das mais valiosas lições que podem ser extraídas da vida escolar é que o verdadeiro propósito da educação reside na aquisição de conhecimentos e habilidades, e não meramente na obtenção de boas notas. Ao reorientar a mentalidade para priorizar o aprendizado, é possível alcançar um sucesso mais duradouro e significativo.
Referências
CHAVES, M. W. de A. et al. Utilização da técnica de repetição espaçada na aprendizagem da anatomia humana / Use of spaced repetition technique in learning human anatomy. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 3, n. 5, p. 13827–13847, 2020. DOI: 10.34119/bjhrv3n5-197. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/17631. Acesso em: 21 maio 2025.
IZQUIERDO, I. Memória. 3. ed. Porto Alegre/RS: Artmed Editora, 2018.
SILVA, D. C. A.; CARNIELLO, A.; CARNIELLO, C. Utilização da técnica de repetição espaçada por meio de flashcards virtuais para o aumento da memorização na aprendizagem. Sinergia, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 298-302, out./dez. 2014. Disponível em: https://ojs.ifsp.edu.br/sinergia/issue/view/12. Acesso em: 21 maio 2025.
Minicurrículo
Camille Gomes, psicóloga formada pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), atua na prática clínica há 15 anos. Possui título de Especialista em Psicologia Social pelo Conselho Federal de Psicologia, é Mestra em Antropologia e Especialista em Terapia Familiar pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Suas áreas de pesquisa incluem educação, relações raciais, gênero e saúde reprodutiva. É professora universitária há 9 anos, atua no Sistema Único de Saúde (SUS) e é discente de Pedagogia na UFPE.
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